O Fascínio Da Noite

Vida real e dura

Chegar ao hospital e ver a pessoa que te criou a vida toda, meu único parente até onde eu sei, com fios e tubos por todos os lados, é deprimente, mesmo sendo médica, tenho sentimentos, e pior eu sei tudo que pode vir a acontecer com o meu pai...

Respiração, alimentação, eliminações tudo por sondas e tubos... Me sinto impotente, tanto que fizeram por mim e agora só posso rezar e confiar na eficiência dos meus colegas e na força de vontade de meu pai vencer esta doença.

Olho para o John

e vejo que ele está sentindo-se ainda mais impotente do que eu, pois ele tem uma cura para isso, mas o preço é muito alto, meu pai nos fez prometer que não usaríamos o vampirismo para salva-lo. Ele quer se reencontrar com minha mãe quando seu corpo não resistir mais.

As semanas foram passando, me sinto quebrada por dentro, tiraram os medicamentos que mantinham meu pai em coma induzido, mas ele não deu sinais de acordar, provavelmente a parada cardíaca que ele teve em sala deixou mais sequelas que o esperado, em uma tomografia do cérebro, encontramos mais um tumor, uma metástase do tumor primário...

Quase não saio de perto dele, o John quando não precisa resolver algum problema tem ficado comigo, acabei neste meio tempo descobrindo que ele é dono do hospital onde estamos, meu pai está em um quarto privativo, montado como UTI, com uma equipe exclusiva para ele, por anos meu pai trabalhou arduamente para o John, agora vejo seu esforço ser recompensado... Pena ele estar em coma e não ver tudo que é feito por ele...

Tenho me sentido cada dia mais fraca, não aguento mais nem ir em casa, durmo por aqui mesmo, tenho feito alguns plantões na emergência do hospital, mas não pode ser normal meu cansaço... Tenho que tomar coragem e ver o que está acontecendo comigo, estou com medo de descobrir algo mais grave...

O John me trata muito bem, quando pode me arrasta do hospital, passamos momentos maravilhosos juntos, uma ilha de calmaria em meio ao tormento que está minha vida.

Revisado em 10/01/19