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Posso ter sido precitada no momento em que afirmei com todas as letras que minhas irmãs e eu não possuíamos muitas coisas em comum. Na verdade, eu fui sim precitada por falar aquilo. Mas no calor do momento, as coisas meio que saem sem um filtro dos meus pensamentos.

Digo, não que sejam várias as coisas que temos em comum, mas elas vão além de um sobrenome e uma fama fajuta em um colégio.

Nós passamos por momentos que definiram o que somos agora e não foram momentos fáceis.

Dizem que toda ação tem a sua consequência e nós sofremos a nossa depois do que tudo aquilo aconteceu.

Há quatro anos, quem olhasse para Summer e eu pensaria que éramos irmãs gêmeas; Nós éramos tão parecidas em tantos aspectos que às vezes eu chegava a ficar assustada em como um pessoa pode se parecer tanto com a outra. Nosso pai mesmo já havia cansado de relatar que sempre que estávamos de costas, ele não sabia quem era a Summer e quem era a Fall. E ao contrário do que muitas pessoas imaginavam na época, Summer e eu não odiávamos isso. Nós amávamos.

Spring sempre foi muito focada em seus estudos. Isso desde que ela entrou para o colégio. Mas antes do que aconteceu, ela era mais aberta e falante. Minha irmã não tinha medo de deixar os livros por uma tarde apenas para ficar na companhia da família. Ela não tinha medo de se abrir conosco em nossas festas do pijama semanais. Ela não tinha medo de tentar alguma coisa com algum garoto e se apaixonar, no final. Ela não tinha medo da vida. Mas depois de tudo, Spring acabou se fechando no mundo nada colorido de livros e mais livros didáticos. Eu sabia que no fundo ela sentia falta da antiga ela, apenas não conseguia admitir.

Entre nós quatro, a que menos sofreu mudanças foi Winter, mas isso não queria dizer que ela não mudou também.

Desde pequena a nossa irmã mais nova sempre se espelhou em todas nós. Se engana quem pensa que por se espelhar nas irmãs mais velhas, Winter não possuía uma personalidade forte e única. Ela sempre foi a mais decidida entre nós quatro, Summer e Spring que me perdoem por isso, mas Winter sempre possuiu essa vontade de mudar o mundo e o deixar mais... Rosa. É, rosa. Segundo Winter, rosa é a cor do amor e apenas isso pode transformar o mundo. Mas ela perdeu um pouco da sua fé nessa crença há quatro anos.

Todas perdemos alguma parte nossa naquele ano.

E como se não bastasse perder tantas coisas no meio daquele caos que nossa vida tornou-se, acabamos nos perdendo uma das outras. No momento que mais precisávamos nos unir e passar forças, nos separamos. E não foi decisão de apenas uma de nós, mas sim de todas nós.

Nunca conversamos sobre isso. Na verdade, faziam anos que minhas irmãs e eu não nos sentávamos e conversamos de verdade sobre alguma coisa.

Sempre parecia forçado. Qualquer coisa que tentássemos fazer umas pelas outras parecia... Estranho.

Até a noite em que dei carona para Winter até Hampshire e as coisas mudaram.

Não foi uma mudança drástica, mas durante o pouco tempo que permaneci sozinha no carro com a minha irmã mais nova... Algo aconteceu. Não foi um momento estranho ou forçado, a conversa entre nós fluiu naturalmente e Winter me contou várias coisas que estavam acontecendo na vida dela. Principalmente no colégio. Ela falou muito e faziam anos que eu não escutava a voz da minha irmã tão animada e durante tanto tempo.

Foi naquela noite que me dei conta que possuíamos mais coisas em comum do que eu imaginava.

Enquanto eu divagava sobre a minha relação com as minhas irmãs, me encontrava sentada na cama de Winter e tendo como companhia Summer e Spring. Ao que tudo indicava, ela havia pedido ajuda à todas nós e nos deixado ali, a esperando enquanto ela havia dado a desculpa que precisava pegar algumas coisas. Segundo ela, seria mais fácil de explicar a situação se os tais itens estivessem presentes.