— Bom, pestes, hora de iniciar a aula. — Disse Mr. Finn, se apresentando e fechando a porta ao seu lado.
Pude perceber duas pessoas correndo em direção à sala, mas pararam no exato momento em que o Professor John Finn bateu a porta. Apesar dele ser grosso às vezes, ele tentava ajudar os alunos, mas quando se discutia sobre regras de escola, ele cumpria-as com o maior prazer. Todos sabíamos que ele fazia aquilo tudo por obrigação, e era "grosso" daquela forma para fazer graça. Eu gostava dele profissionalmente, porque ele era um dos poucos que me faziam entender sua matéria. Alguns, eu precisava pesquisar tudo sobre o assunto discutido no dia para entender.
Como de costume, o auditório estava lotado. E claro, divido em panelinhas por todos os cantos, e eu, como sempre, fiquei no fundo sozinha. Minha intenção naquele lugar, ou em qualquer outro, nunca foi fazer amizades, já que isso poderia me trazer desvantagens devido minha imortalidade. Eu apenas sou educada com aqueles que me chamam, mas não gosto de aprofundar nenhum relacionamento.
Era o meu primeiro período naquela faculdade e eu era uma das mais "novas" naquele auditório. Logo, nunca tive nada com nenhum garoto ali. Já percebi interesse em alguns ao olharem para mim, e fui chamada pelos mesmos para algumas festas, como: Travis, Kalil e Kyle; mas como nunca me interessei por festas — ou até por eles —, não aceitei. São bonitos, mas é aquele lance de beijar e cair fora. Eu odiava isso. Na atualidade chamam de "garoto-galinha". Até estranhei no começo o pedido de Kyle, porque ele tem uma voz e um jeito bastante gay — nada contra os gays, Kyle que é nojento mesmo —, talvez seja porque ele anda com uns garotos populares, como Luke, Will e Tom, e não quer "tirar sua reputação", ou talvez "sujar sua imagem". Não gosto dele.
A aula havia acabado e Mr. Finn abriu a porta, vendo uma avalanche de alunos pendurados na mesma, caírem no chão. Deviam estar escutando o que Professor John dizia, e anotando em seus cadernos, mesmo fora da sala. O que era um ato de admiração por Finn, pois além de sua matéria ser complicada, a atenção era seu principal requisito dentro de sua aula. Vimos aqueles alunos se levantarem e se guiarem até seus lugares, perguntado à pessoa que estava sentada ao lado, o que faltou para copiar, ou o que perdeu da aula.
Agora seria o pequeno intervalo de cinco minutos. A faculdade tinha umas regras estranhas, como: a cada aula passada, cinco minutos de intervalo. Assim, não precisaria perder tanto tempo em um intervalo só, gastando tantos minutos juntos. Saí da sala e me sentei na mesa de costume do refeitório. Lá eles serviam pequenos lanches para aliviar a fome até acabarem todas as aulas. Senti a presença de alguém ao meu lado, olhando para o mesmo e vendo Tessa me encarando.
— Hey. — Eu disse.
— Hey! — Ela parecia feliz. Difícil de se ver em uma garota com aquela personalidade.
— O que aconteceu? — Perguntei, curiosa.
— É que na minha turma tem uns skatistas. Eles são legais.
— Que bom que finalmente encontrou alguém que se identifique. — Respondi, sorrindo.
— Ah, qual é! Corta essa. Não sou tão idiota assim. Acha que eu iria te deixar para encontrar com mais gente igual a mim?! — Disse ela, me dando um leve empurrão com os ombros. — Só achei alguns deles gatinhos.
Ri de seu comentário.
— Você vai à festa da Tynna? — Me perguntou.
— Não.
— Ora, por quê não? Vamos lá, não venha com essa besteira de "não curtir festas". — Deu ênfase à última frase, usando as aspas com os dedos da mão. — Isso é desculpa para você fazer mais desses seus rituais-naturais no seu quarto, trancada.
Ri mais ainda. Tessa sempre dizia que eu fazia rituais da natureza em casa quando eu recusava sair com ela, ou com qualquer pessoa.
— Vamos, por favor. — Insistiu.
— Penso no seu caso. — Respondi, por fim. Vi sua pequena comemoração ao meu lado.
Talvez seja legal ir à uma festa. Só espero que não aconteça o que aconteceu na primeira/última vez.
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Descanse em Paz #Wattys2016
Random"Descanse em Paz" conta a história de uma garota imortal, na qual passa por muitos problemas e acompanha todas as mortes de todos os seus amigos/entes queridos. Ela precisa superar e encarar isso de outra forma, enxergando sua missão ali e...