Untitled Part 1

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Prelúdio

Estávamos sentados em um tapete, todo ornamentado com fios de ouro, creio eu, pelos Artesãos dos Templos Suspensos.

- Na verdade, é de origem ancestral! - Alertou-me o ancião que, de início, pareceu-me uma pessoa de confiança.

No tapete, quadrado, havia imagens que simbolizam diversos significados. Sempre separados de quatro em quatro, me lembrava até um mapa. Há ciclos eu fora expulso de minha primeira escola, onde talvez tivesse tido algumas aulas sobre a origem e uso do quadrante mágico. Mas, nesse momento, olhava para aquelas imagens, tentando lembrar-me como poderiam se relacionar.

O básico eu sabia, representavam os quatro pontos cardeais, as quatro estações do ano, as quatro fases da lua, os quatro elementos da natureza, mas havia diversos outros símbolos ligados ao número quatro. Minha cabeça ainda doía e estava completamente fora de cogitação, naquele momento, eu tecer qualquer ideia de quais seriam.

O ancião à minha frente, depois de uma prece numa língua que desconheço, enfim se levantou e fez questão de buscar, sem a ajuda de um serviçal, uma pira de fogo, usada para acender aquecedores d'água. Desmontou outro artefato bem peculiar, em três ou quatro partes. Tal qual um Alquimista, gerou fogo num estalar de dedos e despejou a água sagrada que, de certo, fora colhida de uma das nascentes de alguns rios que deságuam por toda parte nas encostas daquelas montanhas ao redor, chamados Rios que São Muitos.

Enquanto despejava a água no recipiente, o ancião contou-me, em pensamento, e me perguntei como é que ele fazia aquilo, que era "necessário resguardar-se de qualquer sentimento que provoque desequilíbrio, pois tudo ao nosso redor está intimamente conectado...".

E completou, dessa vez em voz alta:

- A água absorve todo o fluxo de névoa de nossos profundos sentimentos. Devemos purificar os nossos corações, e mentes, antes de colocar água para ferver. Também podemos fluidificar a água para usar como medicamento.

O Líder Ancião dos Templos Suspensos do Leste, meu anfitrião, também me disse, afastando-se: "o ideal é não misturar as ervas antes que a água ferva, pois o fogo condensa o sabor no ar, que evapora nesse cheiro familiar que se dispersa pelas terras montanhosas ao redor".

Montanha Mágica. Esse era o nome que identificava, internamente, um dos locais considerados sagrados, localizado ao leste do nosso mapa. Talvez o último reduto seguro desse Reino.

Levei vários ciclos lunares para descobrir como chegar até ali. Quando saí de casa, não tinha todas as coordenadas necessárias. Apenas as direções abscissas. Faltavam-me as direções ordenadas. Trazia comigo algo de valor inestimável. E só encontrei a entrada para um dos vilarejos, dentre às encostas, graças a um guardião local que, percebendo não representar perigo para os aldeões, conduziu-me montanha adentro.

Meu filho e eu viajamos léguas, por entre abismos e florestas, antes de chegarmos próximos à Montanha Mágica. Encontrava-me tão cansado, com minhas energias completamente exauridas. Quando, do outro lado do portal montanhoso, moças do vilarejo viram uma criança em meus braços, com seus olhos brilhantes e firmes, sem aparentar nenhum cansaço, elas não puderam avaliar de que modo conseguimos chegar ali, vindos de tão longe.

Imediatamente, levaram meu filho de mim, "para cuidados iniciais necessários". E, assim que elas tomaram de meus braços minha criança, apaguei, desmaiei.

Eu estava praticamente morto.

*

O que sobrou de mim foi levado à presença do Líder Ancião daquela comunidade. Que cuidou de minha alma e corpo por um tempo que eu não soube precisar. Mas sei que senti febre e terríveis dores de cabeça do início ao fim de meu tormento.

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⏰ Última atualização: Aug 18, 2016 ⏰

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