Animal de estimação

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Katorze

Não me movo. Meu corpo está separado da minha alma. Olho para aqueles olhos cinza-escuros que vão me assombrar por toda a eternidade e me sinto um pó das piores coisas da face da Terra. Meu corpo está quebrado, minha alma está morta. Apenas desejo a morte como meu único consolo.

Sou puxada com força, sendo erguido o meu corpo morto.

Minha perna bamba sente a dor insuportável que me rasga ao meio, não me deixa ficar de pé. Antes que perceba, desabo ao chão ao tentar dar o primeiro passo.

— Levem esta puta para o meu quarto, Paolo. — Ergo meus olhos ao velho que me observava em silêncio.

Escuto uma voz asquerosa ao fundo quando meus braços são puxados outra vez com o dobro de força.

— Venha, cadela! — Sinto meu corpo colando ao de Paolo, que faz questão de mostrar sua ereção nas minhas costas, com seu suor colado a mim. — Não importa o quanto demorar, vadia, mas ainda terei meu pau socado bem fundo nesse teu rabo.

Minhas forças estão longe, a única coisa que desejo é a morte. Mais do que qualquer coisa. Ela nunca me foi tão perfeita.

Paolo me empurra, fazendo assim eu andar torta sobre minhas pernas, completamente nua. Empurra-me para todos me verem. Ando lentamente, cambaleando, minha visão turva, meus cabelos jogados ao rosto, e a dor maldita em minhas pernas. Mas a dor pior é a que tento não focar, a dor que está em minha boceta.

Uma vez, dentro daquele quarto no qual dormiam mais de trinta pessoas no mesmo lugar, eu me recordo de uma mulher na faixa dos seus vinte e sete anos que chegou dizendo que estava completamente esgotada. Olhei para ela com pura curiosidade.

— O que foi, garota? Não sabe o que é isso? — Balancei minha cabeça para ela. — Então, mocinha, se prepare para quando tiver um macho com puro tesão fodendo você como se fosse a última boceta da Terra.

Olhei para ela, continuando sem a entender. Mas agora... agora eu sei. Agora... eu soube o que é ter um maldito macho te fodendo como se fosse a última... boceta da face da Terra.

Sinto todas as lágrimas que escorrem pelo meu rosto, queimando-me como brasa, engolindo-me em minha dor. Cambaleio sobre meus pés, sentindo cada célula minha tremendo. Tudo foi tirado de mim: minha infância, minha vida, e agora minha inocência.

Não seguro o choro e, conforme ando, minhas lágrimas molham meus passos. Solto soluços e ergo meus dedos, tampando meu rosto entre meus cabelos.

— Anda, vadia! Bem que você gostou de ter um pau dentro de você... Todos nós ouvimos você gritando por mais — Paolo fala com desdém, achando graça.

Choro mais ainda com toda humilhação e perco o equilíbrio, caindo ao chão. Sinto um puxão forte no cabelo, explodindo dor em minha cabeça, e dois chutes nas minhas costas, que me tiram o ar.

— Não! Para... Por favor, para.

Curvo-me em forma fetal, tentando proteger meu rosto, implorando entre soluços.

— Vá, Paolo, leve logo esta cadela, pois quero mostrar a ela agora como um Ávila de verdade fode — o velho asqueroso fala, sorrindo para mim.

Paolo me chuta mais uma vez, entre minhas costelas, e me ergue aos puxões.

— Solte-a!

Sinto um arrepio de puro terror passar sobre mim. Ao olhar para trás, vejo o pior pesadelo da minha vida com um revólver apontado para nós, seus olhos semicerrados com sua boca em ódio encarando-me.

Katorze 《Disponível AMAZON》Onde histórias criam vida. Descubra agora