Wildest Dreams [Projeto 1989]

Bem vinda ao Egito

Capítulo 1

- Bem vinda ao Egito

Quando você acha que está apaixonada parece que não existe outra coisa no planeta a não ser aquela certa pessoa. Aquela que te traz um arrepio na nuca, uma risada gostosa no fim do dia ou até o simples e mais feliz dos beijos.

Você não percebe todas aquelas pessoas ao seu redor, que te amam de verdade, falam que aquela paixão é uma coisa tão passageira como o sol no inverno ou chuvas no verão. Não consegue ouvir as opiniões negativas sobre aquele relacionamento, e para falar a verdade, nem as positivas.

A pessoa que acha que está apaixonada só vê um futuro, os próximos dias com aquela pessoa e o que eles podem fazer. Passear no parque, assistir a um filme depois do trabalho, ter uma relação mais firme?

E quando acontece uma coisa aterradora a pessoa finalmente percebe aqueles que estavam ao seu redor o tempo inteiro a avisando sobre aquele fim que logo chegaria de um jeito ou de outro e você foi a única a não perceber.

A indecisão bate sobre cada escolha que você fez, analises e mais analises sobre o que você falou e porque tudo levou aquele momento desastroso. Mas nada justifica aquilo, porque, no final das contas, a culpa foi sua mesmo por não perceber que seu namorado era um safado, cafajeste, imbecil e ainda por cima de quinta categoria!

O termino é uma coisa inevitável, talvez você possa até perdoar, mas, com a minha experiência em relacionamentos, perdoar e retomar o namoro não é a opção mais válida que você tem na vida. Precisa seguir em frente, viajar, mudar de apartamento, fazer até uma renovação no seu guarda roupa.

Isso era o que dizia o livro de autoajuda que eu lia desde que embarquei no avião. Eu havia prometido a mim mesma que iria admirar a paisagem e esquecer tudo que tivesse a ver com Edward e nossa relação, qualquer coisa! Mas não se passou nem dois minutos inteiros e eu já queria relembrar todos os nossos momentos bons antes de eu flagra-lo com sua secretária e de ter dado um belo tapa em seu rosto bronzeado antes de correr para fora de sua empresa.

E quando abri minha bolsa para procurar uma barra de chocolates que eu havia escondido ali o livro Não se destrua saiu de lá como um passarinho descobrindo que tinha asas e podia voar, como se ele sentisse que eu precisasse dele. Mel havia me dado de presente quando nos conhecemos e eu tinha largado meu namorado porque ele não conseguia aceitar que eu, com tão pouca idade, já havia me formado na faculdade.

Ao ler o livro eu só conseguia balançar a cabeça desesperadamente afirmando tudo que a autora falava, cada detalhe e sentimento era eu, bem ali, exibida em páginas que eu tinha me recusado a ler por longos e duros quatro anos. A mulher ao meu lado só conseguia se afastar de mim todas as vezes que eu bufada, que era praticamente a cada parágrafo de concordância, e ela também já havia perguntado duas vezes para a aeromoça se podia trocar de lugar. Talvez houvesse uma doença de bufo no Egito que eu não sabia, porque eu só bufada e concordava, não era possível que ela tinha medo daquilo.

Tá, talvez fosse minha cara de raiva e minha compulsão em comer o meu chocolate, mas não poderia ser nada que realmente assustasse uma pessoa. Mas eu não conseguia evitar fazer caretas e continuar a concordar com o livro, era tudo uma completa verdade que eu fingi não saber. Enterrei bem fundo em meu interior para mascarar qualquer desinteresse que meus namorados anteriores e Edward tinham por mim. Solidão era o que eu mais sentia depois dos meus nove anos, e, quando fiquei mais velha, as pessoas sempre tentavam me usar para chegar até meu pai, e eu apenas fingia que não percebia toda a falta de interesse em mim.

O voo demoraria quase treze horas de duração e eu consegui dormir pouco tempo, em compensação a mulher que me olhava tordo apagou e roncou durante o resto da viagem. Eu que deveria querer trocar de lugar agora, ela roncava feito um porco e ainda estava babando, eu me virei reclamando para a janela, onde, ao nascer do sol do Egito, eu pude ver o deserto se estendendo por milhares de quilômetros.