Capítulo 9

578 19 24
                                    


       

Então aqui estamos, pensou Alessandra, dentre o barulho das águas no ponto de contato. Tudo muito escuro, apenas uma lanterna clareando os seus passos e os do Yan sobre a passarela que levava às quedas d'água do lado argentino. Ela suava e o coração palpitava quando ele indicou que parassem. Exibia uma expressão tão tensa que a fez estremecer.

— O que foi, Yan?

Ele não respondeu. Fez um gesto com a mão para que ficasse em silêncio e apontou para cima.

Ela não via nada além do céu encoberto pelas nuvens. Será que isso interferiria? Também não ouvia nenhum ruído além do barulho constante das águas.

Sentiu um frio na barriga.

Havia algo errado. Sabia disso.

Yan não olhava para ela. Estava em alerta, inspecionando o local.

De repente, ouviu barulho de passos atrás deles.

— Corra! — Yan gritou e puxou Alessandra pela mão.

Foram para o lado das quedas, quase sem enxergar nada.

— Rápido!

O barulho dos passos estava mais próximo e eles continuavam correndo. Ao final da passarela, sem opção, pararam.

— Venha! Vamos ter de pular — ordenou Yan.

Alessandra se agarrou na grade de proteção com as duas mãos.

— O quê? Pular? — gritou desesperada. — Está louco? Não tem para onde pular. Estamos cercados pela água e o volume é violento. Nós vamos morrer!

— Vocês, humanos, não são capazes nem de dar um pulo e nadar? Esqueça a altura e controle seu medo, Alessandra.

— Não posso! — e ela havia confiado nele.

— Estamos sendo perseguidos. A nossa única chance é pular.

— Você só pode ter enlouquecido. Eu não vou conseguir!

— Vai, sim. — Ele olhou firme para ela.

— É impossível! — gritou à beira das lágrimas. — São mais de setenta metros de altura. — as juntas de suas mãos estavam brancas, grudadas às grades.

Ele a olhou por alguns segundos, como se analisasse as possibilidades.

— Por favor .... — suplicou ela. O seu rosto queimava.

Yan pegou-a no colo, como se não pesasse mais que um pacote de arroz. Ela começou a se debater e gritar, atingindo-o pelo corpo. Mas ele, firme, ergueu-a com um puxão e a jogou por cima das grades da passarela, para as águas.

— Yaaan! Nãããooooo!

Ela teve a impressão de que ele pulou logo em seguida mas estava tão apavorada que podia estar delirando.

Alessandra caía, caía, o barulho das águas aumentava, foi tudo ficando mais escuro..., ela não parava de cair... e tremia.

O fundo não chegava, ainda estava lúcida e algo a chacoalhava.

Chacoalhava?

Continuava caindo... mas ainda estava viva... sabia disso...

— Ale!, Ale! Acorde!

Abriu os olhos, assustada.

— Aaii! — tentou se desvencilhar do seu agressor.

Não estava mais presa em uma queda infinita, e sim sentada na sua cama, ofegante, com Yan à sua frente, olhando-a interrogativamente e segurando-lhe os ombros.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 05, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Novas Verdades, Um Único Amor (ficou completo até 19/12/2016 p/  lcto cm e-book)Onde histórias criam vida. Descubra agora