Only Chapter

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Era uma noite como outra qualquer em NY. Farkle Minkus encontrava - se encostado em uma parede da casa de Maya Hart, no seu canto de sempre. Com uma expressão de tédio desde que chegara, amaldiçoava mentalmente todas as gerações dos Friar que poderiam ter existido na face da terra. Maldito Lucas, que tinha conseguido convencê - lo a ir em mais uma daquelas festas. Ele jurava que seria a última vez que acompanharia o melhor amigo, mas sabia que na próxima semana, Friar acharia algum outro motivo para chantageá - lo, como uma foto sua dormindo, e ele não teria escolha. O pior de tudo é que no minuto que eles passavam pela porta, Lucas sumia. Era sempre a mesma coisa. O garoto ia se agarrar em algum dos vinte cômodos da mansão Hart com Maya e não aparecia até o fim da festa. No dia seguinte, alegava que o único motivo pelo qual tinha beijado a menina era por estar muito bêbado pra pensar, quando a verdade era que ele não tinha ingerido nenhuma dose. Naquele dia então, ele estaria mais sozinho que nunca, já que Zay tinha ido pro Texas pro fim de semana, e só voltaria segunda feira. Rolou os olhos ao observar como o comportamento de todos parecia mudar quando estavam com um copo na mão. A única coisa boa dessas festas lotadas de pessoas superficiais era que ele conseguia ficar mais perto dela. Riley Matthews. Sua paixão desde que ele a tinha visto pela primeira vez, quando ela sentara do seu lado na aula de matemática, no 2 ano. Riley era como o sol. Sempre tão radiante, cheia de vida. Sempre iluminando todos os lugares que passava, e marcando as pessoas a sua volta. Ela era inesquecível. Riley era provavelmente o ser humano mais puro que já existiu. Se o mundo não recebia um de seus sorrisos pela manhã, o dia simplesmente não era o mesmo. Naquele momento, ela estava no centro da pista de dança, rindo inocentemente, se mexendo ao som da música que tocava. Inconsciente de toda a atenção que recebia, inclusive dele. Justamente por isso que Farkle sabia que ela nunca seria sua. Ela sempre fora a única entre todas as outras pra ele, mas ele nunca fora mais do que só um, nada de especial. Porém, aparentemente, o universo estava generoso, e aquela noite que havia começado como todas as outras noites de sexta feira teria um desfecho muito diferente.
Farkle não conseguia tirar os olhos dela, não importava o quanto tentasse. Deus, ele deveria estar parecendo tão creepy. Mas não podia evitar. Ela parecia tão... Mágica? Isso! Mágica. Era como se seus olhos fossem atraídos pelo magnetismo dela no instante em que ele adentrava a sala. Não duvidava que ela soubesse de sua quase obsessão. Perdido em pensamentos, Farkle pôde sentir alguém o observando, e quando virou para procurar, qual foi sua surpresa quando encontrou a dona dos olhos que ele tanto admirava, o encarando. No segundo seguinte porém, ela já estava rindo de novo com as amigas e ele não podia evitar pensar que tinha imaginando tudo. Ok, ele devia estar mesmo entediado pra pensar que Riley estava olhando pra ele. Andou até a porta de vidro, saindo da casa e sentando perto da piscina vazia, em busca de ar puro. Na tentativa de se manter são e longe de ilusões, fechou os olhos, tentando se concentrar em qualquer outra coisa. Por este motivo, não ouviu alguém se aproximar e se sentar ao seu lado:
- Olá! - Riley Matthews estava falando com ele. Farkle não fazia a menor ideia de como agir sem parecer uma menina de 12 anos apaixonada. - É... Desculpa te incomodar, é só que lá dentro está tão sem graça e você parecia tão em paz que eu não me segurei de vir até aqui e sentar do seu lado. - Claro que Farkle não falaria que o motivo de sua tranquilidade eram pensamentos sobre ela.
- Sem problemas, você não está me incomodando!
- Qual é o seu nome?
- Farkle Minkus. Você é a Riley, não é? - Como forma de responder sua pergunta, a menina abriu um dos sorrisos mais bonitos que ele já vira.
- Sou sim. Prazer em te conhecer, Farkle. - o menino nunca achou que seu nome soaria tão bonito saindo da boca de alguém - Você está na minha aula de história, não está?
- Estou sim. - uau, ele realmente não esperava que ela fosse reconhecê - lo. Mesmo que estudassem juntos desde sempre, ela parecia estar sempre em seu mundinho - Rileytown, como ele chamava - para notar as coisas que aconteciam à sua volta.
- Mas e ai, vai me contar o que quer que estava pensando que te deixou tão tranquilo?
- Só se você me responder uma pergunta. - tentou mudar de assunto, nervoso.
- Claro, por que não?
- O que você quis dizer com "lá dentro está sem graça"? Todas as vezes que eu te olhava, hoje e em outras festas, você parecia tão feliz. N - n - não que eu fique te observando, é lógico, mas...
- Tudo bem, eu entendi. - ela respondeu rindo - Bem, Farkle, eu acho que posso confiar em você.
- Pode, pode sim! - ele respondeu rapidamente, animado.
- Então tá - ainda rindo, ela continuou - O negócio é que eu nunca quis ser popular. Mas por algum motivo, as pessoas "gostam" de mim. Me convidam pra festas e tal. Me acham "digna" de andar com os populares. Então eu finjo estar feliz no meio delas. É bem solitário as vezes.
- E por que?
- Eu não sei? Eu só acho que gosto que as pessoas gostem de mim.
- Mesmo que você não goste delas?
- É...
- Talvez você devesse procurar por pessoas que gostam de você mas que você possa gostar também.
- Talvez. De qualquer forma, eu tenho a Maya. Isso basta. Sempre bastou e sempre vai bastar.
- Menos nas festas. - Farkle acrescentou, rindo.
- Menos nas festas. - ela riu, concordando. - Nessas ela fica com aquele seu amigo. Lucas, né?
- Isso. E aliás, Maya roubou ele de mim. Eu cheguei primeiro.
- Culpe aqueles olhos, aqueles braços, aquele sorriso... - Farkle não conseguiu impedir o monstrinho verde do ciúme de se agitar no seu estômago. - Palavras dela, é claro. Ele não faz bem o meu tipo. - ele sorriu aliviado ao ouvir a última frase.
- Acho que isso é uma coisa boa, já que Lucas só tem olhos pra Maya. Mesmo que ele nunca vá admitir isso. - Tudo que Farkle queria perguntar era qual o "tipo" da menina, mas nunca conseguiria sem ficar vermelho e gaguejar, então continuaria sem saber. Talvez isso fosse bom. Afinal, não teria que sofrer sabendo de quem ela gostava e como ele nunca estaria nessa lista.
- Se eu te contar que Maya também só tem olhos pra ele, você acredita? O pior é que ela tenta provar o contrário! Ela sempre diz que estava bêbada demais e só assim conseguia suportar até mesmo olhar pra cara dele.
- Eles se merecem mesmo. Friar diz a mesma coisa. Sinceramente, não sei porque eles ainda insistem nesse teatro, só falta os dois assumirem porque todo mundo já sabe que eles se gostam.
- Exatamente. Mas um dia eles vão ter que admitir. 
- A gente podia fazer alguma coisa pra ajudar...
- Gostei disso. O que você propõe, gênio do mal?
- Gênio do mal não... Só tentando ajudar um amigo. Mas vem comigo, a gente vai precisar de algumas coisas.
Meia hora depois, eles já tinham furtado o celular de ambos, Farkle já tinha passado uma mensagem pra mãe de Lucas dizendo que ele dormiria na casa do amigo e um bilhete tinha sido mandado por debaixo da porta - agora trancada. Tinham feito tudo que poderiam. Depois de organizarem todos os passos do plano, voltaram para a área da piscina. A festa ainda estava rolando e nenhum dos dois estava com vontade de participar e muito menos de deixar a companhia um do outro. Conversaram por horas a fio, sem nem verem o tempo passar. Até que finalmente, uma das "amigas" de Riley veio se despedir e eles lembraram que tinham que ir pra casa. A menina tinha falado pros pais que dormiria na casa de Maya, mas com certeza a amiga iria matar quem encontrasse pela frente ao acordar e perceber que estava presa com Lucas no quarto.
Antes de irem, se abraçaram para se despedir. O que no começo foi estranho, logo se tornou confortável e até mesmo, certo. Nenhum dos dois queria sair dos braços um do outro.
- Farkle - sussurrou Riley, de repente, quebrando o silêncio, e se soltando levemente para olhá - lo nos olhos. - Posso te contar uma coisa?
- Claro, Riles.
- Eu já sabia da sua existência antes de hoje.
- Eu sei? Nós fazemos a aula de história juntos. - ele respondeu, confuso.
- Não. - ela retruca, rindo. - O que eu quero dizer é que você não é o único que passava essas festas chatas observando alguém. - Como se pra não ver a reação dele, a menina abraçou ele novamente, dessa vez a sensação de certeza estando presente desde o começo.
​Farkle não respondeu mais nada, mas Riley sabia que ele estava sorrindo. Um pouco envergonhado por ter sido pego no flagra, mas nada como ser retribuído. Se soltaram devagar, prolongando a despedida. Quando finalmente foram embora, um para cada lado, ambos tinham apenas um só pensamento em mente. Dali pra frente, as festas não seriam mais solitárias. Ah, e precisavam lembrar de agradecer o - se o plano desse certo - casal de amigos.

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