Amor Sem Fronteiras

Campo de Visão

7 anos! 7 longos anos de muito estudo. É tudo o que eu consigo pensar olhando para o meu diploma que eu tanto lutei para conseguir. E ainda não acabou, me pego pensando na minha especialização, mas antes preciso preparar minha mala para as férias em família. Amo a minha família? Amo! Consigo ficar duas semanas inteiras com ela? Vamos ver.

Tudo ocorria bem,até que eu soube da terrível notícia de que meu irmão mais velho Eduardo Jr. irá, ou seja, aquela cobrá peçonhenta, jararaca e todas as cobras possíveis, também vai. Ugh! Que capeta de mulher! Ainda não esqueci o pequeno " acidente " que resultou meu vestido branquinho maravilhérrimissímo destruído pelo vinho que aquela.... aquela " peixe que come carne " aprontou. Quase voei nela que fazia a maior cara de pobrezinha pedindo inúmeras desculpas. COBRA! Infelizmente tenho que aturar pois amo meu irmãozuco. Nao sou mais uma adolescente para ficar dando piti, mas ela que não mexa comigo!

Papai escolheu o melhor momento para viajamos, essa época no Rio de Janeiro é o sol brincando de demônio. Meu pai, Eduardo Mendonça Andrade, não tira férias em família faz tempo, precisamente 5 anos. Relembro suas palavras mês passado quando me formei:

Eu poderia escolher momento melhor para viajar em família do que esse? Comemorar a merecida graduação da minha princesinha.

Não sou mimada, mesmo tendo boas condições financeiras, sempre busquei as coisas por mérito próprio. Lembro bem quando aos 14 bati o pé querendo cursar uma escola técnica pública. Meu pai quase surtou. Queria que eu estudasse em uma escola privada, a mesma que minha mãe cursou. Minha mãe maravilhosa me apoiou claro, e me forneceu toda ajuda possível, consegui passar em terceiro lugar para o ensino médio técnico no Pedro II, na área de enfermagem.

Meu sonho sempre foi ser médica, desde de pequena quando eu pegava escondido as tesouras e curativos e rasgava todas as minhas bonecas fazendo " cirurgias ",deixava mamãe louca. Meu pai queria que eu seguisse carreira naquela época em sua recente inaugurada firma de advocacia, mas minha vocação sempre foi a área da saúde. Eles entenderam isso. Até hoje me lembro quando bati meu pé mais uma vez querendo cursar medicina na UFRJ e meu pai querendo pagar a minha faculdade. Não é rebeldia e nem pirraça, eu só gosto de conquistar as coisas com meu próprio esforço, estudar e conseguir o que eu quero sempre foi minha meta. Muitas pessoas debocharam de mim: " É fácil falar isso quando se é rica " ou " Seu pai tem muito dinheiro, você pode escolher o capricho que quiser que dinheiro não vai lhe faltar "... Como se eu quisesse depender do dinheiro do meu pai pelo resto da vida.

Escuto duas batidas na porta :

- Pode entrar!

- Oi querida, já terminou de arrumar as malas? - Minha super mãe Beatriz me pergunta.

- Estou quase lá! Mãe, você viu aquele biquíni lilás que eu comprei em Rio das Ostras? Não acho por nada.

- Um momento Ju!

Eu não sei como ela faz! Não sei como as mães acham as coisas, eu jurava que eu tinha procurado nessa gaveta!

- Como você faz isso mãe?

- O que?

- Acha as coisas sem se esforçar!

- Um dia quando você for mãe terá esse dom também. - Nós duas rimos. - Vou apressar o seu irmão, sabe como Gui não larga aquele computador! - Ela me deixa novamente com a tarefa de arrumar as malas.

Eu amo férias em família! Meu pai escolheu um destino maraviespetacular! Caribe...Uhul! Estava mesmo precisando de um descanso antes de focar mais uma vez em meu futuro.

Nessa viajem vamos os seis, mais a cobra Antonella, Anta para os mais íntimos. Vão: meu pai Eduardo e a única pessoa no mundo inteiro que faz ele se dobrar Dra. Beatriz, a advogada mais durona que eu conheço. Meus irmãos Eduardo Jr. e sua noiva cobra, Heitor e Guilherme. Sim eu sou a única filha e " princesinha " da família segundo meu pai... Sério pai, até hoje?
Meus dois irmãos mais velhos Jr. e Heitor trabalham com meu pai e minha mãe na firma. Os dois apenas tem dois anos de diferença, Jr. tem 27 e Heitor tem 25. Eu tenho 24, caminhando para os 25 e o Gui, o caçula da família, tem 18. Tirando a " Anta nella ", nós somos muito unidos.