20°

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Deixar Scott ir foi uma tortura, mas nada comparado ao sonho estranho e bizarro que tive. Em um primeiro momento, assim que o sono me embalou, me encontrei em meio a floresta ao lado do Nemeton, que parecia inofensivo, mas a neblina que se formava ao redor, somada a noite fria e escura, o fazia perder a inocência.

Aos poucos, ruídos eram possíveis se ouvir, como se alguém estivesse se aproximando a passos vagarosos, mas logo se tornaram vozes fortes, frias e cortantes como a morte. Subindo um monte, entrou em meu campo de visão ao longe uma multidão de seres horríveis e trajados para uma batalha, mas uma coisa me chamava atenção: Eles não caminhavam em minha direção, mas sim dos meus amigos, meus pais e meus colegas de turma, que por alguma razão vasculhavam a floresta em posse de lanternas e acompanhados de policiais. Avistei Scott e claramente ouvi meu nome. Eles procuravam a mim.

A cada segundo o exercito se aproximava deles, mas parecia que até Scott, o alfa, estava cego e impossibilitado de os ver. Como se um ritual de possessão tivesse sido iniciado, os homens horripilantes começaram a se apossar dos corpos dos meus amigos, como parasitas. Lydia arregalou os olhos e fez menção de gritar, mas não foi rápida o suficiente. Stiles foi domado sem muito esforço, assim como meus pais e os outros mortais. Todos caíram inertes no chão. Não tive tempo de reagir ou gritar para os avisar. Ali me senti completamente inútil.

Como se ressurgissem dos mortos, se colocaram de pé e sacudiram as roupas, como se nada tivesse acontecido, mas existia algo diferente, seus olhos eram opacos, como se não tivessem alma. Eram apenas fantoches. Como se minha presença finalmente pudesse ser sentida, todos se viraram para mim. Começaram então a caminhar e depois a correr. Scott se transformou, assim como Malia e Isaac. Stiles estava empossado de um taco-de-basebol e Lydia fazia menção de gritar. Os policiais estavam armados e os meus colegas e professores carregavam diversos objetos cortantes. 

Sem qualquer motivação de ficar para ver o que iria acontecer, sai correndo na direção oposta, sob gritos de guerra de soldados antigos. Rapidamente me lembrei de minhas habilidades, sendo logo submetida a transformação. Meu corpo foi envolvido por uma armadura branca como a neve. Em minhas mãos, um escuro e uma lança dourados. Meus olhos se acederam me dando uma porção de coragem, mas tudo foi em vão quando me vi rodeada por pessoas que jamais vi antes. Praticamente a cidade inteira de Beacon Hills estava ali, apontando armas, garras, lanças, flechas, porretes com farpas e até bisturi em minha direção.

-- Scott, me ajude.- gritei.-- Scott. O que está acontecendo?

Um silencio se instalou no local. Nem as respirações eram possíveis serem ouvidas. Apenas eu estava viva. Aos poucos um corredor foi aberto, dando passagem para meus amigos e família. Chamei meus pais, implorei para me ouvirem, para se libertarem, mas não recebi resposta. Já não eram eles. Já não existiam.

-- O que adianta ter tanto e perder?- disse Scott, mas não era a sua voz. Soava cortante e fria como a de Isaac no dia do incidente.-- Do que adianta ter tanto poder e ser solitário? Você sempre foi assim: sozinho, abandonado, incompreendido. Acabar com esses ciclos de sofrimento, pode proporcionar para a sua alma um alivio inimaginável.

-- Scott, este não é você.- falei com a voz fraca.

-- Ninguém é o que aparenta ser. Só você, criação desprezível, ainda não entendeu.- retrucou.- Morra Lobuno imundo.- gritou.

Como se a largada para a guerra fosse dada, todos gritaram em resposta, correndo em direção a mim. Eu não tinha para onde correr. Eram muitos para combater. Eu estava sozinha. Poucas eram as chances de vencer.

WARRIOR - [Teen Wolf]Onde histórias criam vida. Descubra agora