– Perdão padre. Eu pequei.
– Estou ouvindo. Pode falar.
– Há umas duas noites eu tava com o Dinho, meu irmão mais novo, nas vielas do morro, "administrando os negócio", "sacumé". Foi quando os "home" apareceu:
...
– Parados! Mãos na cabeça!
– Que isso sangue bom?
– Cala a boca! Correa, algema neles!
...
Eles não deram a menor chance de reação. Botaram a porta do barraco abaixo, e foram logo dando porrada e algemando nós dois.
...
– Que isso? "Num" precisa disso, pô!
– Presta atenção vagabundo! Que eu vou te explicar a situação. Tá vendo aquele otário que você chama de irmão...?
Bam!
– Ahn!
– Dinho! – Gritou Dil!
– ... Que acabou de levar um tiro na perna? Pois esse foi só o primeiro. Tu vai me dar a grana agora, ou teu irmãozinho vai virar peneira.
– Merda Dil! Fala logo pra eles.
– Relaxa mano. A gente vai sair dessa.
– Falar o quê? Que conversa é essa? – Interrogou o policial
– A grana tem sido pouca, por causa dum tal de padre Lúcio, que veio pra igrejinha aqui perto, e começou uma merda de projeto social. E pra piorar, um cara que tava numa parada com a gente, roubou nossa grana.
– Há... Parece que alguém levou tua grana Milton. – Ironizou o policial Correa.
– É isso mesmo Dil? Tu deixou que um merdinha levasse meu dinheiro?
– Eu vou recuperar a grana, cara. Me dá só mais um tempo.
– Dá um tempo, Dil? Correa! Dá é outro tiro nesse infeliz.
Bam!
– Ahn! Meu Deus! – Gemeu Dinho, levando a mão a outra perna que acabara de ser baleada.
– Pára, porra! Já falei que num precisa disso, seus desgraçados!
– Tu, agora resolveu ser corajoso? Tua coragem vai embora rapidinho quando for a tua vez de levar chumbo, seu mané!
– Milton, eu vou te dar a grana. Só me dá mais um tempo. Eu vou achar o cara que roubou a gente, aí...
Bam!
Dil não teve tempo de terminar de falar. Dessa vez seu irmão mal reagiu ao disparo, realizado por Milton, que atingiu seu abdômen. Estava inconsciente, devido à hemorragia.
– Teu irmão virou peneira. Mas com você vai ser bem pior. Tu vai virar exemplo, pra quem não pagar o que me deve, tá sabendo? Tua sorte acabou Dil.
– Engraçado. Eu ia dizer o mesmo pra você.
– Como é que é?
Milton ouviu um gemido gutural vindo de Dil, que estava de cabeça baixa, e começou a se encolher no canto do barraco.
Estava com as mãos algemadas para trás, quando se levantou, de costas para os policiais, com o rosto grudado na parede de madeira, e arrebentou as algemas.
Milton não estava acreditando que as algemas foram quebradas como se fossem de brinquedo. Talvez por isso tenha demorado para mirar e atirar. Mas, já era tarde demais. Tinha perdido Dil de vista. E de repente, ele já estava bem na sua frente, apertando seu pescoço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Angelus - A Profecia
FantasyPrimeiros capítulos da história. Para saber mais acesse: www.autorrt.wix.com/angelus