A Herdeira | H.S

4.0

"Norah!"

Abri os olhos rapidamente, olhei ao meu redor e lá estava eu, num campo cheio de macieiras em flor. Soprava uma brisa suave ao meu redor ao mesmo tempo que havia pétalas cor-de-rosa a flutuar pelo ar, a tocar-me nas palmas das mãos estendi as minhas mãos para as alcançar. Então, de súbito, à medida que os meus dedos se fechavam em redor das pétalas, tudo desapareceu. O solo era estéril e despido, com tufos de erva seca espalhados pelo campo vazio. Havia algumas árvores, despidas, o tempo ficou escuro e tenebroso. Senti um nó de medo formar-se na minha garganta. Olhei para o horizonte e avistei uma figura que caminhava lentamente na minha direcção e antes mesmo de ver mais do que um contorno, antes de a figura ser mais do que uma sombra. Uma das suas mãos estava ocupada com uma enorme espingarda.

Acordei rapidamente com o coração a bater tão depressa que mal conseguia respirar, olhei para o meu lado e o relógio marcava 20:21. Sorri um pouco, com a ironia das horas. Respirei fundo.

Voltou.

O meu maior medo estava a 'voltar' depois de anos. Eu não queria voltar para a clínica, eu não era louca, eu estava bem, bastante sóbria.
Os meus pais sabiam de tudo, mas era uma preocupação descabida. Vai passar...Espero.

Levantei o meu corpo dos lençóis brancos com algumas estampas e ajeitei o meu cabelo. Desci as escadas, olhando em redor. Não havia sinal do meu pai, e por estas a horas a minha mãe já haveria ter chegado.

Os meus pés rastejaram pelo chão até á cozinha. A minha mãe estava a fazer a sua especialidade.

"Minha querida!" - Ela diz sentindo a minha presença na cozinha. - "Não te quis acordar." - Comentou enquanto se aproximava de mim.

"Obrigada. O pai disse que não queria ajuda.." - Gargalhei, olhando a sobremesa de natas.

"Tu sabes como ele é." - Sorriu.

Eu deveria contar sobre o acontecimento de á minutos, mas não queria. Não seria boa altura para falar de algo tão...'delicado' (?)

Momentos Depois

O meu corpo estava sentado ao lado da minha mãe, de frente para o meu pai. O jantar decorria calmamente, enquanto os meus parentes falam de coisas aleatórias.

"Norah?" - A voz grave acordou-me dos meus pensamentos.

"Sim?" - Digo olhando-o, colocando uma garfada de comida na boca.

"Agora que a escola terminou, o que pensas fazer?" - Questionou-me.

Eu arregalei os meus olhos esverdeados, olhando o seu rosto. Eu tinha a perfeita noção do que queria, mas também tinha a noção que este não seria o melhor momento para falar sobre tal. Mas eu não tinha como fugir.

"Bem eu..." - Limpei os cantos da minha boca da forma mais delicada possível. - "Eu estou a pensar em ir para Liverpool, é uma cidade magnífica, linda e..."

"LIVERPOOL? Pois, Norah, não passa do pensares. Porque de certo que não vais." - Ele olha-me sério.

"Pai, eu quero acabar os meus estudos lá. Eles têm otimas Universidades e até o Diretor da escola me encorajou a ir.." - Comentei com firmeza.

"Primeiro ponto, não vais sozinha. Segundo ponto, eu e a tua mãe não temos condições financeiras, nem de comprar casa lá, nem para as tais propinas!" - Ele olha-me séria.

"Mas eu vou trabalhar, eu quero mesmo realizar um dos meus sonhos!" - Tentei não parecer enervada.

"Acabou, Norah. Não vais! Eu mando." - Ele levanta a voz.

Olhei a minha a mãe pedindo por socorro, ela apenas fechou os seus olhos e deu-me a mão para me acalmar.

E pronto, o ambiente estava pesado e insuportável. O jantar decorreu em silêncio. Silêncio pesado. Um silêncio 'não-bom'.

Eu vou arranchar maneira de fazer com que ele aceite. Desde pequena que algo me diz para ir para essa cidade. Um sonho.

Voltei para o meu quarto depois de ajudar a arrumar a cozinha. Agarrei no meu telemóvel e tinha uma mensagem do/a...

Eu peço imensa desculpa por este atraso! Mas foi-me impossível vir aqui publicar o quarto capítulo.

!¡ Queria avisar que no próximo capítulo (não prometo nada) vou avançar no tempo.. !¡

All the love,