15°

2.3K 141 5
                                    

Meus objetos de guerras estavam devidamente guardados, mas por precaução mantinha minhas garras afiadas muito bem posicionadas. Deucalion era o nome do homem, e por algum motivo não havia gostado dele. Seus olhos opacos pareciam atentos a qualquer movimento meu.

-- Nem sempre Deucalion é cego.- sussurrou Liam.

-- Já está envenenando a nova jóia contra mim, filhotinho do Scott?- disse o homem.

-- Diga logo o que você quer.- Stiles disse tentando se manter sério e calmo.

--  Venho em sinal de paz, meus caros. Venho para apreciar tamanha jóia grega. O Lobuno Guerreiro.- apontou sua bengala em minha direção.-- Aliás, muito obrigado pelo mais novo ferimento. Esse é especial.

A passos lentos e firmes fui me aproximando do homem loiro. Se ele não fedesse a ódio ou, não tivesse um histórico tão horrendo e grotesco, seria um bom partido. Conseguia ver quão azuis o seus olhos já foram e quão feliz ele foi um dia. Meu olhar ardente estava fixo nele. Era como se meu lobo interior tentasse o reconhecer.

-- Quem é você?

Minha voz saiu ameaçadora o suficiente para Scott se afastar. Os olhos opacos de Deucalion estavam, de alguma forma, fixos aos meus. Não parecia nenhum pouco intimidado, mas sim gostar da nossa aproximação.

-- Eu sou um velho conhecido dos seus amigos. Conhecido como o alfa dos alfas, o ápice de todos os predadores, a morte e o destruidor dos mundos. Eu sou o lobo demônio.

A maneira que ele falava era de forma irónica e calma. Brincava com sua bengala e com a perna de seus óculos ridículos.

-- A humildade passou longe.- murmurou Stiles.

-- Quem são eles?

As palavras saiam da minha boca sem pensar, mas alguma coisa me dizia que ele sabia do que eu estava falando. 

-- As coisas que você viu? São Dybbuk. Espíritos danificados que se prendem às almas de pessoas para tentar atingir estabilidade, causando terror e destruição por onde passam. Eles não possuem uma forma física, mas em sua confusão e tormento acabam forçando suas vítimas a grandes atos de loucura. Assim como você presenciou com o seu professor e seu amigo.

-- O que eles querem?

-- Foram atraídos até aqui, por causa do sacrifício dos seus amiguinhos idiotas. Estão presos, mas vieram também por causa de você.

Meu sangue gelou. Então eu estava certa. Tudo tinha haver comigo.

-- O que você quer?

-- Essa pergunta era a que eu estava aguardando.- sorriu.-- Mas para a sua sorte, não quero nada. Vim apenas ajudar.

-- Eu te conheço.- me aproximei um pouco mais dele. Quase falta espaço entre nós.

-- Então sabe que pode confiar em mim.

Ele deu um passo a frente, eliminando o pouco espaço que existia entre a gente. Sua respiração batia contra o meu nariz. Estávamos a centímetros um do outro. Tinha a sensação que ele poderia me beijar a qualquer momento.

-- Eu não confio nem na minha própria sombra.

Minha voz saiu forte e corajosa, mas aparentemente não era eu. Me sentia totalmente influenciada pelo meu lobo interno. Meus olhos estavam brilhando pelo ódio repentino que surgiu dentro de mim. 

Depois de um tempo encarando o deboche de Deucalion, me afastei e entrei no jeep esperando que os outros fizessem o mesmo. E assim se fez. Partimos deixando o lobo ¨demônio¨ para trás.

O caminho prosseguiu silencioso e pesado. Depois de um tempo tentando me acalmar internamente, meus olhos voltaram a ser azuis e atraentes. Scott parecia inquieto e extremamente estranho. Stiles me encarava pelo retrovisor. Talvez estivesse com medo de que eu tenha mais alguma arma letal escondida.

Quando chegamos ao hospital, não esperei o elevador. Subi de escada. O quarto de Isaac era o 412. Chegando ao corredor, diminui os passos. Meu coração estava acelerado. Não conseguia tirar da minha cabeça o que poderia ter acontecido a ele se não tivéssemos interferido.

Ao alcançar a porta, vi todos reunidos ali dentro, sorrindo e conversando com Isaac. Seu nome fluiu dos meus lábios como um sussurro, mas foi o bastante para ele me encarar. Levei as mãos em forma de concha até a boca, e senti as lágrimas inundarem o meu rosto.

-- Obrigado.- a voz dele soou doce e confortante.

Me aproximei de sua cama a passos lentos. Os olhos de todos estava fixos em mim, mas eu não me importava. Ver Isaac bem, para mim, era o que valia. Me ajoelhei ao lado de sua cama e me permiti chorar.

-- O que você estava fazendo?

Minha voz saiu falha e cansada. As mãos de Isaac alcançaram as minhas. Eram quentes e macias.

-- Gosto de ficar no terraço pensando. Eu estava sentindo falta da minha mãe. As vezes tenho saudades, mas hoje foi diferente. Senti como se algo entrasse  dentro de mim, me sugado. Depois eu não lembro de mais nada.

-- Eu sinto muito por fazer isso com você. Com todos vocês. A culpa é toda minha. Eu não deveria ter vindo para cá. Os Dybbuks estão aqui por causa de mim. Eu sinto muito.

Mais lágrimas inundaram meu rosto. Eu já era muito emotiva. Depois que quase presenciei um suicídio, fiquei ainda mais. Scott entrou no quarto e me encontro debruçada sobre a cama de Isaac. Com mãos fortes e seguras me levantou e me abraçou.

-- Obrigado por não deixar aquela coisa acabar comigo. Não sei o que teria acontecido se vocês não estivessem lá.

-- Nós somos sua família. Estamos sempre juntos.- disse Scott.

-- Ohana quer dizer família. Família quer dizer nuca mais abandonar.- murmurei sorrindo.

-- De onde você tirou isso?- indagou Stiles com cara de riso.

-- Eu esqueço que a vida de vocês é corrida. Vocês não tem tempo de assistir um filme.- bati na testa ouvido as risadas de todos.

-- Lamento estragar esse momento tão lindo, mas Isaac precisa descansar.- disse Melissa.

Sorri uma última vez para o garoto e sai do quarto abraçada a Scott. Nos sentamos nos bancos que tinha em frente ao comôdo. Deitei minha cabeça no ombro direito do rapaz que se mantinha firme a mim. Nosso dia foi cheio de grandes surpresas. Fiquei imaginando como seriam os vinham a seguir.

WARRIOR - [Teen Wolf]Onde histórias criam vida. Descubra agora