BASTA!

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Depois do ocorrido na cozinha, eu comi um cereal e fui tomar banho. Agora eu estava deitada na minha cama com o meu notebook. Resolvi pesquisar o nome do hospital no Google. Ao entrar no site do Santa Muniz vi uma aba de marcar consulta pela web. Se ela tem alguma consulta vai constar aqui!

Corri para baixo e peguei a carteira dela, abri e peguei seu RG. Entrei pelo site e tentei encontrar alguma consulta, Zero.. nenhum resultado. Mordi a boca frustada, o que raios ela vai fazer em um hospital se não tem nenhuma consulta marcada? Bufei frustada e fechei o computador e o deixei de lado. Fechei os olhos e fiquei apenas eu e meus pensamentos... Mattew, quantos anos será que ele tem? Por que quer se encontrar comigo? Eu devo ir? Sinto minha barriga revirar e sento na cama.

Não sei nada sobre ele, não é um tanto arriscado eu me encontrar com ele? Mas pelo menos é em um lugar público, menos mal. Levanto e desço as escadas, ouço o portão se abrir e começo a ouvir uma discussão em tom baixo. Eles provavelmente vão entrar pela cozinha então em um movimento rápido entro num quartinho de limpeza e fico à espera.

-Essa mulher não vai se aproximar da gente, Jones!- de quem Annelyse falava com meu pai?

-Ela é a mãe de Emily! Ela tem todo o direito de ver a filha.- coloco a mão na boca e já sinto meus olhos encherem de lágrimas. Minha mãe?

-Não quero saber se ela é mãe da peste, ou mãe do escambau! A casa agora é minha, essa família é minha. Se ela amasse a Emily de verdade, tenho certeza que não iria abandoná-la!- ela cospe as palavras pra cima do meu pai sem se importar com as consequências, ela simplesmente diz. Sem se importar se vai machucar alguém, desde que ela esteja bem pra ela tá tudo bem.

Saio do quartinho fazendo os dois arregalarem os olhos e olharem pra mim, Mel dormia no colo de meu pai, vou em direção de Annelyse e lanço um tapa em seu rosto. Ela olha perplexa pra mim sem acreditar no que acabei de fazer, nem eu acreditava no que fiz. O ódio me tomou, eu tremia meu corpo com uma raiva que não era de mim. Ela me olha com raiva e tenta partir pra cima de mim mas eu seguro sua mão com força e abaixo.

-Você não vai mais me bater Annelyse, não sou mais a garotinha que você maltratava. Já chega, você já desgraçou essa família demais. Eu não aguento mais isso, não suporto mais isso.- empurro ela, pego Mel do colo de meu pai e subo as escadas. Ela não se atreve a dizer nada, eu subo as escadas com lágrimas nos olhos e abraçando minha pequeninha que dormia com força.

Será que Mel sentiria minha falta? se lembraria da irmã que ama tanto ela. Entro em seu quarto e paro em frente ao seu berço. Ela estava com uma roupinha de sair, mesmo enquanto dorme, tiro seu vestidinho e coloco um body e uma meia nela. A abraço pela última vez e passo minha mão por seu rostinho delicado, ela balbuciava algo enquanto dormia. Deixo uma lágrima cair enquanto coloco ela em seu berço, a cubro e digo em um tom baixo...
-Adeus, pirralhinha- saio do quarto e me tranco no meu. Pego minha mala e começo a guardar tudo que precisaria, documentos, roupas, kit de higiene e uma identidade falsa. E claro, o meu dinheiro de emergência e para minha formatura. Não tinha muito, mas o suficiente para ninguém me ver por muito tempo.

Respiro fundo, e escondo tudo embaixo da cama. Sairei de madrugada, enquanto todos estiverem dormindo. É hoje que eu finalmente escapo dessa palhaçada que eles chamam de família.

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