YOUTH • ji+kook

07

↠Jungkook↞

Faziam dois meses que eu e Jimin mantínhamos contato permanente, toda semana nós conseguíamos nos encontrar por algumas horas, e matar um pouco da saudade que ia acumulando a cada dia. Tinha vez que íamos na casa de Yerim e lá ficávamos deitados ouvindo música e conversando sobre coisas bobas. Nós três nos damos muito bem juntos, Minnie e Yerim sempre caçoavam de mim e ficavam rindo de tudo o que viam.

Mas aconteceu algo terrível, meu pai descobriu sobre nossos encontros secretos e que Yerim não passava de uma amiga.

Como dito a última vez, ele tentou me matar, literalmente, tacou um vaso na minha direção, mas o mesmo acertou a parede, ao lado da minha cabeça.

Porém, dessa vez, ao invés de namorar outra menina, ele disse que me mandaria para um internato.

Meu mundo caiu.

— Eu não me importo se vou ter que trabalhar mais pra pagar um internato, mas você não ficará mais aqui, não perto dele! — Dong-yul falava.

Tudo o que eu precisava agora era dos braços de Jimin hyung me acolhendo de um modo quente, e ouvir sua voz dizendo que tudo ficaria bem era o que eu mais necessitava para reviver naquele momento.

Sim, eu já estava morto.
Imagine a única razão pela qual você está vivo, e então você não tem mais ela... Você simplesmente a perde, é proibido de amar e de viver.

Dong-yul falava sem parar, enquanto apontava o dedo em minha direção, eu só sabia chorar.

Eu sou fraco.

Não aguentava mais ouvi-lo, então a única coisa que eu consegui fazer foi correr, eu correria para Jimin, nem que isso me custasse a minha vida. E custaria.

Em um segundo eu já me via para fora de casa, correndo em direção as colinas.
Jimin sempre estava lá em tardes de Domingo, era nosso outro lugar secreto, assim como a rocha na praia.

Minhas pernas fraqueavam, mas eu não pararia tão cedo, pelo menos não até estar nos braços do amor da minha vida, nem que fosse pela última vez. Meu coração estava acelerado, como se fosse saltar do peito a qualquer momento, minha respiração falha e meus pulmões gritavam de dor, assim como todo o meu corpo. As lágrimas não cessaram por nenhum momento, minha boca seca, pedindo pelos lábios do mais velho. Tudo chamava por ele, eu era dele e de mais ninguém.

Não me importava se meu pai estaria atrás de mim, ou se ele cumprisse sua promessa de acabar com a minha vida, a única coisa que eu pensava era em Park Jimin.

Meu corpo entrou em choque quando finalmente vi a imagem do mais velho sentado no chão, apreciando o sol que estava a se pôr. Parei de correr aos poucos, com a respiração descompassada, fui andando até ele, que percebeu minha presença assim que cheguei mais perto.

— Jungkook!? — Jimin exclamou confuso, correndo na minha direção e me abraçando com força.

Aquele era o melhor abraço do mundo.

— O que houve, meu bem? Por que está chorando? — ele passava as pequenas mãos sobre minhas bochechas avermelhadas, limpando as lágrimas que ali rolavam. Pude ver seus olhos se enchendo de lágrimas, apenas por me ver naquele estado.

Sim, eu tinha certeza que tínhamos nascido um para o outro.

— Jimin, eu te amo! — o abracei novamente, sentindo seu perfume cítrico invadir minhas narinas.

Aquele era o melhor cheiro do mundo.

— Eu também te amo, meu anjo, mas eu preciso saber, o que aconteceu? — implorava por uma resposta, enquanto eu... Bom, eu não tinha nem idéia de como começar a explicar de um jeito rápido. Meu pai provavelmente estaria chegando, eu não tinha outra escolha.

— Meu pai descobriu. — disse de uma vez, vendo seus olhos se arregalaram e finalmente lágrimas invadirem seus olhos de um jeito tão rápido que logo ele também estava chorando.

— C-como... — sua voz embargada fazia meu coração doer mais do que já estava.

— Ele vai me mandar para um internato, eu não posso ficar longe de você! Eu não posso! — eu gritava, por desespero, medo, amor...

— Jeon... — suas mãos foram até minhas bochechas, posando-as ali, segurando meu rosto. Fiz o mesmo.

— Jimin, você é a minha vida! Nós enfrentamos tudo isso juntos, desde crianças. — eu não conseguia parar de chorar, até para falar estava difícil. — Você sabe, nós temos certeza sobre o que somos um para o outro! Não é mais um amor adolescente!

Juntamos nossas testas, unificando nossas respirações e pensamentos.

Nosso amor era recíproco, e sempre foi.

— Jimin, você sabe qual o único jeito de acabar com isso, certo? — o mais novo se atreveu a olhar para o penhasco, com seu olhar sendo seguido pelo meu. Nós chorávamos em uníssono, suas lágrima transbordavam tristeza e amor, o amor mais puro do mundo.

— É o único jeito. — Jimin concordou comigo, que deixava mais lágrimas rolarem pela bochecha corada por causa da corrida recente.

— Eu te amo muito, meu anjo. — comecei, com a voz embargada. — Você foi a estrela guia na minha vida, e vai continuar sendo, mesmo após a morte. — Jimin não suportava a dor dentro do peito, suas mãos abraçavam meu rosto, e ele não se arriscaria a quebrar o contato.

— Eu te amo muito mais, Kookie. — Park retomou, depois de alguns segundos. — Você é o meu sol, minha lua, e meu mar. A imensidão do universo e todas as galáxias da minha vida pertencem à você. —  encostou sua testa na minha. Num ato recíproco, o beijei com sutileza, seria o nosso último beijo, aquele que mesmo após a morte, continuaria marcado em bosos lábios, até mesmo em outras vidas.

Nós nunca nos cansaríamos da frase "eu te amo". Pois era a mais pura verdade.

Nos separamos lentamente, direcionando-nos até a ponta do penhasco. Sem tirar os olhos do horizonte, onde o sol estava se pondo agora. Nossas mãos se entrelaçam e os olhares passearam uma última vez pelo rosto alheio. Sorrimos fraco.

Nós compartilhávamos do mesmo sentimento, sabiamos que o que estavamos fazendo, mesmo que aquilo soasse errado, era a única chance de sermos finalmente felizes em nosso próprio mundo.

‘‘Se eu pudesse fugiria com você, iria embora para um lugar onde podemos ser nós mesmos, onde eu não preciso esconder o que eu sinto por você. Um lugar onde somos aceitos por todos. Poderia passar minha vida inteira com você, pois você é simplesmente perfeito para mim.’’

- Park Jimin; [Capítulo 1].

‘‘Nós temos uma ligação, eu sei.
Quando eu chego perto de você, meu coração bate mais forte, minhas mãos soam frio...
Só não pare de me proteger.’’

- Jeon Jungkook; [Capítulo 2].

Por um único momento, nosso coração quase saiu para fora do peito, ao pensar que aquele era realmente o fim.

Mas não era.
Teria mais.
Talvez em outras vidas.

E então, no momento em que Dong-yul nos alcançou, nós simplesmente não estávamos mais ali. O mar havia nos salvado, nos acolhido e nos protegido. Não havia mais o que fazer, não havia mais o por que chorar, nem sorrir. Aquele era o fim, estava tudo acabado.

Se deu por encerrado o amor mais lindo, visto por poucos.

Nós dois compartilhávamos novamente do mesmo sentimento, o nada. Estavamos juntos, sim, em meio a diversas constelações.

[...]

‘‘Agora, Jimin e Jungkook eram apenas mais duas estrelas num mar de vidas perdidas por um amor impossível.’’