Romão e Julinha

CENA V

ROMÃO - Julinha.

JULINHA - Romão, você voltou.

ROMÃO - Sim, pra te ver.

JULINHA - Você já me viu, bem de perto.

ROMÃO - Quanto mais te vejo, mais quero ver.

JULINHA - Dançamos juntos.

ROMÃO - Foi delicioso.

JULINHA - Uma valsa. Como era?

ROMÃO - Era assim. (Assobia).

JULINHA - Psiu! Quietinho.

ROMÃO - Ninguém ouvirá. Só nós.

JULINHA - Oh! Romão. Há tanto perigo, Tanta coisa entre nós dois!

ROMÃO - Nada que eu não possa vencer.

JULINHA - Há guardas por toda parte.

ROMÃO - Não tenho medo.

JULINHA - Mamãe mandará prender você. Tome cuidado.

ROMÃO - Não quer que eu seja preso?

JULINHA - Claro que não.

ROMÃO - Mas eu queria estar preso

JULINHA - Como?

ROMÃO - Preso em teus braços.

(Julinha desaparece da varanda, encabulada. Romão recomeça a cantar, JULINHA volta e ouve, enlevada. Subitamente, aparece o Ministro, acompanhado dos guardas.)

MINISTRO - É ele! Peguem esse gato!

JULINHA - Romão! Cuidado!

MINISTRO - Não deixem ele escapar.

JULINHA - Romão! Fuja! Romão!

(Quer precipitar-se, é segura por Arabela, que a leva para dentro).

ROMÃO - Julinha. Onde está você?

MINISTRO - É agora! Está cercado. Gatos brancos! Agarrem esse amarelo duma figa.

(Os gatos saltam sobre Romão e o agarram).

ROMÃO - Julinha!

RAINHA (entrando) - Que barulho é esse? Nem posso digerir o meu jantar.

MINISTRO - Prendemos o gato farsante, Majestade.

RAINHA - Ah! O amarelo! É um impostor.

ROMÃO - Não fiz mal a ninguém, Majestade. Eu não cometi nenhum crime.

MINISTRO (a Romão) - Silêncio!

RAINHA - Sabe qual é o castigo para o seu atrevimento? Você será expulso do meu reino. Será exilado para muito longe. E para sempre. Se tentar voltar, irá para a prisão. Para o resto da vida.

MINISTRO - Assim será feito. Guardas! Levem esse gato amarelo até as fronteiras do reino. Vamos!

ROMÃO - Adeus, Julinha!

(Sai, levado pelos guardas. Julinha assoma tristemente ao seu balcão)