A Secret

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Clary Pov

- Clary. - Minha mãe disse calma e com um olhar distante. - Lembra daquelas histórias que eu te contava quando você era criança? - Passo minha língua por meus lábios secos e mordo o meu lábio inferior.

- A mulher escolhida para liderar os anjos em uma guerra contra Abaddon? Lembro... Por quê? - Ela suspira pesadamente olhando para janela.

- E se eu te dissesse que aquilo não era só uma história? E se aquilo realmente tivesse acontecido? - Minha mãe voltou a olhar pra mim, eu estava completamente sem reação. - O que diria se eu te contasse que a garota humana que só queria voltar para sua família e que lutou naquela guerra era eu?

- E-eu... - Um pequeno fio de voz escapou baixinho por entre os meus lábios, eu... Não sabia com reagir. Abaixei a cabeça e meu cabelo escorregou por minha pele escondendo o meu rosto.

- Filha. - Minha mãe segurou a minha mão e eu levantei a cabeça um pouco olhando pra ela, meu cabelo cobria a maior parte da minha vista. - Eu sinto muito por tudo o que você passou, os pesadelos, as visões... Eu sei o quanto isso é horrível. Queria que você não tivesse que passar pelas mesmas coisas que eu passei mas... Isso esta além do meu alcance. - A ouvir suspirar mais uma vez percebi o quanto ela estava se sentindo culpada.

- Por que nunca me contou? - Falei de maneira quase inaudível. Ela deu um riso sem humor.

- Eu não fazia ideia de como contar. Rezava para que você nunca tivesse que saber sobre isso. - Minha mãe brincalhona e louca da cabeça, a única mãe que eu conhecia, não estava mais ali, tentei imagina-la como uma guerreira como a heroína daquelas histórias que minha mãe me contou, por algum motivo eu não queria pensar nela daquela maneira.

- Meu pai sabe? - Murmurei e por um segundo pensei que ela não tivesse ouvido, seus dedos apertaram os meus fortemente.

- Eu... Tentei contar. Mas eu fiquei maluca depois de tudo aquilo. Ninguém acreditou em mim, nem mesmo seu pai. Não o culpo por isso. A ignorância humana é uma benção, sinceramente, hoje fico aliviada por ele não ter acreditado. - Ela respirou fundo e focou seus olhos nos meus. - Só quem já viu pode acreditar.

Lentamente faço que sim com a cabeça. Se eu não tivesse pesadelos com isso desde criança e não tivesse visto aquela coisa eu também não teria acreditado. Fechei os olhos e respirei fundo tentando digerir a informação. Minha mãe não disse nada, ela entendeu que eu precisava de um tempo para digerir aquilo. Depois de alguns minutos, levantei a cabeça.

- O que vai acontecer agora?

- Isso depende de você. - Disse calmamente, podia sentir seus olhos claros me estudando.

- De... mim? - Perguntei incerta levantando a cabeça.

- Não só de você é claro. - Ela se reclinou para trás apoiando o peso nos braços e tombando a cabeça. - Depende de muitos fatores, a maioria além do nosso alcance. Mas o principal é você. Só você decidi o que vai acontecer daqui pra frente.

- Mãe... O que exatamente esta acontecendo? Quem... o que esta atrás de mim? - Podia sentir um nó apertando a minha garganta.

- Sinto muito querida. Não tenho as respostas para a suas perguntas. - Suspirei e deixei meu corpo cair para trás, minhas costas atingiram levemente a cama. Ficamos em silêncio por algum tempo, podia sentir engrenagens girando na minha cabeça, tentando encaixar todas as peças desse enorme quebra-cabeça. Isso parecia impossível.

- Dona Agatha disse que você tem pintado muito ultimamente, e também que anda conversando muito com um passarinho branco. - Falo em um tom baixo com meus olhos fechados.

- Tenho que por essas coisas pra fora de alguma maneira. Se não fosse a arte, eu provavelmente estaria bem pior. - Abri os olhos e virei a cabeça vendo minha encarar alguns quadros cobertos por panos do outro lado do quarto. Decidi não fazer mais perguntas.

- Eu... acho que vou pra casa. - Me levanto lentamente e me coloco de pé.

- Descanse um pouco querida. E se você se sentir sozinha, procure apoio nas pessoas ao seu redor. Você sempre teve um dom para se aproximar de pessoas boas. - Minha mãe não disse mais nada depois disso. Eu podia sentir que realmente não havia mais nada para se falar.

Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora