Prólogo

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           O dia estava no fim, a claridade morria por entre as montanhas, na varanda de uma cabana um homem meia-idade, cabelos levemente grisalhos e rosto de aparência cansada observava a paisagem a sua volta. Poucas árvores rodeavam a cabana, um riachinho sujo corria a alguns metros de lá. Na mente do homem ele visitava um mundo antigo, diferente um tempo que ele jamais poderá mudar. 

           Tudo acontecera há muito tempo, ele era um jovem que acabara de sair da faculdade de engenharia genética, estava trabalhando em um laboratório que pesquisava a cura de resfriados e gripes comuns da humanidade. O mundo estava mais moderno, novas tecnologias surgiam todos os dias, mas os recursos estavam acabando, alguns países sofriam com escassez de comida, o homem se lembrava muito bem embora tudo tenha acontecido de forma rápida, começaram os primeiros desastres naturais, terremotos, tsunamis, furacões todo tipo de fenômeno começou a devastar o planeta desabrigando cidades inteiras, ate que um dia não havia mais recursos para atender todos os povos em decadência, o dinheiro já não valia tanto, um pedaço de pão ou uma garrafa de água potável valia mais do que a moeda mais valiosa. O mundo mudou de forma, novas ilhas apareceram, continentes foram reduzidos, ilhas desapareceram, o mundo estava mudando de maneira muito rápida. 

            Mesmo assim alguns povos não suportaram viver com o mínimo, foi então que ocorreu a Grande Guerra no mar do norte. Quatro países entraram em conflito para se apoderar dos recursos do outro. Todos sofrendo de escassez, todos passando fome, todos morrendo por causa de vírus que se aproveitaram da condição precária de saúde, e ate mesmo pessoas tirando a própria vida. Tudo que o mundo não precisava era de uma guerra, e mesmo assim houve uma guerra e mundo foi jogado dentro de uma grande bolha de nevoa cinzenta e toxica. Milhares morreram, usinas nucleares explodiram transformando cidades em cemitérios nucleares. 

             Muitos anos se passaram desde a guerra, mas ate hoje ela esta refletida no nosso dia-a-dia. O mundo hoje não é mais definido como antes, a anciã nos ensinou que antes existiam cerca de 200 países no mundo, mas hoje esse número caiu para 9 territórios habitados. Apesar dos 9 territórios apenas 2 se tornaram de certo modo importantes e temidos. Republica Vita que fica numa ilha que antigamente era chamada de Reino Unido, e a outra se chama República Ignis que fica onde antes era o território de uma cidade chamada Amsterdã. São rivais, algumas pessoas mais velhas chamam Rep.Vita de Campo Rebelde e Rep.Ignis de Milícia. Além dos 9 Territórios existem as vilas, que estão espalhadas por todo o mundo, são pequenos povoados de pessoas que vivem em extrema pobreza. E além de tudo isso havia à ilha, exclusiva, escondida, lugar onde o velho homem havia passado metade da nova vida, lugar onde o homem usou tudo o que aprendeu na faculdade para a criação de novos genes. No inicio tudo parecia muito cientifico e o patrão havia garantido que ajudaria a mudar a humanidade, acontece que na verdade o único propósito do patrão era ajudar a si próprio. 

            Depois da grande destruição dos continentes foi preciso de alguns anos para a recuperação de alguns itens tecnológicos, além da restauração da energia elétrica nos grandes centros povoados, e assim que foi constatado que poderiam ser usados, Martin foi transferido para um laboratório de segurança onde teria o espaço e o equipamento adequado para seu trabalho. 

            No começo ele ate tentara se convencer que nada disso não passara de uma simples falta de comunicação e que logo seria reparada, porem não era bem isso, tudo havia sido explicado de forma clara, mas alguns pontos do acordo se mantiveram no escuro ate que o vírus que seria injetado em pessoas fosse testado e desse resultados satisfatórios. Martin conhecia suas capacidades e quando recebeu a proposta dos irmãos Barius para ajudar a desenvolver um vírus que posteriormente seria injetado em pessoas, e esse vírus agiria diretamente no DNA realçando assim seus genes. Esse vírus seria injetado em guardas da milícia para assim obter melhores resultados nas patrulhas, criando então homens com grande resistência física e mental. 

           Naquela época Martin se sentiu honrado com tamanha proposta e assinou o contrato com os irmãos sem nem ao menos considerar os prós e contras, e o principal contra para ele naquela época era que o mínimo cálculo errado, ou um composto alterado, podiam ao invés de criar homens de aço, monstros gerando mutações terríveis. 

          Depois de meses dentro de um laboratório Martin havia finalmente conseguido criar o vírus capaz de alterar alguma coisa no gene humano, porem ele haveria de ser testado, e estava ai a raiz dos problemas. Martin pensou que assim como na universidade eles usariam ratos para testar o vírus, mas na cabeça dos irmãos ratos não demonstrariam completamente o que o vírus seria capaz de fazer. 

          O irmão Barius mais velho, Nefesto era médico pediatra, porém, depois da destruição havia deixado de atuar ativamente na profissão, atendendo somente alguns casos no hospital de Ignis, mas foi justamente ai que ele viu a possibilidade perfeita. Nefesto voltou ao hospital e lá ele começou os testes, secretamente claro. 

           Escolheu 12 mães, 12 bebes e em cada consulta ele injetou o vírus criado por Martin nas 12 crianças, logo que fez isso percebeu que ao redor do local onde ele havia espetado com a agulha aparecia um perfeito círculo vermelho em relevo e no centro uma pequena bolinha indicando o local da “vacina”. 

           Tão fascinante quanto a criação do vírus para os irmãos foi o resultado dele, das 12 crianças 11 morreram em um período de 2 meses, e a criança sobrevivente teria que ser levada a um local seguro. Sendo assim os irmãos ordenaram que Weegs continuasse desenvolvendo o vírus. Martin a princípio relutou, porém havia assinado o contrato e nele havia um pequeno parágrafo que na época ele não havia dado importância mas que agora fazia todo sentido. Ele estava literalmente preso à organização.

            Pois então Weegs continuou a desenvolver o vírus, no entanto não como o primeiro, Martin havia passado grande parte de sua madrugada pesquisando um novo jeito de fazer esse vírus alterando sua composição para que não houvesse mortes e as crianças pudessem viver normalmente. A cobaia que ele usou para testar esse novo vírus fora ele mesmo e assim como na criança sobrevivente uma marca apareceu no lugar aplicado, por sorte o homem havia tomado cuidado nisso e aplicado a injeção em um lugar fora da visão de Barius. Depois de dois meses ele não havia notado nenhuma mudança em si próprio então julgou que seu vírus estava pronto e o entregou a Nefesto que então passou a injetar nas crianças que passaram assim a sobreviver e terem seus DNA alterados, melhorados mesmo que não se pudesse notar em pouco tempo.

Weegs pensou então que aquilo estava acabado que finalmente se veria livre da organização. Ele novamente fora inocente demais ao pensar isso, não sabia que na verdade os planos dos irmãos estavam apenas começando, que tudo aquilo não passara de uma preparação para o que estava finalmente por vir. Sim eles treinariam e lutariam porem o que Martin nunca imaginara era que essas crianças seriam testadas a fim de que no final apenas os melhores gerassem uma nova linhagem de humanóides.

            Agora naquela cabana fria e isolada as imagens dos combates, as marcas de sangue que jamais sairiam do chão no campo de batalha, as falhas provocadas pela brutalidade que os adolescentes causavam a estrutura do campo. A criança sobrevivente do primeiro vírus era de certa forma protegida por Martin, era pela criança que ele continuara na organização por tanto tempo. O considerava como um filho, e era considerado como um verdadeiro mentor, um pai. E foi quando ele foi posto na arena pela primeira vez que Martin viu a diferença e não só ele como também Nefesto que a partir daquele momento passou a mostrar um interesse sádico pelo garoto, e Martin passou então a pensar em uma maneira de sair dali.

            E agora ele fora afastado de seu menino, e estava ali, isolado de todos, temendo pelo que podia estar acontecendo com o jovem nas mãos de Nefesto.

WarriorsWhere stories live. Discover now