Capítulo 2

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Obs: O moreninho da foto é o meu Miguel hahahaha. Espero que gostem do capítulo. Boa leitura!


Por Rodrigo

O sol entrava pela janela do meu quarto, anunciando um novo dia. E era mais um dia sem ela. Faz um pouco mais de dois anos que Bianca me deixou e ainda sofro com sua ausência. Não é fácil perder alguém que você ama. É dolorido ficar sem ver o sorriso que te faz bem. Ficar sem ouvir aquela voz suave que transmite paz. Ou a risada exagerada que lhe faz sorrir. Não era fácil, mas eu tinha que me manter forte. O meu filho precisava de mim. Agora ele era o responsável pelos meus sorrisos. Era ele que me dava força para continuar. Agora, como um carinha de cinco anos conseguia isso? Eu não sei, mas ele conseguia. O meu anjo conseguia.

Quando Bianca descobriu a gravidez, eu apenas cursava a faculdade, então me vi desesperado. Dois jovens que ainda precisava aprender tanto da vida, agora teriam que pensar em outro ser. Lembro perfeitamente da minha reação quando ela me contou sobre a gravidez. Estava deixando ela em casa depois de passarmos o dia juntos, e durante todo o nosso passeio ela estava estranha, parecia que queria me contar algo, mas estava com medo. Quando perguntei o que estava acontecendo ela negou, dizendo que estava tudo bem. Quando tornei a perguntar pela terceira vez, ela soltou um "Eu tô grávida", me fazendo pisar no freio imediatamente. Estava tentando processar as palavras e meu cérebro tentava absorver aquela informação . "Eu tô grávida", essa frase ficou soando em meu ouvido. Ela estava grávida, eu tava ferrado e com toda certeza, estaria morto quando o pai dela descobrisse. Até que outra frase tomou conta da minha mente : "Eu vou ser pai". E quando prestei atenção naquelas palavras, algo surreal aconteceu dentro de mim. Algo capaz de tirar qualquer medo que eu sentisse naquele momento. E quando a minha ficha finalmente caiu, eu olhei para ela que me encarava receosa, provavelmente com medo de ouvir algo que não gostasse. E quando eu comecei a dizer em voz alta a frase que ocupava os meus pensamentos, ela começou a chorar e sorrir ao mesmo tempo. Eu não poderia fazer outra coisa a não ser abraça-la e beijar-la. Coloquei a mão sobre sua barriga que não dava sinal de gravidez, e sorri feito bobo. Miguel já tinha o dom de me fazer feliz, antes mesmo de vim ao mundo.

Quando contei a minha família que seria pai, tive total apoio deles. E isso inclui ouvir alguns vários sermões dos meus pais. Eu os compreendia, afinal tanto eu, quanto Bianca éramos jovens demais para pensar em ter um filho. Mas mesmo assim, aconteceu. Não foi planejado, mas já era amado! E quando falei isso ao meu Pai, vi em seus olhos a emoção e o orgulho. Dali por diante ele se propôs a me ajudar em tudo. Já com a família de Bianca foi mais tranquilo, apesar de também ouvirmos o pai dela falar algumas coisas. Sinceramente estava preparado para morrer quando falasse sobre a gravidez, mas nos surpreendendo eles aceitaram bem a notícia. Lembro-me que, quando nossos pais se encontravam, sempre rolava aquele famoso "Será que vai ser o que? Menino ou Menina?". No final das contas, meu pai acertou o palpite. Alguns meses depois descobrimos que um menininho viria para o mundo. E seu Beto não escondeu sua felicidade, já estava até planejando ensinar capoeira ao neto.

Depois de levantar e fazer minha higiene, foi a vez de acordar um carinha dorminhoco pra caramba. Esse daí dorme mais que a cama.

- Filho, acorda! - disse enquanto o sacudia - Vamos campeão, você tem escola.
- Não quero. - foi o que ouvi.
- Vamos lá, carinha. - tentei mais uma vez e o vi virar para o outro lado. - Eu não queria, mas eu vou ter que usar minhas garras.- ameacei e o vi sentar imediatamente. Tive que ri.
- Não, Papai! As garras não - Eu não o ouvir, e dei início ao ataque de cócegas, fazendo com que ele deitasse novamente. Ouvir sua risada era como uma injeção de ânimo. Alegrava a alma. Ele tentou por diversas vezes se livrar de mim, e todas suas tentativas falharam. Quando já estava rindo também, o soltei.
- Bom dia, campeão.
- Bom dia, Papai. - ele me respondeu enquanto me abraçava. E eu já tinha ganhado o meu dia só por causa desse abraço.

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