Capítulo 9

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Mia

É esquisito acordar na manhã seguinte num quarto estranho.

Meu quarto, corrijo-me mentalmente.

Abro os olhos e sento-me ainda sonolenta, olhando em volta. As caixas desapareceram porque após voltar do meu passeio no jardim, eu mesma trabalhara o resto da noite para arrumar tudo.

Uma senhora simpática chamada Mary havia batido à porta e perguntado se eu queria ajuda.

–Erin pediu para vir ajudá-la. – explicara, mas eu declinara o oferecimento. A senhora parecia ser agradável, mas seus olhos estavam cheios de mal contida curiosidade.

E eu definitivamente não estava a fim de responder perguntas embaraçosas. Toda aquela situação por si só já era embaraçosa demais, na verdade.

Mas eu teria que me acostumar. E encarar corajosamente minha nova vida.

Com isto em mente, jogo as cobertas para o lado e me levanto, agradecendo a quem me colocara num quarto com banheiro próprio. Seria constrangedor ter que encarar alguém da família de pijama e toda descabelada àquela hora da manhã.

Me arrumo para ir a escola e pego minha mochila e meu ipod, saindo do quarto. A casa parece silenciosa quando desço as escadas até a cozinha.

Eu paro à porta ao ver duas pessoas ali. Uma delas é a empregada, Mary e a outra é Erin.

–Bom dia, Mia. Sente-se e tome seu café. Acho que tem escola, não é?

–Sim, tenho. – eu me sento meio encabulada, o que faz Mary e Erin trocarem olhares.

Erin se aproxima e senta a minha frente.

–Mia, esta aqui é sua casa agora. Pode se sentir à vontade aqui.

–Eu sei. – digo inquieta. – Obrigada.

–Eu estarei viajando hoje à tarde para o Aspen com Richard e quero ter certeza que ficará bem.

–Ah, tinha me esquecido que não moram aqui.

–Não moramos, mas Taylor e Denise lhe farão companhia.

–E onde elas estão? – na verdade não me interessa nem um pouco saber do paradeiro das irmãs chatas, mas me falta coragem de perguntar onde Lukas está, que é o que me interessa.

–Elas estão dormindo. Resolveram não ir à aula para nos acompanharem até o aeroporto. E Lukas já saiu há algum tempo.

–Tão cedo? – eu quase mordo a língua, mas sai sem querer.

–Ele costuma sair muito cedo quando está aqui mesmo. Mas já deve saber que na maior parte do tempo, ele fica no seu apartamento no centro.

–Sim, acho que ouvi algo sobre isto...

Eu tento analisar o que estou sentindo ao me dar conta mesmo que provavelmente não verei Lukas muito por ali.

Sinto um certo alívio. Mas sinto também pesar.

Eu me levanto e pego minha mochila e me dou conta de que não sei como vou à escola, já que meu carro ficou na casa da minha mãe.

–Já vai? O motorista está a aguardando em frente ao portão.

–Motorista?

–Sim, para levá-la à escola. Lukas deixou ordens sobre isto.

Eu quero dizer que não há a mínima necessidade de ser conduzida por um motorista, mas me calo, afinal, hoje acho que não terei opção.

Longe do Paraíso - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora