C.39 - Lei Da Vida

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- Que foi Diego? - perguntou Miguel.
- Sei lá, um aperto forte no peito...- nessa hora só conseguia pensar em Rafael - ... Preciso ver Rafael, eu preciso ir pro hospital agora! - disse já ficando nervoso.

***

O resto da semana passou com Rafael ainda no hospital, ele não recebeu alta o que era bastante estranho já que ele tinha apenas quebrado a perna. Ele não apresentava nenhum sinal de melhoras, pelo contrário, ele só piorava.

- O que o Rafael tem, por que ele não sai do hospital logo? - pergunto a Igor.
- Os médicos disseram que devido ao acidente ele sofreu lesões na cabeça que ainda estão abertas, precisam ser tratadas com calma. - respondeu ele.

Igor.

- Você precisa contar pro Diego, Igor! - dizia Amanda.
- Eu não posso!- gritei - Rafael me fez prometer que não contaria nada, eu não posso...

Diego.

Miguel tem estado comigo a todo estante, sempre mostrando ser um garoto bom e demostrava gostar de mim.
Mas ele não pode, eu amo Rafael e não quero que ele se iluda comigo.

- Não é ilusão, eu te amo e nunca estive tão certo como estou agora. - disse segurando minha mão.
- Miguel, eu...
- Você ama o Rafael e blá, blá, blá... Eu sei, não precisa repetir. - disse ele levantando do sofá.
- Me desculpa... Eu vou tomar banho e me arrumar pra ir pro hospital. Se quiser pode ir, peço pra Igor me buscar.
- Eu te levo! - disse ele.

Subo, tomo banho e me lembro de cada momento que passei com Rafael. Sinto um aperto no peito, um mau presentimento como se... Bom, espantei esses pensamentos pra longe e me arrumei.
Desci e Miguel estava no sofá, parece que adormeceu. Coitado, não o culpo afinal temos virado noites inteiras sem dormir e ainda mais ele que tem estado comigo a cada momento.

- Ei, Miguel... Acorde - disse eu baixinho.
- Ah, já tá pronto? Vamos então... - disse ele.
- Não, vá dormir no quarto você está um caco.
- Não precisa, eu posso te levar... - disse ele subindo para o quarto.

Ainda estava cedo e não ia fazer nem três horas que tinhamos chegado do hospital, dava para darmos uma descansada. Confesso que até mesmo eu estava caindo de sono e morto de fome, fui na cozinha e preparei algo para comer e depois subi para o quarto e me deitei no sofá que tem nele.
Acho que dormi por horas e logo depois Miguel me acorda.

- Vem, vamos comer alguma coisa. - descemos e comemos, conversamos um pouco e mais uma vez falamos sobre o sentimentos dele por mim. Ele não entende que eu não posso ficar com ele namorando Rafael, que por sinal é irmão dele? Tá, ele é bonito e tals mas não dá...

Mais tarde chegamos ao hospital e tods estavam lá, Igor, Amanda, Rodrigo, Melissa, Eduardo e minhas mães, até mesmo Ian estava no hospital.
Todos estavam chorando.

- Que foi gente, o que aconteceu? - meu coração logo apertou. Igor me levou até o quarto de Rafael que estava deitado em sua cama.

- Rafael... - disse eu com a voz embargada e com os olhos lacrimejados.
- Meu amor - disse ele com a voz falhada - Eu te amo tanto, tanto... Mas...- ele começa a chorar. - Me promete uma coisa?
- O que ?
- Que você vai ser feliz, mesmo sem mim você vai ser feliz...- disse ele. - me promete.
- Do que você tá falando Rafael, o que? - perguntei eu. Ele respira fundo, choramos os dois juntos.
- Tudo que eu mais queria era ter alguém como você na minha vida, que me fizesse feliz nos momentos tristes. Que além de toda imperfeição conseguisse me amar... Você é bem mais do que eu sonhei, bem mais do que eu imaginei... - disse ele aparentando estar cansado. Ameaço sair do quarto pra ele descansar mas ele me segura. - Fica aqui comigo, fica... Por que a ultima coisa que eu quero ver nessa vida é o seu rosto... - disse ele e me derramei em lagrimas, parecia que ele estava se despedindo de mim. - Me beija? Me abraça, me aperta... - disse ele. Eu o abrecei, o beijei e o apertei e deitei em seu peito.
- Ainda temos muito que viver meu amor, quando você sair daqui andaremos a cavalo e seremos felizes... Por que eu te amo e sem você fica tudo sem graça, sabe? - ele não diz nada, só respira pesado. - Rafael ?
- Eu te... Te amo... - diz ele quasse sussurrando.
- Também te amo Rafael, você vai ficar bom logo tá ?... - silêncio - amor? - levanto a cabeça e o vejo de olhos fechados, palido... Entro em total desespero.

- Não... Rafael, não.. Não, Rafa... - entro em desespero e a chamá-lo - RAFAAAEEL! - grito, logo Igor entra no quarto e vê Rafael e me abraça. Os médicos entram no quarto e Igor me leva pra fora, da janela observo os médicos tentando reanimá-lo.
Algumas tentativas depois os médicos desistem. Sinto meu coração ser esmagado, estraçalhado e arrancado de mim.

- NÃO! - grito e sinto minhas pernas falharem, caio no chão e Igor também não se contém.

- Sinto muito, ele partiu. - disse o médico.
- Vocês precisam fazer alguma coisa, vocês precisam salvá-lo... - disse eu sacudindo o médico que dizia que não havia mais nada a ser feito, minha mãe me mandava me acalmar.
Me soltei deles e corri pro quarto, agarrei em Rafael e me neguei a soltar ele.

- Rafael acorda, você não pode me deixar... Até o fim, lembra?
Até ... O fim - disse eu chorando.

Ian, meu irmão, me levou pra fora do quarto.
Eu não consigo aceitar, não dá.

- Vai ficar tudo bem Diego - disse Miguel.
- Tudo bem? Não está bem Miguel... Não está. - disse eu, ele me abraçou e disse "eu to aqui, com você".

Funeral...

Todos estavámos desolados,
Eu então, um rio transbordando.
O funeral de Rafael foi a coisa mais triste, tinha muita gente, amigos, familia, conhecidos...
Até Camillo estava lá.
Já seus pais nem deram as caras, se dessem também eu mataria os dois.

***

A vida é assim, as vezes nos tira o que nem era nosso.
É preciso saber dizer adeus, abrir mão... É preciso ter forças para que possamos superar.
Perder alguém que amamos dói tanto, tanto que parece que uma parte do nosso corpo foi arrancado sem dó nem piedade mas é preciso força pra suportar a dor da perda. Hoje nos despedimos de alguém que era como um anjo de tão bondoso... - dizia o padre.

Nesta hora era como se eu ouvisse uma musica tocando.

"Tudo que sobe desce,
Tudo que entra sai
Hoje você me vê, amanhã talvez não veja mais.
Tudo que nasce morre, tudo que vem se vai. Hoje morreu pros sonhos, que ele descanse em paz.

Não temos controle o tempo é ligeiro, na estrada da vida somos passageiros mas que Deus guarde cada estrela a mais no céu. As lembraças ficam não tem como voltar, no mesmo momento naquele lugar aquele sorriso jamais verá denovo.

E aonde estiver olha por mim o meu amor não ter fim, tudo que passou do meu lado estará pra sempre guardado.
E aonde estiver olha por mim,
Tudo que vem tem que ir é a lei da vida, não é feita por mim..."

***

Eu E Você, Contra O Mundo (romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora