Palestra Revolucionária
Metade do ano se foi e só restava mais metade para terminar o ensino médio. As férias de Julho apareceram para ele espairecer e pensar no que aconteceria com ele quando terminasse o ensino médio. Entretanto, André não conseguia decidir (no caso, achar) o que queria ser depois que terminasse os estudos.
Desde criança achava que seria um desenhista e tanto, mas quando o fenômeno natural chamado "crescimento" aconteceu, viu que os desenhos que fazia não eram muita coisa ― só sabia rabiscar, afinal. E com isso cresceu um medo em si, além da pressão de seus pais e irmãos, todos engajados em alguma coisa: seus irmãos mais velhos eram um professor de Educação Física que dava aula de natação, e o outro um músico que tinha um estúdio e trabalhava numa rádio, seus pais eram um Psicólogo e uma Dentista. Enquanto André não sabia mais fazer um desenho direito num papel em branco...
Na escola não era diferente. Todos os seus colegas comentavam que queriam ir pra tal faculdade, cursar y curso e ser m coisas no futuro. André tentava ao máximo fugir daqueles assuntos e até mesmo das pessoas na escola para não falar do desastre que ele era e que, provavelmente, se tornaria, caso continuasse com essa de ainda decidir no que queria se formar num futuro. E bom, ele não queria ser embalador de supermercado como seu professor de Matemática havia dito.
― Uma vez eu fui naquele supermercado do centro e vi um dos meus alunos embalando minhas compras. Misericórdia! Não tem coisa mais estranha que isso. É um trauma e vergonha horrível, que não quero mais sofrer. Nada contra embaladores de compras, mas né? Espero que essa turma, assim como o terceiro B e C, não me aprontem uma dessas.
Querendo ou não, aquilo o traumatizou também ― já havia visto amigos dos seus irmãos embalando suas compras. André não queria passar pela horrível experiência de embalar compras de conhecidos, e principalmente de algum professor, quando ele próprio podia fazer um curso e se profissionalizar em algo que dê realmente um futuro bom. Mas a questão era essa, ele não sabia o que queria cursar ou o que fazer. Havia o Enem, e por mais que achasse que não passaria, o que aconteceria se ele passasse? Iria para onde e fazer o que? Sabia que passando já era um caminho andado ― e dos grandes ―, mas se sentia inseguro só de pensar e saber que não tinha nada em mente, nada em que se encaixasse. E se escolhesse algo que futuramente não desse mais certo? Que não conseguisse gostar? Não sabia mais de nada.
Meses se passaram, e o final do ano letivo na escola chegou. Faltava apenas um mês para tudo acabar (ou começar) para André. Ainda deprimido pelos cantos, algo parecia que iria fazer tudo isso mudar: uma palestra sobre profissões na escola. A diretora Joana estava animadíssima, dizia ela também que a palestra seria revolucionária. E, mesmo escondendo isso por tanto tempo de seu melhor amigo Tiago, de estar indeciso em relação à faculdade, ele estava apostando todas as suas fichas naquela palestra, para que acendesse uma mísera faísca de luz em sua mente perturbada.
Pandora já não o incomodava tanto, aliás, nem tinha mais tempo de procurar seus perfis e ver a "novidade" do dia. Só sabia que ela tinha aberto um blog e uma conta no youtube para moda quando Tiago revelou que ela já tinha mais de mil inscritos ― o que não o incomodou dessa vez, já que estava lotado de deveres de casa (fora o fato de estar estudando também para o vestibular sozinho, sem Tiago, o cara mais inteligente que conhecia na escola, que era seu parceiro e seu melhor amigo).
Só havia dois momentos em todos os dias que ele parava para pensar em como Pandora o intrigava menos a cada dia: pela manhã na escola e pela noite em sua própria casa, quando a via pela persiana de seu quarto; a luz da tela de seu computador acesa e ela com o rosto grudado na tela.
A segunda feira chegou e a palestra também. Na noite anterior, não havia visto Pandora de sua persiana e nem naquele momento, justo na hora em que a palestrante entraria na quadra. Realmente Pandora não estava ali. Remexeu-se na arquibancada inquieto. Logo se ouvia a diretora falar, num palanque improvisado para aquele pequeno evento, algo sobre ficarem em silêncio, pois a palestrante já havia chegado e já estava se preparando para começar a conversar com eles. Todos deram total atenção a diretora, e em seguida Pandora apareceu. André sorriu, ficou feliz, mas em sua mente isso queria dizer que Pandora, alguém que ele achava que estava tão inseguro quanto ele em relação ao futuro, estaria presente numa palestra importante.
A viu subir no pequeno palco que fizeram para a tal palestrante subir e fazer o seu trabalho. Achou estranho, e, pela primeira vez, aquele "achar ela um pouco doida" parecia fazer sentido para ele novamente. Ela subiu, fez uma breve reverencia à diretora e depois para todos os alunos, recebendo em seguida o microfone da diretora. E então começou a falar.
O queixo de André caía aos poucos.
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Oi, galerinha xD
Não esqueçam que eu também posto no SocialSpirit e Nyah! Fanfiction, ok? Quiserem observar por lá, fiquem avonts.
Vocês poderiam dar aquela estrelinha e depois me contarem o que estão achando de André e Pandora. Sabe, a Dandan aqui não morde, mas se quiserem... HAHAHA qq
Beijos de marshmallows ;D
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Pandora Através das Meias ✅
Roman pour AdolescentsO que você vai ser quando crescer? André gostaria muito de que sua resposta de anos atrás, de quando ainda tinha sete anos de idade, fosse a mesma que responderia (ou melhor, mostraria) para a sociedade: queria ser um desenhista. Mas, com o pass...