Pra variar, é um sonho fora do normal. Estou em um tipo de caverna em formato de triângulo, há covas cavadas nas paredes à direita e à esquerda, e na última parede há uma placa de pedra com o que me parecem ser hieróglifos. Estou em uma cripta. Eu caminho até a placa, onde curiosamente, eu percebo que entendo o que está escrito.
"Aqui jazem os corpos que um dia foram possuídos pelo espírito pecador de (?)" - Ciandér.
Não consigo segurar uma risada ao ver a lacuna onde deveria estar o meu nome, é tão ridículo. Mas a graça se vai quando eu me viro para observar minhas covas. Usando uma matemática simples, com seis covas na vertical e vinte na horizontal, chego a conclusão de que já vivi mais de cem vezes. Me aproximo à uma cova na parede direita.
Eu tenho um vislumbre de quem eu fui naquela vida. Um homem branco e baixo que vivia em uma cabana no alto de uma colina, eu tinha uma família de nove pessoas. Nós éramos felizes até que a erupção de um vulcão nos matou em uma tarde enquanto dormíamos. A colina era um vulcão, eu não sabia.
Me aproximo à outra cova. Eu sou um menino pardo e pequeno, andando segurando a mão de minha mãe com uma pepita de ouro pela cidade de Machu Picchu. Nós estamos andando com mais umas vinte pessoas que também carregam ouro. Estamos indo oferecer isso aos deuses.
Em outra vida eu fui uma garota negra que vivia em uma floresta tropical. Eu estou indo para minha casa ver minha mãe e meu novo irmão ou irmã que acabou de nascer. Ao chegar em casa encontro minha mãe desesperada e chorando, segurando uma criança branca e loira nos braços. Eu pergunto porque ela é diferente de nós, e ela responde que foi os espíritos ruins que amaldiçoaram minha irmã, e ela vai ter que mata-la.
Essa história me faz pensar um pouco, eu senti a tristeza daquela garota, eu já fui ela. Vou em direção à outra cova. Agora eu sou uma mulher branca com cabelos vermelhos, eu observo o primeiro ciclo do Stonehenge. Vários homens estão usando o Contato para trazer as enormes rochas para que eu e outras mulheres usássemos para construir, com a ajuda do Contato, mais um dos ciclos do futuro Stonehenge.
Impressionante. A próxima cova é de alguém que viveu na Idade Média. Eu sou um príncipe, segundo na linha de sucessão do trono. Eu estou na cozinha do castelo comendo guloseimas que a cozinheira fez e está me presenteado secretamente, meus pais não queriam que eu comesse muitas besteiras.
Me aproximo à uma cova que parece ter sido feita as pressas. Nela eu vislumbro um homem de aparência oriental, jovem e isolado em uma caverna no meio da mata fechada. Ele está enlouquecendo em pensamentos que ele não consegue processar, por isso ele rabisca tudo nas paredes da caverna. Ele parece estar chegando a lugar algum.
Vejo uma cova que parece ser a primeira e mais antiga de todas. Atravesso a cripta até chegar à ela. Eu me vejo na minha primeira vida, tentando me acostumar ao novo corpo, não sentindo a menor vontade de socializar e pensando em como criar um objeto mortal.
Mas nenhuma me chama mais a atenção do que uma que não foi concluída. Corro até ela, e o que eu vejo me deixa confuso, são como flashbacks. Primeiro eu me vejo sendo uma criança de pele azulada, cabelos amarelos e feições finas. Em outra sou Lúcio indo em direção à uma cabana malfeita, ao abrir a porta eu abraço alguém. E então o sonho acaba.
VOCÊ ESTÁ LENDO
CONTATO
Ciencia FicciónIsso não tem que fazer sentido, apenas precisa ser ouvido. Isso é maior do que nós, e vocês também pensarão assim.