O dia passa devagar. Demasiado devagar.
Chego a casa e não vejo ninguém. Subi para o meu quarto e atiro-me para a cama. Estranho não estar ninguém em casa. Pego no telefone e ligo ao meu pai.
"Estou? Pai?"
" sim Kyla. Diz." A voz dele está estranha... parece que andou a gritar.
"Onde estás?"
"Estou a caminho com a mãe. Chegamos
Aí num instante." A voz dele! Meu deus! Estava completamente diferente! A mãe deve ter estado a gritar com ele. Discutem muitas vezes...
Finalmente chegam a casa.
"Então? Como foi o dia?!" Tento soar divertida para desanuviar o ambiente mas não resulta. Estamos a jantar à bastante tempo e ninguém disse nada ainda.
"Perdi o apetite. Desculpa filha" a mãe
Levanta-se.
"Não vais assim embora!" Exclama o pai
"Desculpa?"
"Podes estar chateada comigo mas isso não implica que prejudiques a tua filha por não jantares com ela." Se isto se chamar jantar.
"Desculpa Kyla. Importas-te que a mãe se vá deitar. Não me estou a sentir muito bem."
"Claro mãe vai." Desde que não se chateiem mais. Acrescento na minha cabeça.
Ela vai e eu fico sozinha com o pai.
"Porque é que se chatearam?" Pergunto
"Coisas de adultos"
"Por favor! Eu tenho 15 anos. Já não sou nenhuma bebé!"
"O mesmo do costume. O trabalho." Eles trabalham no mesmo sítio e não sabem separar a vida pessoal da profissional.
"Vocês são mesmo totós!"
"Eu sei..."
"Vou me deitar."
"Vai lá."
Dou-lhe um beijo de boa noite e subo para o quarto. Odeio quando eles estão chateados.
Demoro tempo a adormecer, mas o sono vence.
Mais um dia...
