Um relógio bateu, em algum lugar, indicando a vinda da meia-noite.
Quando Marlene era criança, sentia muito medo daquele horário, como se algo especialmente ruim fosse acontecer. Sempre que batia a meia-noite, ela metia-se por baixo da cama, fechando os olhos com força, para cair logo no sono. Sempre teve insônia, e qualquer luz, por mínima que fosse, atrapalhava o seu descanso. Até que descobriu as vantagens de usar tapa olhos.
Naquela noite, nem os tapa olhos conseguiram tranquilizá-la, sua mente estava dispersa demais, os seus sentidos aguçados. Ela tinha certeza de que aquela vez não seria uma paranoia, como ocorria em sua infância. Algo de muito ruim estava para acontecer...
Afastou o edredom de cima de si, apoiando os pés na superfície fria do chão, o que causou calafrios em sua coluna. Estar com o cabelo preso em um coque já não parecia uma ideia tão boa. Apesar de estar de camisola (ela sentia-se incapaz de dormir com pijama, era desconfortável), ela colocou um casaco leve por cima, tentando aquecer-se um pouco mais.
Os chinelos jaziam esquecidos debaixo da cama, e Marlene sentia uma imensa preguiça, só no simples pensamento de agachar-se para precisar pega-los. Portanto, seguiu para a porta do quarto, saindo rapidamente.
Marlene sentia uma sensação claustrofóbica, era como se a casa, a cada vez mais, ficasse menor, mais vazia. Era uma reação psicológica à morte de seu irmão, Ian, que morreu quando ela ainda estudava em Hogwarts.
Porém, ela não era a única a ter um mal pressentimento.
James já dormia, mas Sirius, na cama ao lado, permanecia acordado, olhando para algumas fotografias. Enxergava um pouco pela luz que entrava pela janela aberta. Em certa altura da madrugada, a porta do quarto foi aberta, mas ele estava distraído demais para perceber. Foi só quando sentiu um peso na ponta da cama, que levantou o olhar.
— O que está fazendo ainda acordado? — Dorea Potter sussurrou.
Sirius deu de ombros, sem responder.
— Eu não consigo dormir — ele respondeu, no mesmo tom — Um... Sentimento ruim.
A mulher aproximou-se dele, e Sirius deu um espaço para que ela pudesse sentir-me mais cômoda.
— Deve ser apenas um sentimento... — Dorea esfregou o peito daquele a quem considerava seu filho.
— Eu nunca me senti assim — ele murmurou — Eu tenho certeza de que algo de muito ruim vai acontecer.
Dorea encolheu-se, quando uma tosse começou a sair. Ela cobriu a boca com as mãos, tentando abafar ao máximo o som, mas James nem se mexeu.
— Está tudo bem? — perguntou Sirius, preocupado.
Ela balançou a mão, como se pedindo para ele ignorar. Quando recuperou-se, ela respirou fundo, tendo ajuda de sua boca aberta. A verdade é que a mãe de James estava com uma aparência extremamente doentia, nos últimos tempos.
Carne de dragão era cara e rara. Apesar de ter muitos movimentos contra a venda dessa carne, inclusive por confundir-se entre os tipos de carne muggles, era a favorita dos Potter. Afinal, eles podiam bancar, assim como outras famílias sangues puras. O problema era justamente esse: como a carne era cara, muitas pessoas estavam vendendo, sem cuidar direito dela, o que causava a varíola de dragão.
Uma doença que não tinha cura. E Dorea e Charlus Potter estavam com aquela doença, algo que atormentava a James dia e noite. Como se não bastasse todas as mortes por Death Eaters, a varíola era outra causa de morte bem provável.
— Não se preocupe comigo, querido! — Dorea sorriu fracamente, a voz rouca pela tosse tão frequente — Acho melhor eu ir para o quarto agora... Se precisar de qualquer coisa, me avise.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu Te Amo
Fanfiction"Eu te amo". Três simples palavras com muito poder por trás delas. Contudo, Sirius Black e Marlene McKinnon não precisavam disso para demonstrar que se amavam. Eles provavam com atitudes, preocupações e pensamentos. Uma autora disse, uma vez, qu...