— Por que você fez isso? — Eu gritava para a pessoa na minha frente. Entretanto não conseguia enxergar seu rosto.
— Ela sabia demais. — Ouvi dizer. Meus olhos se arregalaram diante da resposta.
— Isso não te dava o direito.
— Agora não interessa mais. Você terá o mesmo destino.
Um sentimento de pânico atravessou o meu corpo. Girei-me rapidamente e comecei a correr, porém senti suas mãos grudarem em meus cabelos, eu caí devido a força que me puxou para trás. Logo começou a me arrastar pelo chão.
— Não! — gritava tentando me soltar. — Pare! — eu passava por vários objetos e tentava me agarrar a eles, mas nenhum conseguia suportar a força e quebrava ou meus dedos escorregavam. — O que vai fazer comigo? — o desespero tomou conta de mim, não queria ter aquele trágico fim.
A resposta não veio. Fui jogado dentro de um quarto onde a porta foi trancada, havia uma janela de vidro do qual tentei quebrar, mas era impossível. Vi a pessoa se mover e pegar um barril com um líquido. A mesma começou a jogá-lo por todo o local, o odor de gasolina fez minhas narinas arderem.
Meus olhos se esbulharam ao perceber o que iria acontecer, meus batimentos cardíacos se aceleram mais ainda. O suor escorria pela minha têmpora, os pelos do meu corpo estavam arrepiados e a respiração ofegante. E assim, ele fez o que eu mais temia. Ligando o gás do fogão a pessoa sacou do bolso um isqueiro, acendeu-o e jogou no líquido. O lugar rapidamente pegou fogo, vi-o fugir e me deixar ali para morrer.
Me debati tentando sair, sem sucesso, olhei desesperado para as chamas. Aquele era o meu fim, e com esse pensamento o local todo explodiu em chamas.
***
Acordei naquele dia mais cansado que o normal, não entendia o porquê de meu corpo estar tão tenso. Eu ainda estava com uma jaqueta de couro e de tênis na cama. Olhei ao redor, tudo estava como antes. As meninas provavelmente estavam vendo tv.
Lembrei-me que na noite do dia anterior havíamos resolvido ir para uma boate. Tive uma vaga de lembrança de que apenas havia me jogado na cama depois que chegamos.
Levantei-me e uma baita dor de cabeça me atingiu fazendo com que eu me sentasse de novo.
— Ai... que droga... — resmunguei levantando novamente e indo até o banheiro tomar um banho e escovar os dentes.
De banho tomado e dentes escovados, andei em direção à cozinha e vi Carmem comendo sozinha.
— Onde está Alícia?
— Foi para casa...
— Porque? — questionei preocupado pegando uma torrada para comer e me sentando à mesa.
— Ela sempre fica assim nessa data.
— Como assim?
— Foi o dia que nossa mãe morreu...
— Ah.... Sinto muito... — disse envergonhado.
— Não, tudo bem. Já faz muito tempo... — seus belos olhos verdes se concentraram no teto. — Amanhã ela aparece aqui, não se preocupe.
— Hm... — murmurei tentando conter minha curiosidade. — Mas ela vai ficar bem mesmo?
— Sim. Ela tem que superar também... — Carmem ficou em silêncio.
Meu corpo se coçava querendo saber o que houve com a mãe delas, mas seria falta de educação perguntar.
A ruiva olhou para mim e começou a rir, fiquei confuso e comecei a me limpar pensando que minha cara estava completamente suja.
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Brouillard
Mystery / ThrillerBrouillard é um restaurante famoso na cidade de Paris, mas sua fama nos últimos anos não se deu pela boa comida ou pelo adorável ambiente, mas sim por dois acidentes que aconteceram naquele lugar. Em 2014, o restaurante foi incendiado. Ao que tudo i...