O fim do inferno?

21 1 0
                                    


Eu estava exausta, porém não conseguia dormir. Minha cabeça rodava em volta da situação, não havia outra solução. Se eu não quisesse parar na polícia por matar aquela víbora eu tinha que ir embora, tinha que partir. A Mel vai se virar bem sem mim, eu e ela temos uma conexão forte, desde que ela nasceu sempre soube que ela seria alguém muito importante para mim, minha princesinha. Ela foi a única que me manteve aqui até agora, preciso partir, caso o contrário não terá Annelyse alguma para contar o final. 

As horas passavam rápido, minha barriga se revirava e eu estava com medo, muito medo. Mas era algo que já tinha tomado proporções que não eram mais suportáveis! Não iria deixar um medo me parar, hoje foi a gota d'água. Vou fugir, vou encontrar minha mãe, vou desmascarar a Annelyse e vou garantir que a Mel volte aos meus braços. E não podemos esquecer, vou pelo menos ver o que o Mattew quer comigo. 

Esperei dar 2h da manhã, eu estava tão nervosa que o sono nem apareceu. Peguei minhas coisas e sai lentamente do meu quarto, entrei no quarto de Mel e me aproximei sem olhar para os lados ela lá dentro no berço. Passei minha mão em sua pele delicada, ela ameaçou acordar me deixando tensa mas logo voltou a dormir agarrando suas pequenas mãozinhas em minha mão. Meus olhos encheram de lágrimas, e se o meu plano der errado? e se eu não conseguir voltar? vamos lá, isso é necessário, é por ela.

-Aonde pensa que vai.- Um abajur é acendido e aquela voz amarga que eu já não aguentava ouvir tomou meus ouvidos. Eu estava com tanta raiva que nem tomei susto,  mas o ódio subiu de uma maneira que nunca senti.

-Tô comprando carne, cachorra, não ta vendo não?- falei debochadamente a deixando vermelha de raiva.

-Você vai ver a cachorra, sua vadiazinha.- Ela levantou e não consegui a deter dessa vez, ela puxou meu cabelo e colocou sua outra mão em minha boca para eu não acordar ninguém. Ela me bateu, como nunca bateu. Distribuía socos, chutes e tapas. Me deixando jogada no chão. Sem forças, sangrando e chorando. 

-Você é uma vadia de 17 anos e quer ir contra mim? me poupe Emily! Ah, e não vou te impedir de fugir, pode ir, um peso a menos. Só te dei a lição que merecia antes de você finalmente ir embora.- eu estava machucada, internamente e externamente. E se não bastasse, ela se aproximou de mim e me pegou pelo maxilar e disse em palavras amargas coisas que eu realmente não precisava ouvir. - Você é realmente igual a Amberly, vadia e FRACA igual. Ninguém aguentava ela, assim como não te aguentam. Acha que alguém nessa casa gosta de você? Seu pai vai soltar fogos quando você partir, você só é um gasto a mais, uma pedra na vida de todos. Faça um favor para todos e para a Mel, a sua irmãzinha que você tanto ama. Suma, não volte nunca mais. Estará fazendo um favor para nós.- Eu estava arrasada, não tinha forças, me odiava. Ela tinha razão, poxa, todos nessa casa só reclamam de mim, meu pai nem olha na minha cara. Que falta eu faria? Nenhuma. Ela me olhou por alguns instantes e logo ouvimos o choro de Mel.- Está vendo piveta? acordou a bebê. - ela disse com veneno nas palavras, pegou Mellanie e se sentou na poltrona. Deu de mamar para ela e me fuzilava com um sorriso maldoso enquanto tinha minha irmã nos braços. 

Levantei com dificuldade e andei até minha bolsa, olhei para as duas e segui meu caminho. Ta bom, depois daquilo eu tinha certeza que não podia continuar aqui. Desci as escadas e fui para a cozinha, não sairia daqui de estômago vazio. Peguei uma garrafa de suco e comecei a tomá-la com rapidez. Peguei uma garrafa de água e alguns salgadinhos e guardei na minha bolsa. Comi uma maça e pronto, estava pronta pra sair do inferno.

 Estava encostada na bancada esperando minha comida esquentar no microondas quando sinto algo se esfregar em minhas pernas, olho para baixo e lá estava Kira. Não podia deixar minha bebêzinha, a Annelyse odeia ela, já tentou se livrar dela milhões de vezes. E sem mim aqui ela conseguiria isso. 

Pensei um pouco e fui até a sala, mancando.. Peguei uma bolsa preta que tinha dois compartimentos, como Kira não era muito grande coloquei ela em um e ração na outra. 

Eu já estava muito tempo naquela casa, tinha que sair dali o mais rápido possível. Comi muito rápido e voei para o carro, coloquei Kira no banco ao lado do motorista e minha pequena bagagem no chão. E parti, dirigia pelas ruas sem saber onde eu dormiria. E se eu não conseguir algum lugar para dormir? Se eles tentassem me localizar conseguiriam se eu dormisse no carro na rua, tirando que era um perigo e tanto! Não tenho nenhum amigo nem pare... a prima de minha mãe, mas é claro! Eles nunca desconfiariam dela, ela não tinha contato com eles, apenas comigo. Parei na praça da cidade, a cidade estava serena, um vento gelado entrava pela fresta da janela e as ruas pouco iluminadas me davam arrepios. Pego meu celular na bolsa e disco rapidamente o número da Marta.

 Call On

-Alô?- a voz de Marta aparece do outro lado após tocar por alguns segundos.

- Marta? Sou eu, Mily!

-Milyzinha, que saudade que estou de você menina!

-Também estou com saudade prima... prima, gostaria de te pedir um favor.- digo mordendo os lábios com receio de dar tudo errado, não podia dar!

-Diga Mi, faço qualquer coisa por você!

-Prima, sei que você está morando em Chicago então queria saber se você poderia me emprestar seu apartamento para eu viver lá por um tempo.- disse tudo de uma vez fechando meus olhos e orando 10 missas. 

-Claro que te empresto Mi, só tem um pequeno problema..- soltei o ar aliviada

-MUITÍSSIMO OBRIGADA!!! Mas que problema?- uma pausa de alguns segundos foi feita do outro lado.

-Uma amiga minha está hospedada lá, só que tenho certeza que não irá se importar de dividir apartamento com você. Só preciso ligar para ela antes, tem algum problema? Em alguns minutos retorno pra você!!

-Sem problemas Marta, estou muito grata! Muito obrigada, você me salvou!

-Não precisa agradecer, pequena. Daqui alguns minutos te ligo, tchau tchau.- Sua voz estava animada, nem parecia que eu tinha acordado ela ás 4h da manhã.

Eu já não tinha unhas, estava totalmente em PÂNICO, não estava acreditando que meu plano estava dando certo. Era muita sorte para pouca pessoa. Eu respirava aliviada, finalmente a sorte resolveu brilhar para meu lado.

YourOnde histórias criam vida. Descubra agora