-Vamos lá, Ali... Você já esta assim a quase dois meses! –eu já tinha perdido as contas de quantas vezes Belinda tinha tentado me levar pra sair, mas eu estava tão deprimida que não tinha vontade de fazer nada. Os últimos acontecimentos ainda estavam frescos na minha memória.
Assim como o Enzo havia dito, ele não nunca mais me procurou ou se quer chegou vir até o bordel. Eu ainda tive esperanças nas primeiras semanas de que ele aparecesse e dissesse que enfrentaria aquele problema comigo ao lado dele, mas eu estava falando do Enzo, romantismo não era o forte dele, então a minha única solução foi chorar com uma Belinda me consolando e me perguntando quem era essa tal "ela" que e Enzo e Karin havia comentado. Se ela estava com dúvida imagina eu!
Mas depois de chorar (bastante), eu decidi que tinha que me focar em alguma coisa, então me foquei na mudança que eu e a Bel iríamos fazer. Arrumamos tudo para o apartamento e já estávamos morando lá, mas todos as noites voltávamos para o bordel.
Madame Nora ficou um pouco sentida por eu e a Belinda irmos morar em outro lugar, nas palavras dela : "Se vocês acham que podem morar em outro lugar e continuar vindo aqui para trabalhar, estão erradas... Mas eu não tenho nada assinado por vocês, então não posso prender vocês aqui. Vão!" O que me fez pensar em duas coisas. 1º Madame Nora havia se apegado em nos duas. 2º Eu agradecia por ela não ter nada com uma assinatura nossa, facilitava muito as coisa ou não.
-Vai Alisson, levanta. A gente vai se atrasar. –eu até havia me esquecido da Bel do meu lado, tentando me fazer levantar e ir para o bordel. Coisa que eu não estava nem um pouco afim. Não só pelos cliente e pelo o que eu teria que fazer, mas sim pelo meu novo cliente Heitor.
O fato de eu não querer mais ir era pela marca arroxeada que havia deixado no meu braço e na minha barriga, e eu não estou dizendo que ele fez isso enquanto beijava meu corpo. Pelo jeito Heitor tinha algum tipo de fetiche estranho em bater em prostitutas. Em todas as vezes que ele foi ao bordel, ele quis ir comigo para o quarto e qualquer coisa -mesmo que fosse mínima- que irritasse ele, o mesmo me batia. O que me resultava alguns roxos, arranhões, vergões e etc... Ninguém sabia o que Heitor fazia comigo, nem mesmo Belinda, até porque eu tinha um grande motivo para não contar a ela.
Mas ficar deitada não iria fazer com que Heitor sumisse da minha vida e com que Enzo reaparecesse na minha. Bufei e fui em direção ao banheiro me arrumar. Obvio que eu e Bel não iriamos sair pelo prédio com aquelas roupas minúsculas que usávamos para trabalhar, então apenas colocávamos uma roupa normal e nos trocávamos lá.
Haviamos conseguido um lugar agradável para morar, mas não um carro então tínhamos que apelar para taxis ou metro.
Depois de chegar ao bordel e cumprimentar todos, fomos nos trocar. Eu estava terminando de ajeitar o top no meu busto, quando escuto Belinda perguntar:
-O que é isso no seu braço? –olhei para o mesmo lugar que ela fitava em meu braço e vi o arranhão que Heitor havia feito. Só o fato de lembrar como elas haviam parado ali me faziam tremer dos pés á cabeça.
Eu sabia que não era boa em mentir, mas eu não queria que a Bel se preocupasse ou desconfiasse, era tudo o que eu menos precisava.
-Não é nada. Acho que eu esbarrei em algum lugar. –dei de ombros para fazer com que ela acreditasse que aquilo não era nada, mas era a Belinda, ela me conhecia a quase 7 anos não tinha muita coisa que eu pudesse esconder dela.
-Ali, você sabe que eu não acredito nisso. Me conte o que é isso. –eu fiz igual a uma criança de 5 anos quando leva bronca dos pais. Encolhi os ombros e abaixei a cabeça. Uma batida na porta e um "vocês tem menos de 10 minutos", foi a minha salvação. Belinda bufou e disse: -Vou deixar isso quieto por agora, mas vou querer saber a origem disso no seu braço. –apenas assenti com a cabeça e sai daquilo que era pra ser chamado quarto, mas estava mais pra camarim.
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Escolhas de uma vida
RomanceAlisson se vê perdida, quando recebe a noticia de que seus pais sofreram um acidente e morreram a caminho do hospital. Daí em diante ela tem que sobreviver como uma prostituta em um bordel, não fora uma escolha fácil de se fazer, afinal ninguém quer...