Monstro

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Camila Cabello Point of View

Meu papa me pegou no colo e me levou para tomar café na cozinha. Nós temos um balcão bem alto, e ele me pôs sentada lá em cima. Com toda a paciência, ele me fez um achocolatado pra mim e um pão recheado de geléia. De noite, ele disse que fez umas comprinhas. Eu sorri.

-Você está diferente hoje papa! -Apontei para o seu rosto.

-Porque, Kaki? -Ele sorriu bonitão.

-Não sei, está só diferente. -Dei de ombros.

Terminei de tomar meu café da manhã, e pedi ajuda para descer do balcão. Ele me desceu e eu corri para me arrumar para a escola. Vesti um vestido rosa, e coloquei um laço branco na cabeça. Papa sorriu, e pegou minha mochilinha na cadeira. Eu pedi colo, manhosa e ele também me pegou no outro braço.

-Papa?  -Chamei.

-Sim, Kaki?

-Te amo muitão assim! -Abri os braços o abraçando.

Ele sorriu e beijou minha cabeça.

-Também te amo minha Kaki.

[...]

Lauren Jauregui Point of View

Eu estava com muito medo. Sem escolha, comi o resto do pão e tomei o leite. Até que não era tão ruim como eu pensava. Me levantei atortoada e subi no pequeno vaso, para lavar meu rosto. Encontrei uma escova de dentes, parecia nova. Tive um certo receio de usar, então escovei os dentes com o dedo e um pouco de pasta.

-Eu não aguento mais ficar aqui.. -Eu choramingava. -Aquele monstro.

Brincava com as fitinhas de seu vestido, quando olhei para o chão e encontrei uma Barbie velha. A peguei com cuidado, não estava tão mal. Comecei a brincar com a boneca me esquecendo totalmente de que aquela era uma boneca pobre, ou coisa do tipo. Brinquei sendo uma verdadeira criança, e não uma Jauregui.
O tempo se passava devagar, era ruim pra ela. A menina que costumava a correr pelos 10 mil metros quadrados de sua casa, agora estava presa a um cubículo de no mínimo 5 metros.

-O que eu fiz pra ficar presa aqui? -Eu me perguntava.

Alejandro Cabello Point of View

Depois de deixar Kaki na escola, fui até a feira onde o vendedor de tomates me esperava. O movimento estava bom, mas não tão cheio como ontem.

-Achei que não viria mais, assim como o último. -Ele sorriu.

-Eu honro qualquer emprego, senhor. -Respondi.

Ele apertou minha mão e começamos a trabalhar. Enquanto ele pesava, eu recebia o troco, ensacolava rapidamente e ele atendia outra pessoa. Aquilo estava dando certo, pois o movimento ia diminuindo rapidamente, e os tomates iam se esgotando. Quando terminamos tudo eram 10h50. Resolvi ir pra casa, e ele me deu uma gorjeta pelo trabalho de 200 dólares, para Kaki. Eu o agradeci com um abraço apertado, entrei em meu carro e fui para casa. Demoraria cerca de 15 minutos para chegar.

Ao chegar cumprimentei Sinu que costurava alguns vestidos novos para Kaki. Fui até o banheiro, e peguei um vidro de shampoo, e uma toalha. Desci até o esconderijo rapidamente, e fechei-o com a tábua de madeira. Abri a primeira porta, desci as escadas. Abri a segunda porta. A pequena menina arregalou os olhos e encolheu as pernas com medo. Vi no olhos dela o medo em levar algum tapa, ou chute. Mas iria livrá-la por aquele momento, ela estava quieta.

-Moço, porque você me prendeu aqui, o que eu fiz? -Falou com a voz baixinha.

-Você trata as pessoas muito mal.

-Eu prometo nunca mais fazer isso, mas me deixe ir para o papai. -Ela pediu ajoelhando.

Crianças e sua ingenuidade. Ela realmente achava que com um pedido de desculpas iria ser liberada.

-Levante,e vá tomar banho. Aqui tem shampoo, uma toalha. Logo eu volto com uma roupa pra você. Não ouse reclamar de nada,ou já sabe. -Disse sério, e a tranquei novamente.

Subi, e fui ao quarto da Kaki. O mofo havia aumentado e o cheiro dali não era nada agradável. Começava a se impregnar nas roupinhas dela. Peguei um vestido mais velho de Kaki, e uma de suas calcinhas. Esperei por vinte minutos, e então desci. Uma criança não demoraria mais que aquilo. Bati na porta, e ela disse que já havia acabado e estava de toalha. Abri a porta lentamente e entreguei a roupa pra ela. Lauren observou a roupa curiosa, mas ao fitar meu olhar tratou de vesti-la rapidamente sem reclamar. Busquei em meu bolso um pequeno pente e a entreguei para que penteasse os cabelos. Ela penteou com um pouco de dificuldade, e então notei que ela precisava de condicionador também. Ela voltou a se sentar no colchão sem dizer uma palavra. Confesso que seus olhos verdes com medo, me davam um pouco de pena. Mas ela era a mina de ouro da nossa família.

-Vou buscar minha filha, ela ficará surpresa em te conhecer. -Sorri sarcástico.

[...]

Fui até a escola de Kaki, demorei um pouco por conta do trânsito, e a pequena já me esperava do lado de fora. A coloquei no carro, ela parecia animada para a surpresa.

Camila Cabello Point of View

Assim que chegamos em casa, papa segurou em minha mão e abriu o nosso esconderijo. Fiquei curiosa para saber o que tinha lá. Ele desceu lentamente comigo, e abriu a primeira porta. Maid alguns degraus, abriu a segunda. Eu estava com os olhos fechados. Ao abrí-los dei de cara com a menina malvada, e me escondi atrás de papa.

-Papa o que ela faz aqui? -Perguntei segurando em suas pernas.

-Ela ficará aqui como castigo por um bom tempo, Kaki. -Ele sorriu estranho.

A menina estava de cabeça baixa, ao levantar o olhar sobre mim pude notar seus olhos se arregalarem.

-Eu, estou presa aqui porque tratei essa menina mal? -Ela perguntou e eu me escondi mais.

-Isso é apenas um dos motivos, Lauren. -Papa riu.

-Me desculpe. -Ela pediu com os olhos lacrimejando.

-Eu te descul.. -Ia dizer quando Papa me pegou no colo.

-Vai desculpá-la assim, Kaki?

-Não é o certo, papa?

-Ainda não, você pode tratá-la pior ainda se quiser. -Sussurrou em meu ouvido.

Eu a olhei. Ela parecia muito triste, arrependida talvez.

-Papa eu não me sentiria feliz tratando ela mal, veja como está triste. -Sussurrei no ouvido dele. -Ela deve estar com saudade dos papas dela.

Ele me colocou no chão, e eu me aproximei lentamente da menina. Segurei a mãozinha trêmula dela. Ela me olhou, e algumas lágrimas caíam. Eu sorri, e limpei uma delas.

-Meu nome é Camila, e eu te desculpo.

-O meu nome é Lauren. Eu posso sair daqui agora? -Perguntou com a voz embargada.

-Não. -Papa respondeu.

-Eu tenho saudades do meu papai. -Ela disse.

-NÃO ME IMPORTA! -Papa gritou e eu saí correndo pra nossa casa assustada.

[...]

-Kaki, porque saiu correndo? -Ele veio até a sala, onde eu estava com a cabeça enfiada em uma almofada.

-Papa você pareceu um monstro gritando com a garotinha, você nunca foi assim!

The Kidnap [Camren]Onde histórias criam vida. Descubra agora