Minha história

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Como prometido, ela estava entre as arvores, a espera de Augusto.

Para Marina era algo extremamente normal deitar na grama e abraçar o silencio e a solidão. Era ali que ia em todas as situações que passara, para por a cabeça no lugar. E agora estava impaciente, carregada de incertezas, sem saber se ele realmente iria até ela.

Seus cabelos se espalharam na grama e seus olhos se fecharam, de uma forma aparentemente descontraída. Mas já passara-se cinco minutos de atraso e nada de Augusto aparecer.

– falou sem humor.

― Marina, não veja as coisas assim... – sua voz era mansa e calma, mais parecia com um afago leve.

― Sente-se. – ele olhou para a grama. Não era convidativo.

― Melhor ficar de pé.

― Ah, sim... Claro que um homem como o senhor não irá sentar no chão, sobre a grama. Pode manchar sua calça de grife. – debochou. Augusto tomou aquilo como uma espécie de desafio e sentou-se.

― Então, o que precisava falar-me?

― Eu preciso que me ouça. O que tenho a lhe dizer é muito sério... – um nó formou-se em sua garganta. Era demasiado difícil falar sobre aquilo.

― Conte-me.

― Eu... Meus pais o estão enganando. Não é certo o que estão fazendo.

― Como assim?

― Eu... Eu tenho um filho... – seus olhos estavam repletos de lagrimas. Ela sentou-se de frente para ele. O lugar era iluminado e ele podia ver tamanha tristeza em seus olhos. Ela engoliu em seco e continuou. ― Um menino de quase quatro anos.

― Impossível. Desde muito tempo eu tenho conhecimento de você e nunca soube disso. E mesmo, seus pais me garantiram que você estudou sempre com meninas e nunca teve contato nem com seus primos homens. Nunca os conheceu. É mentira o que está a dizer! – ele estava se irritando com a narrativa dela, começando a achar que fora uma perda de tempo ir ate ali.

― E de fato, nunca tive contato com outras pessoas. Mas... – suas lagrimas rolavam em torrentes – Se sabe de toda a minha vida, deve saber que vivi um ano fora, certo?

― Sim, eu sei. E lá você adoeceu e precisou de uma cirurgia neste período. Lembro-me bem.

― Meus pais me mandaram morar fora para que ninguém descobrisse sobre minha gravidez. Eu fiquei lá até que ele nasceu.

― Mas como isso é possível, se você mesma afirma que não teve contatos com ninguém?

― Irei chegar lá... – Marina secou as lagrimas em seus olhos ― Quando eu comecei a passar mal em casa, meus pais chamaram uma medica para me ver e foi então que descobrimos minha gravidez. Neste período eu fui apedrejada com todos os tipos de ofensas que se pode imaginar. Eu sofri muito, mas não podia contar a verdade a ninguém. Tinha que manter silencio sobre o pai do meu filho, ou nós dois, meu filho e eu, morreríamos. Mas o pior foi ter que suportar viver um ano inteiro fora, por algo do qual eu não tinha culpa.

"Quando chegou a hora do meu filho nascer, meus pais viajaram para Londres, não para me ver, mas para definir o destino daquela criança. A pressão era demasiada, o medo era maior ainda. Eles poderiam simplesmente entregar meu bebê para um orfanato qualquer. Mas quando chegaram ao hospital, meu irmão, com quem eu morava na época...

― Saudoso Roberto. Ele era um bom garoto. Foi nesta época que ele faleceu, não foi? – Augusto tentava entender tudo, mas não podia deixar de lembrar-se daquele rapaz. Ele era astuto nos negócios e frio em suas negociações.

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