Capitulo 1

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Em um quarto qualquer em uma grande fortaleza um garoto alto, com o corpo moldado em formas rígidas, cabelos castanhos e olhos azuis expressivos, permanecia deitado o olhar fixo no teto, porém a mente dele vagava para um lugar muito distante, na verdade a mente dele vagava pelo mundo fora daqueles muros onde ele residia. Um mundo que ele nem sequer conhecia, apenas pelos desenhos que Dr. Weegs mostrava vez ou outra que eles se encontravam em seu laboratório e pela televisão que lhes era permitido assistir a fim de estarem atentos as mudanças no mundo lá fora.

Desde que se conhecia por gente o garoto morava naquele lugar, e apesar de ter acesso à televisão, nada daquilo satisfazia sua ânsia de sair daquele lugar, afinal o que ele via na TV não passava de noticiários todos mostrando alguma coisa sobre os confrontos entre a Milícia e os Rebeldes. Muito raramente passava algo relacionado às vilas ou outras nações. Mesmo que o mundo lá fora fosse para ele algo além da imaginação, algo sempre o trazia de volta a sua realidade, nesse momento era o sol que acabara de mudar de posição fazendo que na parede cinza do quarto fosse projetada a sombra da pequena janela cheia de grades no alto da parede.

                Fechou os olhos tentando esquecer tudo pelo que já havia passado ali dentro. Era tudo tão brutal, tão hostil. Alguns deles poderiam ser chamados de “amigos”, porém nunca seriam amigos de verdade afinal mais cedo ou mais tarde eles se enfrentariam, e na arena não existe essa de amigo, todos são desconhecidos, inimigos. É a luta pela sobrevivência.

                “Pelo menos eu sempre tive o Dr. Martin Weegs comigo, ele sempre foi um bom companheiro, me ensinou muita coisa, sempre disse que eu era especial, eu queria acreditar nisso, mas às vezes eu me vejo apenas como uma arma pronta para uso, e isso é uma droga. De que adianta ter algo diferente se você não pode fazer o que quiser com esse dom. Dom, Martin sempre disse que isso é um dom, para mim não passa de uma maldição.”

A corrente prateada estava gelada contra seu peito, a pegou e analisou seriamente as inscrições nela gravada. Quanto mais olhava para o objeto, que era inspirado nas placas que os soldados usavam no exercito mais se sentia como uma “coisa” ate mesmo a inscrição afirmava isso. Um número, DY00202001001, ele não passava de um número como se fosse uma mercadoria prestes a ser vendida, usada e descartada. Estava farto disso, dentro da fortaleza os internos haviam escolhido nomes para substituir as sequências numéricas, ele o número DY00202001001 escolhera Dorian, não sabia por que, mas gostava do nome, e quando disse isso a Martin ele aprovou dizendo que era diferente, único, assim como ele.                “Martin tem se afastando de mim cada dia mais, será que eu o estou assustando? Será que ele realmente viu que somos todos aberrações? Acho que ele não ficara por mais muito tempo aqui, eu também não pretendo ficar aqui ate alguém conseguir me matar, mas não posso fugir sozinho seria pego muito facilmente. Todos aqui parecem gostar de como vivem, será possível que ninguém quer ir embora, viver por conta própria e deixar essa vida amaldiçoada para trás?”

                Devia ser pouco mais do meio-dia quando um sinal soou pelo recinto, era hora de mais uma luta, mesmo a luta não sendo dele, todos eram obrigados a assistir. Dorian já perdera a conta de quantos ele já havia derrotado ali.

O garoto se sentou e olhou para as próprias mãos, era como se elas estivessem manchadas permanentemente com o sangue dos que ele matou. Era revoltante, ele por muitas vezes se deixou ser agredido para não se sentir tão culpado, tão sujo com o que ele faria. Martin sempre o alertara para nunca usar de todo o seu poder, e sempre ficar no nível de seus oponentes. Ele nunca entendera, mas confiava no cientista. Caminhou pelo quarto vendo que seu companheiro de quarto já havia ido. Partiu então em direção da arena.

                Ao entrar vários deles o olhavam com certa admiração, mas sobre tudo medo, as crianças que também viam as lutas olhavam como se ele fosse uma celebridade, o que de fato não deixava de ser meia verdade afinal ele era considerado parte do “grupo de elite” que nunca perdiam uma luta. “Patético titular assassinos como se fossem heróis.” Sempre que recebia os olhares e cortejos dos outros internos era nisso que o garoto pensava.

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⏰ Last updated: Oct 29, 2013 ⏰

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