Capítulo 1

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     "Como Ícaro, fascinado, não lembrou que voava perigosamente perto demais do sol".


    06/04/2015


Bom dia, bom dia! O sol brilha forte nessa bela manhã parisiense. Temperatura de 24°C, umidade relativa do ar de 70%. Para aproveitar bem essa manhã, não se esqueça do protetor solar, pois se lembre de que mesmo com o tempo nubla...

Movo meu braço rijo instintivamente em direção ao rádio sobre o criado-mudo e o desligo, fazendo a voz do locutor cessar. A débil luz solar invade meu quarto, abro os meus olhos e volto a fechá-los quase no mesmo segundo, apertando-os com força.

– Cadê meu celular? Percorro a mão, tateando a redor do meu corpo com os olhos ainda fechados que se recusavam a abrir.

Na tela 7h15 em branco e negro, rolo da cama e obrigo o meu corpo a se por de pé. Sigo para fora do quarto dizendo para mim mesma que não vale a pena voltar para a cama. Nunca fui de acordar tarde, e não é agora que eu vou criar esse hábito.

Esse é o meu vigésimo sétimo dia em Paris, e o meu segundo sem elas, Clara e Bruninha voltaram ao Brasil para resolver alguns problemas, e confesso que a perspectiva de estar completamente só nessa cidade me deixa um pouco deslocada.

Bela Paris! Bem, provavelmente você já tenha ouvido isso varias vezes, mas repito, é uma cidade maravilhosa. Paris... A cidade do amor, da moda e da gastronomia. Do amor, no momento é algo dispensável. Da moda, a pobre garota sem tempo que sou mal sabe o que é isso. A gastronomia? É o que corre em minhas veias e Paris é o órgão que faz tal sangue fluir pelo meu corpo. Eu estou aqui e mal consigo acreditar na minha sorte!

Desculpe-me, esqueça a palavra sorte, foi só uma força de expressão. Não houve sorte alguma, só o meu trabalho pesado, dedicação e suor... Muito suor. Enfim, O fato de eu ter conseguido chegar até aqui, mostra que estou cada vez mais próxima de conquistar aquilo que mais ambiciono na vida: Ser uma renomada Chef de cozinha.

Saio do quarto e vou em direção ao único banheiro da casa. Ligo o chuveiro e imediatamente sinto o prazer da água morna em contato com o meu rosto, que vai seguindo seu percurso pelo o meu corpo, levando consigo sonolência de segundos atrás.

Agora eu recordo, ontem foi uma noite exagerada, não deveria ter deixado ser persuadida por aquelas loucas. Agora eu sinto a consequência do excesso de álcool: ressaca desgraçada, dor de cabeça e um leve sentimento de culpa por ter bebido além da conta.

São 08h15 agora, e sinceramente não sei o que vou fazer com as próximas oito horas que me restam.

Vou para o espelho e não fico nem um pouco feliz com o que vejo, mas saiba que geralmente isso não acontece. Sempre fui satisfeita com a minha aparência, mas hoje eu estou com um inchaço fora do comum. Resultado da noite de ontem. Pego a primeira escova que vejo na mesinha ao lado da minha cama e escovo meus fios negros e ondulados.

Arrasto-me para o sofá e pego o controle remoto no centro da sala. Ligo a televisão e de repente a vaga ideia de passar algumas ociosas horas em frente à TV é tentadora. Afundo minha cabeça entre as almofadas do sofá, e nesse instante decido que é isso que eu vou fazer, até o momento que meu celular toca. Ah merda! Levanto-me preguiçosa e vou em direção ao meu quarto. Onde está esse celular? Procuro entre o emaranhado de lençóis na cama. Pego o celular e vejo que é Bruna quem está me ligando, o que será que ela quer tão cedo?

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⏰ Última atualização: Aug 01, 2016 ⏰

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