Antes de tudo, apresento-me aos leitores: Sou Hayl Papers e tenho, permanentemente, 18 anos. Permanentemente porque, como vocês viram na sinopse, sou imortal. Não faço a mínima ideia de como ou porquê, apenas encaro isso como um "castigo". Não possuo família, pois a única que eu já tive durante todo esse tempo faleceu, e eu decidi não passar mais por esse sofrimento; Então, moro sozinha em um apartamento e me viro por lá mesmo. Pago minhas contas pelo meu trabalho como atendente — mesmo sendo a dona — no bar do meu antigo pai, que ficou para mim como herança. Eu estudo numa faculdade de moda, aqui em Los Angeles. Meu turno lá é matutino, então tenho bastante tempo para tomar conta do bar de noite. Não penso em vendê-lo para ninguém, pois é uma das minhas lembranças da família.
Pelo que entendi como experiência de vida, eu "mudo" minha aparência para mais velha a cada 5 anos que se passam. Então eu poderia dizer que meu aniversário é a cada 5 anos.
Bom, apresento-lhes agora, minha vida.
***
Já era manhã de segunda-feira, e eu estava pronta para mais um dia de aula. Me levantei da cama e arrumei-a, logo depois separando minhas roupas e deixando-as acima do lençol. Tomei um longo e relaxante banho, sentindo cada gota se escorrer por meu corpo, deixando pequenas gotículas espalhadas pelo mesmo. A espuma na bucha fazia-me esquecer dos meus problemas por alguns segundos, tirando-me daquele mundo e trazendo cada vez mais leveza em meus braços e pernas. Aquele era o único momento no dia que me agradava de certa forma na qual me fazia relembrar apenas os detalhes bons da vida. Ao entrar no banheiro, eu me sentia calma e toda aquela energia negativa que percorria por minhas veias, ia embora junto com a água, para dentro do ralo. O dia podia ser o mais estressante possível, mas se tornava tranquilizante ao me lembrar que tomaria um banho quente depois de tudo isso.
Desliguei a torneira e fui para a pia, escovando meus dentes e lavando meu rosto. Passei o protetor solar para o mesmo e saí daquele cômodo. Abri as cortinas do meu quarto, brevemente fechando os olhos pela claridade do sol, e vesti minha roupa. Passei um perfume qualquer que estava encima da estante do meu quarto, e o creme para os braços e as pernas. Calcei meu All Star e saí dali. Fechei o apartamento e desci pelo elevador, chamando um táxi ao sair do prédio.
Minha personalidade era um pouco diferente. Eu tinha cabelos curtos, que batiam no ombro, e era alta. Em questão de gostos, eu curtia músicas calmas e, em maioria, que envolviam violão. Não usava maquiagem, ou fazia qualquer tipo de química em meu cabelo; para mim, tudo havia de ser natural, assim como sempre fomos. Sim, eu gostava da natureza, das plantas e animais que nela viviam. Isso me trazia tranqüilidade, equilíbrio mental e psicológico. É claro, havia uma pitada de radicalismo em tudo isso: eu gostava de rap, também.
A única coisa que eu fiz em meu corpo que não o deixava natural, é colocar aparelho dental. Usei quando era mais nova, por questão de ética mesmo; Me sentia incomodada com meus dentes.
Los Angeles com certeza não era a cidade para pessoas que preferiam a natureza, e o silêncio da vida; porém, eu gostava de lá porque foi onde nasci e conheci minha antiga família, minhas raízes viviam ali.
O táxi me levou até a faculdade, onde parei e observei o local. Não era volta às aulas, nem algo do tipo, eu só era acostumada a observar aquele movimento todos os dias e me perguntar o que fazem estas pessoas quando não estão aqui. Era como tradição fazer isso. Entrei em minha sala, que ainda estava vazia, e me sentei na cadeira dos fundos, como de costume, colocando meus fones de ouvido em seguida e apertando o play na música "Obstacles - Syd Matters".
Haviam apenas duas pessoas, além de mim, naquela sala. Um em cada lado da mesma. Era uma garota ruiva, dos olhos verdes e cabelos longos, roupas hipsters e uma pequena tiara de flores; e um garoto, que se vestia da forma mais simples que existe. Eu diria que ele era "o normal" naquela sala.
Não tenho amigos por esta sala. Apenas uma colega — podendo ou não assim dizer — que estuda à um período a mais que eu. Ela almoça comigo, e me acompanha quando vou embora. O estilo dela é resumidamente, radical. Ao olhar para suas roupas, percebe-se que ela é skatista.
Aqui na faculdade as pessoas são muito diferentes. Cada um possui sua personalidade, seu estilo, criatividade, que inspira em suas roupas, com quem anda, como anda etc. Mas não é mais do que se espera de uma faculdade de moda. Todos criativos.
Não que eu tenha me "identificado" com Tessa, minha amiga skatista, mas ela tem umas opiniões legais e é bem sincera. É com esse tipo de gente que eu quero andar. A única coisa que não gosto em sua aparência são suas tatuagens e seu cabelo roxo, muito desnaturado.
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Descanse em Paz #Wattys2016
Random"Descanse em Paz" conta a história de uma garota imortal, na qual passa por muitos problemas e acompanha todas as mortes de todos os seus amigos/entes queridos. Ela precisa superar e encarar isso de outra forma, enxergando sua missão ali e...