Capítulo 01: E assim, começa a história...

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- Então, como Luís e Christina não deixaram indicação de quem ficaria responsável por sua filha, o juiz cedeu a tutela dativa a senhora. Mas lembrando que ao completar a maior idade, deverá entregar ao juiz uma tabela com os gastos anuais de Thereza. 


- E depois disso? O que vai acontecer com a herança?


- Bom, automaticamente Thereza herda tudo que foi dos seus país, não há outras pessoas para dividir. Luís e Chris não tinham outros filhos ou familiares!


- Mas e eu? Eu sou irmã dele, por quê não recebo herança? – Muriel levanta da cadeira aborrecida com as palavras do advogado.


- Muriel, a senhora é filha da madrasta de Luís, não são irmãos!  Sem um documento legítimo alegando-a  como herdeira, tudo vai para a Thereza!


- E depois que ela fazer 18 anos, ficará com tudo e eu nem casa vou ter, isso não é justo!

- Se ela preferi e quiser passar parte da herança para a senhora depois da maioridade, decidir não se responsabilizar pelos bens dos pais ela pode passar tudo para o nome da senhora, mas somente depois dos 18 anos.


- Bom, acho que não tenho escolha.

O advogado Diego era o melhor amigo de Luís. Ele sempre desconfiou que a morte do amigo não foi um acidente, assim como o sumiço de Christina logo depois. Diego sabia que tinha um caroço nesse angu, e ele iria descobrir...


- Pois bem, de vez em quando irei vê-la, para saber como vão as coisas!


- Tá bom, acorda Thereza...Temos que ir pra casa. – Balança a menina que dormia no sofá do escritório.


- Tchau tio.- Beija o rosto do Diego.

- Tchau princesa, nos vemos em breve.

7 anos depois...


E assim viveram felizes para sempre... Ou será que não? Nunca entendi esses finais feliz dos contos de fadas, onde tem casais eternamente apaixonados, com suas famílias completamente perfeitas. Famílias não são perfeitas! Pelo menos a minha não era, e quando falo era, é porquê ela não existe mais... Eu tinha uma mãe linda, seu cabelo era grande igual ao meu, e meu pai tinha olhos cor de mel, os dois eram muito felizes, mas algo deu errado no percurso dessa felicidade. Bom, sempre dá algo errado!

Fecho o livro e pego meu desenho quase completo de dentro. Depois de dar cor as flores, finalmente terminei. Era uma bela caricatura de mim mesmo, mas os olhos estão estranhos, eu não sei desenhar olhos, sempre saem caídos ou tristes. Resolvo apagar os olhos e tentar de novo.


Quando estou me concentrando no desenho escuto um barulho de um carro grande, talvez um caminhão. Levanto da cadeira e vejo que vou ter vizinhos novos, é um caminhão de mudança, na verdade dois, seguido de um carro de aparência cara, pelo jeito é uma família rica. Entro no quarto, fechando a porta em seguida.

O bairro onde moro é de classe média, não de mansões caríssimas, mas as casas são grandes e confortáveis. A do lado por exemplo, é a maior do quarteirão, deve ser duas vezes o tamanho da minha. Porém, as duas casas são muito próximas, principalmente a parte do meu quarto. Por ter sacada e a outra casa também, as duas ficam a poucos metros de distância. Deus queira que os novos vizinhos não sejam bandidos, odiaria ser acordada com alguém invadindo meu quarto pra fugir da polícia.

Desço as escadas e sigo até os fundos da casa, onde tem uma árvore ao lado da cerca branca. Sento embaixo dela e volto a desenhar.

Depois de um tempo sinto algo cair em cima de mim. Dou um pulo de susto, mas depois relaxo ao perceber que é só uma peteca. Levanto e olho pela cerca vendo uma garotinha procurar algo entre as plantas.

-Ei... - Ela tira a cabeça das plantas e olha para mim. -Tá procurando por isso? -Mostro a peteca e ela abre um sorriso.

-- Você achou! -Ela deve ter uns 5 anos e parece uma boneca. Tem a pele branca, cabelos castanhos claro e olhos incrivelmente azuis. -Onde ela estava?

-Em cima de mim, ela caiu no meu quintal! -Dou a ela e olho em volta procurando seus pais, não quero que se assustem ao verem sua filha conversando com uma estranha.

-Ah desculpa, foi sem querer! É que eu não medi bem minha força. -Ela mostra o muqui do braço e eu sorrir.

-Tô vendo!

-Você é minha vizinha? Qual seu nome?

-Sou, me chamo...

- Anjo? Você se parece com um. -Fico encantada com as palavras dela. - Eu sou a Elle, você quer brincar comigo? -Ela faz biquinho. -É chato brincar só.

- Acho que não é uma boa idéia, não quero que seus pais briguem com você! - Ela faz uma carinha triste! -- Você não pode brincar com estranhos, Elle!

-- Eu sei, mas você é minha vizinha...-- Ela joga a peteca pra mim. -- Podemos brincar cada uma no seu quintal, tudo bem? - Cedo e começo a brincar com ela. Descobrir que Elle tem um irmão mais velho e seus pais estão em processo de divórcio.- Você não tem pais Anjo? -Fiquei um tempo calada, não fiquei confortável em respondê-la. - Você está bem?

- Estou bem querida! É que... eu não tenho mais meus pais. -Abaixo a cabeça pra ela não perceber que fiquei triste.

-Desculpe, não devia ter perguntado, eu também perdi meu...

-EELLE!-Escutamos um grito vindo da casa.- VENHA PRA DENTRO!

- É meu irmão, tenho que ir, tchau Anjo. - Ela pega sua boneca da grama e corre pra dentro da casa deixado sua peteca comigo. Coloco-a no pé da cerca e eu vou pra minha curiosa em saber o que ela iria falar antes do irmão chamá-la. Acho que ganhei uma amiga e um apelido novo.

[...]







Obrigada por acompanhar ❤️
Instagram: @Jully_Souz4

Minha Doce Salvação/ ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora