CAPÍTULO 02

13 3 1
                                    

Eu estava tendo um bom sonho quando alguém começou a tocar a campainha insistentemente. Tentei ignorar para que a pessoa fosse embora e me deixasse em paz, mas não funcionou, pois quem quer que estivesse na porta pregou o dedo na porcaria do botão fazendo um barulho muito irritante.

Levantei-me irritado da cama, não importei com minha aparência apenas queria mandar quem quer que fosse ir se ferrar. Abri a porta irritadíssimo, pronto para mandar a pessoa ir embora quando vi quem era.

Bonjour Pietro! ― falou Alícia me dando uma olhada de cima abaixo e logo entrando em minha casa sem ser convidada. ― Vá logo se arrumar, pois temos um dia cheio de investigações.

― Como sabe onde eu moro? ― perguntei confuso e olhando ela fuçar em tudo quanto é canto da minha casa.

Ela apenas me deu um sorriso e fez um gesto de mão querendo que eu me apressasse. Irritado fui até o banheiro escovar os dentes. Depois de sair encontrei-a folheando um dos meus livros.

― Ei! Não toque nisso! ― falei pegando o meu precioso. Podiam mexer em tudo, menos na minha coleção de livros macabros.

― Coleção interessante.

Não respondi nada apenas fiquei esperando ela explicar o que estava acontecendo.

― Nós temos que ir até a minha casa pegar os artigos que eu já juntei. ― disse um tanto séria, era estranho a ver mudar de totalmente animada e mimada para séria.

― E porque não trouxe?

― Porque não.

Revirando os olhos peguei uma camiseta, já que era um hábito meu perambular pela casa só de calça e fui até a porta esperando ela passar para podermos ir à sua bendita casa.

No caminho todo ela foi tagarelando coisas como "não podemos fazer barulho", "ninguém pode nos ver" ou "temos de ser rápidos".

― Estamos invadindo uma casa ou realmente é a sua casa?

― É a minha casa, mas meu pai mora lá, temos que ir agora já que ele não está ou me encherá de perguntas como "este é o seu namorado?" ― ela imitava uma voz fininha e irritante ao falar do pai o que me fez rir. ― Sendo assim temos que ir antes que ele nos veja, ok? E os vizinhos também não podem ver ou irão fofocar.

― Ok... ― falei estranhando aquilo tudo. ― Então a grande detetive ainda mora com o pai? — provoquei com um sorriso de canto.

O seu rosto ficou completamente vermelho, o que me fez cair na gargalhada.

― Não me enche! ― cruzando os braços ela passou a olhar o movimento das ruas pela janela do carro, e fazia uma cara fingida de emburrada que me fez rir mais ainda.

― Ao menos rica você é. ― disse ao avistar uma enorme casa de dois andares. Estacionei em um local um tanto quanto afastado para evitar sermos flagrados.

Cautelosamente andamos até a entrada da casa, ela tentou a maçaneta e a mesma estava trancada.

― Procure uma pedra falsa, tem uma chave dentro dela.

― Você não tem a chave da própria casa? ― falei indignado voltando a procurar.

― Esqueci ao sair apressada! ― ela fez uma cara de desdém e me apontou uma pedra, eu peguei e abri a porta. ― Entre, entre!

Ao entrar fechamos a porta, guardei a chave para o caso de precisarmos depois e só então fui reparar na mobília. Realmente tão elegante quanto aparentava ser; móveis caros, lustres magníficos e vários quadros espalhados pelas paredes.

Ela foi em direção às escadas e a segui. Passamos por um corredor escuro e logo chegamos ao seu quarto. Estava incrivelmente organizado, o que de fato era estranho, ela não parecia ter cara de arrumar o quarto, mas vai ver que tinham empregadas.

Correndo até o guarda-roupa ela retirou um fundo falso onde começou a tirar pastas e pastas de lá de dentro.

― Aqui estão! ― ela pegou a pilha de pastas e jogou sobre mim. ― Agora vamos.

― Pegou tudo? ― resolvi me certificar que ela havia pego tudo para não termos de voltar aqui novamente.

― Sim.

― Espero mesmo.

Descemos a escada silenciosamente. Agora só faltava sair da casa e pronto! Aquela sensação de que estávamos invadindo não me deixava. Claro que tecnicamente estávamos invadindo, devido ao fato de que não deveríamos ser pegos pelo pai de Alícia ou estaríamos em problemas.

― O que estão fazendo? ―perguntou uma voz atrás de nós.

Meu corpo se arrepiou. Esperei que a loira ao meu lado se virasse para que eu pudesse enfim encarar a pessoa que nos flagrou. Ao me virar me deparei com uma ruiva, ela possuía belos olhos verdes; como estava frio usava um gorro branco na cabeça e um sobretudo vermelho, calças negras e botas.

― Carmem! Não me assuste assim! ― falou Alícia claramente aliviada.

― Quem é esse? ― perguntou apontando com a cabeça para mim.

― Ah! ― disse ela como se finalmente houvesse se lembrado de que eu estava ali. ― Pietro essa é a minha irmã Carmem.

― Olá.

― O que vocês estão fazendo? ― ela simplesmente ignorou o meu comprimento e olhou desconfiada para nós.

― Estou investigando, então não atrapalhe!

― Investigando o que?

― O restaurante!

― Eu quero participar!

― Ok, mas não atrapalhe. ― Alícia balançou a cabeça concordando e sua irmã começou a saltitar.

― Agora vamos logo antes que papai apareça!



BrouillardOnde histórias criam vida. Descubra agora