Capítulo 5

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Era um lindo dia para mergulhar. A temperatura naquela semana atípica de maio estava bastante alta, por volta dos 30 graus, e o sol oferecia seus quentes raios solares como se fosse um típico dia de verão, em pleno outono.

Apesar disso, Graziela contentou-se em se estirar em uma cadeira de palha e apenas apreciar o sol. Ainda mantinha trauma suficiente de um acidente que sofrera quando tinha apenas seis anos de idade para não confiar na água. Quase morrera afogada naquela mesma piscina, e, a partir daí, nunca mais seus pais permitiram que ela ficasse sozinha à beira da piscina. Mas nem era necessário todo aquele cuidado, pois ela mesma não se arriscava. Ficava quase em pânico quando a água ficava acima de sua cintura.

Por isso, quando o sol esquentou bastante, ela foi para o lado mais raso da piscina, sentou-se na beirada e mergulhou apenas os pés dentro da água fria, enquanto pensava em Felipe, que estava há mais de um mês fora do Brasil.

Ela não queria pensar nele. Só que seu coração não a obedecia, sobretudo quando estava sozinha.

Mas o tempo em que ele ficava distante, servia, ao menos, para aquietar a apreensão que experimentava quando ele estava por perto. Felipe insistia numa amizade e numa intimidade que ela não podia admitir. Afinal, sabia agora que isso seria um grande desastre para seu coração. Estava apaixonada, e não havia mais como negar a si mesma esse sentimento que apertava seu peito.

— Por que não mergulha?

Ela teve um pequeno sobressalto e, em seguida, levantou o rosto para fitá-lo. Felipe estava de pé ao seu lado e com aquele shortinho vermelho sumário que ele denominava de sunga de banho.

— Quando voltou de Londres?

— Esta madrugada.

— E como foi lá?

— Cansativo. Mas não estou reclamando, é melhor que seja assim.

— Uhum... E a Helen? Onde ela está?

— Saiu. Disse que precisava resolver alguns problemas.

Problemas?! Ciente de que a irmã mentira mais uma vez para se encontrar com o primo, Graziela quase não conseguiu esconder a raiva.

Felipe foi para o lado mais fundo da piscina e mergulhou, ressurgiu apenas segundos depois e jogou água em Graziela.

— Por que não entra? — perguntou sorrindo, depois de ouvi-la gritar um palavrão. — A água está uma delícia.

— Não estou a fim — respondeu, quase histérica.

E, pressentindo o pior, tentou se levantar, mas Felipe segurou seu tornozelo.

— Por quê? Você tem medo?

— Tenho.

— Quer que eu lhe ensine a nadar?

Agora, Felipe estava em frente à Graziela, tomando sua cintura nas mãos.

— Não!

Com um leve e inesperado puxão, ele fez com que Graziela deslizasse para a água, para seus braços.

— Me solte, Felipe!

— Por que é sempre tão arredia comigo, garota? Por acaso acha que sou algum tarado?

— Não.

A resposta seca não era convincente. Pelo menos, não para Felipe.

— Posso lhe ensinar a nadar. Prometo que serei cuidadoso.

Doce Perseguição (Capítulos para degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora