Dunkirk - 3

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Música do Capítulo: I Never Wanted To Go (Willamette Stone)

Já era o terceiro dia que ele estava aqui. Nora quando soube da suspeita de Gripe Espanhola não pensou duas vezes antes de contar ao Tenente Willians, e o mesmo não pensou nem um pouco antes de contar ao General, o qual trancafiou Harry e eu aqui. Para que não contaminássemos o restante do navio. Ninguém entrava e ninguém saia. O que foi ridiculamente estúpido, já que ele não esta com Gripe Espanhola. Graças a Deus a viajem está quase no fim.

- O que você está lendo? - Ele perguntou.

Estava sentada na minha cadeira ao lado dele lendo meu livro, assim como fiz durante todos esses três dias. - Orgulho e Preconceito. Deveria ler, é ótimo para passar o tempo - Eu disse olhando para o livro. Já tinha o lido diversas vezes. Era o meu preferido.

- Já ouvi falar, mas nunca tive muito tempo para a literatura. Por que não recita pra mim? - Eu poderia citar o livro inteiro, mas particularmente, havia um trecho que notavelmente me intrigava e deixou um pouco desconcertada naquele momento.

- Ela é tolerável, mas não bela o bastante para me tentar. Não estou com animo no momento para consolar jovens rejeitadas por outros homens. - Eu disse e então olhei para ele, que estava sentado na cama, digerindo calmamente o que eu tinha dito.

Ele já estava muito melhor, desde essa madrugada ele não tinha febre. Eu estava dormindo no meu quarto e tinha deixado à porta entreaberta, para que ele me chamasse se caso precisasse, quando acordei com o bater de dentes de Harry. Por incrível que pareça, eu acordei. As paredes devem ser muito finas entre meu quanto e a sala de enfermagem.

- Esse Darcy é um idiota! - Ele concluiu.

- Achei que não tinha lido o livro.

- E não li, mas é um livro muito famoso - Ele sorriu e eu quase fiz o mesmo. Mas então voltei a ler meu livro. - Sabe o que eu lembrei? Ainda não sei seu nome - Ele disse e eu olhei para ele, encarando seus olhos.

- Já disse, não viemos à guerra para conhecer pessoas - Continuei olhando ele.

- Por que você é tão séria? - Ele me olhou um tanto irritado.

- Não sou séria, sou realista - Disse indignada.

Ele parou de me olhar, e ficamos assim por alguns minutos, eu olhando pra ele esperando que ele falasse alguma coisa e ele olhando para a parede sem falar nada.

- Emery - Eu disse por fim e ele voltou a me olhar - Emery Campbell - Ele sorriu

- Viu só, não foi tão difícil. Porque você não senta aqui? - Ele perguntou.

- Está maluco? Se nos virem sentados na mesma cama vão nos jogar do navio - Eu sorri divertida.

- Ninguém vai entrar aqui, eles não querem pegar Gripe Espanhola - Ele sorriu e me puxou pela mão até o seu lado, então eu me sentei.

- Como sabia que estava com gripe espanhola? Quero dizer, quando você chegou aqui e eu disse todos os seus sintomas você concluiu que estava com Gripe Espanhola - Eu perguntei o olhando calmamente. Ele pegou minha mão, e eu a puxei, receosa. Mas então ele voltou à pega-la enquanto olhava em meus olhos, e eu cedi. Ele começou a brincar com meus dedos, enquanto eu segurava meu livro com a outra mão.

- Meu pai morreu por conta disso, então eu resolvi estudar medicina, pra entender melhor sobre isso, eu estava quase terminando meus estudos quando soube da guerra. Não pensei duas vezes antes de me alistar. Você sabe não é? A família do soldado que se alistar irá ganhar um salário muito bom por servir a Família Real - Ele recitou o que estava escrito em todos os jornais que anunciavam a guerra - Eu tinha que ajudar minha mãe e minha irmã. - Eu soltei meu livro na cama e me virei pra ele, ficando com a perna em cima da cama enquanto segurava sua mão sorrindo.

- Ao menos você vai voltar pra casa, vivo - Eu disse. - Onde está sua família?

- Em Holmes Chapel, fica em Cheshire.

- Um tanto longe de Dover - Eu disse

- Sim, mas vou ir de trem. Você é de Dover?

- Sou - Respondi simplesmente

- Porque veio para a guerra? - Ele perguntou enquanto segurava minhas duas mãos entrelaçadas às suas.

- Disseram que seria algo bom, e eu já estava cansada de ficar em casa sem fazer nada. Eu só estou voltando por culpa do meu pai, preferia ficar lá e morrer - Eu disse contando a mesma mentira. É claro que eu quero voltar pra casa, mas nunca admitiria ser tão covarde a ponto de deixar outras pessoas morrendo enquanto eu estou sã e salva voltando pra casa.

Eu estava olhando fundo em seus olhos quando senti-o apertar minha mão direita mais firme enquanto a puxava, me fazendo chegar cada vez mais perto dele, até que nossos lábios se encostaram, provocando um alucinante beijo.

Dunkirk // HSOnde histórias criam vida. Descubra agora