Já fazia uns 13 minutos dentro do carro, o silêncio era angustiante.
-Paulo.-Falei. Sem resposta.-Paulo. PAULO.
Desisto.
-Arruma o retrovisor pra mim, por favor.- Diz ele alguns minutos depois.
Quando precisa da valor, né?
-Só se você me responder.
-Então não arrume, se você estiver disposta a morrer.
A alguns anos atrás eu estaria.
-Paulo. -Falei arrumando o retrovisor.
-O que?-ALELUIA.
-Você está bravo comigo?
-Você se importa que eu esteja?- Ele responde com um tom frio.
-Não... Sim.-Aff.- Não realmente por você estar bravo. Mas eu odeio quando as pessoas ficam bravas comigo.
-Mesmo que não goste, você é muito boa em fazer as pessoas ficarem bravas com você.
-Por que você esta bravo?
-Talvez porque você me bateu na frente da minha família?
-Só por isso?- Ele não responde.-Paulo. Paulo. Paulo.
-O que?
-Hein? Nada não, só achei seu nome legal. Seu pai tem razão, parece Paola.
- Realmente.-Ele sorri.- Não tem como ficar bravo com você por muito tempo.
-Meu irmão sempre diz isso.- Sorrio também. -Desculpa.
-Pelo o que? -Ele pergunta, confuso.
-Por eu ter te batido na frente da sua família.
-Ah, eu já tinha esquecido.
Olhei pela janela, parecia estar muito tarde.
-O que foi?- Pergunta o garoto.
-O meu irmão deve estar preocupado.
-Deve estar, mas a culpa é dele, por te deixar sozinha naquela sorveteira.
-Tem razão, mas ainda assim ele vai querer discutir com você.
-Então é melhor eu me preparar para a bronca.
Voltamos a ficar em silêncio, mas agora não era angustiante. Não tinha um clima tenso, más um clima bom. Eu me senti feliz por isso.
- Seu sorriso é lindo.- Disse o Paulo.
-Hein?- Então eu percebi que estava sorrindo. - É aqui.
Disse apontando para a minha casa, tentando disfarçar o ocorrido.
Ele estacionou o carro e eu desci.
-Então... Tchau?- Falei indecisa.
-Você acha mesmo que eu não vou esperar você entrar nessa casa?
-Se o Caíque te ver...
-Ele vai me xingar um monte, eu sei. Mas eu aguento.
Bati na porta, já que eu estava sem a chave.
Meu irmão abriu a porta e eu vi alguns policiais do lado de dentro da casa.
Antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo ele começou a gritar comigo.
-VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO AGORA, PAOLA?- Ele realmente estava bravo.- JÁ É QUASE MEIA NOITE, O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO?
-Não grita comigo Caíque. -Falei calma. -Foi você quem me deixou sozinha.