Se passaram três dias que a mamãe está internada. O Carlos disse que ela está bem, meu pai veio aqui nos ver e ficou na medicina com ela mas já foi trabalhar novamente. Estou preocupado com ela pedi para que eles não contasse das minhas notas, porque queria que ela ouvisse da minha boca que estou melhorando. Amanhã não tem aula e Carlos prometeu me levar até a nossa mãe para que eu possa mostrar minha melhora na escola.
Ouvi alguém chamar pelo meu nome, é o Matt.
- Alex, porque não me disse o que ouve com sua mãe?
- Porque nem eu sei o que ela tem, mas parece que não é nada demais, Carlos disse que ela já está bem melhor, mas não falou o que era.
- E seu pai o que disse?
- Parece que ele está fugindo da gente, mal fala comigo, ficou apenas 2 horas com a mamãe na medicina.
- Que chato em Alex, tomara que ela saia logo de lá.
- Sim Matt.
- Vai para escola hoje ou vai ficar em casa?
- Não estou com cabeça para aquela escola idiota, só quero e as coisas volte a ser como era.
- Ok, sabe que não falto né, então vou nessa. Até mais Alex espero que tudo volte ao normal.
- Obrigado pela força Matt. Até mais amigo.
Nos despedimos, ele saiu e foi para a escola.
Hoje é dia de pegar minha reservista do exército, estou com medo mas não posso deixar passar. Entrei no ônibus e fui para o local marcado. Quando cheguei tinha mais ou menos uns cinquenta rapazes para pegar suas reservistas. Entramos e começou a última seção de despensa. O Tenente Coronel Dr. Lucio começou a falar, ele falou por duas horas até que juramos a bandeira e fui para casa.
No caminho ouvi Dark Side Of The Moon da banda Pink Floyd, que me fez pensar como é grande a possibilidade de existir vida em outros planetas, vim pensando nas possibilidades mais próximos da Terra. Posso afirmar que a lua Europa de Júpiter é uma das mais prováveis, acredito que há algum tipo de vida nela.
Cheguei em casa pela manhã e fui ver o noticiário. Não tinha nada de bom na TV, então fui para o meu quarto e comecei a tocar. Na hora senti uma vontade louca de tocar Patience, ela é uma boa música para sair da realidade viagem pela sua harmonia, e então estava eu cantarolando "Little Patience yeahh, Need a little patience yeahh" com aquele arranjo mais que caprichado que o Slash compôs. Quando percebi estava deitado quase dormindo pensando em como era bom ser pequeno, sem responsabilidade, sem compromisso, apenas eu e minhas loucuras de criança. Adormeci na minha cama e só levantei as vinte horas para me lavar e preparar uma comida para o Carlos.
Fiquei no banho por meia hora, foi bom passar a tarde só na minha casa lembrei como era bom ter a liberdade de andar de cueca pela casa.
Eram vinte e três horas e trinta e cinco minutos, meu irmão não tinha aparecido, estava preocupado e liguei para ele.
- Alô Carlos, onde você está?
Ele estava chorando, e disse que estava chegando em casa para me pegar, e desligou na minha cara.
Fiquei bravo mas deixei isso de lado não queria brigar com ele, acho que ele deve ter brigado com uma de suas namoradas.
Ouvi o carro dele estacionar, e então abri a porta da casa e ele entrou e então a fechei. Quando me virei para perguntar o que tinha acontecido ele me deu um forte abraço e disse que me amava. Achei muito estranho mas retribui com um abraçado apertado estava com um fone de lado da orelha ouvindo November Rain. Então ele se afastou e eu começamos uma conversa.
- Por que está chorando? Viu o bicho papão irmão?
Soltei um sorriso pra alegrar, mas foi em vão.
- Não Alex, pare de brincar.
- Cara você está me assustando, foi reprovado?
- Não Alex, não foi isso.
A conversa começou a ficar mais séria, e naquele momento esperava o pior da boca dele, mesmo não estando preparado.
- A nossa mãe está muito doente, e...
- E O QUE CARLOS FALA LOGO!
Soltei um belo grito e ele voltou a chorar muito, como se o mundo tivesse caído sobre seus ombros.
- Ela estava com câncer em estado terminal, acho melhor se sentar.
Então comecei a chorar e me encostei na parede mais próxima.
- Mais ela ainda está viva né? Ela vai ficar bem não vai?
- Sim ela está viva, mas não tem muito tempo com a gente.
Quando ouvi isso meu mundo desabou, lembrei de como os gritos já estavam fazendo falta, quando ela me xingava por tirar notas baixa na escola. Escorreguei pela parede com se ela fosse feita de manteiga, não conseguia parar de chorar.
- Carlos preciso vê-la, por favor não me negue isso, ela também é minha mãe.
- Alex eu vim aqui para te buscar para você dar seu adeus para a mamãe.
Entramos no carro, nós dois chorando como duas crianças que perderam seus bicos e fomos até a UTI. Entramos com os olhos vermelhos como se tivéssemos usado maconha e ele me levou até a sala que ela estava. Quando a vi desabei, a mamãe estava muito pálida e vi que era verdade e então ajoelhei do seu lado e segurei forte em sua mão e senti ela responder com um leve aperto de mão. Chorando eu disse:
- Mamãe eu te amo, prometi ao papai e a mim mesmo que melhoraria na escola.
Ela virou o rosto e então mostrei minhas notas. Vi um sorriso de canto e um olhar de orgulhosa e ouvi sua voz quase silenciosa.
- Eu te amo meu filho, estou orgulhosa de você.
Eu não parava de chorar, e Carlos estava do outro lado da cama chorando. Quando ela disse para gente.
- Cuidem um do outro, a mamãe vai...
Então as maquinas começaram a apitar e ela teve outro AVC, os médicos nos retiraram da sala e esse foi o nosso último encontro.
\

VOCÊ ESTÁ LENDO
A CHEGADA
General FictionUma história de ficção, contada por um adolescente de 18 anos. Alexander é um rapaz normal com sonhos de ser astrônomo e pretende prestar serviço para NASA. Mas sua jornada é interrompida por varias tragedias.