Capítulo 2

155 2 0
                                    

E não é preciso ser Sherlock Holmes ou seja lá que for para descobrir que Alicia era uma garota importante para mim. Mas fico feliz por existirem coisas que vocês não sabem e não podem sacar. São coisas esquisitas. Que eu saiba, são coisas que em toda história do mundo só aconteceram comigo. Se vocês conseguissem sacar tudo a partir daquele primeiro capítulo, eu começaria a me preocupar. Talvez eu não fosse uma pessoa incrivelmente complicada e interessante, ha ha...
     Essa época em que as coisas estavam indo bem foi há dois anos. Eu tinha quinze, quase dezesseis anos. E não quero me lamentar, nem que vocês tenham pena de mim, mas essa sensação de que minha vida era legal foi uma novidade para mim. Eu nunca havia sentido isso, e na verdade jamais senti depois. Não estou dizendo que eu era infeliz. É que antes sempre havia algo errado, em algum lugar....alguma preocupação. (E como vocês verão, houve bastante motivo para preocupação depois, mas ainda vamos chega lá.) Por exemplo: meus pais estavam se divorciando, e viviam brigando. Ou então já havia se divorciado, mas mesmo assim ainda brigavam, porque eles continuaram a brigar muito tempo depois de se divorciar. Ou eu não ia bem em matemática...detesto matemática. Ou queria sair com alguém que não queria sair comigo...
     Tudo isso meio tinha clareado de repente, sem que na verdade eu notasse...como acontece com o tempo às vezes. E naquele verão parecia que a gente tinha mais dinheiro. Minha mãe estava trabalhando, e meu pai não vivia tão irritado com ela, o que significava que ele estava nos dando o que deveria dar o tempo todo. Portanto, sabem como é...isso ajudava.
  Para contar esta história direito, sem tentar esconder coisa alguma, há algo que eu preciso confessar, porque é importante. É o seguinte: sei que parece idiotice, e geralmente não faço esse estilo. É sério. Quer dizer, eu não acredito em...sabem como é...fantasmas, reencarnação ou outras paradas esquisitas como essas. Mas isso foi simplesmente uma coisa que começou a acontecer, e...tanto faz. Vou contar logo, e podem pensar o que quiserem.
  Eu converso com Tony Hawk, e Tony Hawk me responde. É bem provável que alguns de vocês, as mesmas pessoas que é capazes de pensar que eu perdia meu tempo sentado ao redor de uma fogueira no meio do mato, jamais ouviram falar em Tony Hawk. Vou contar quem ele é, mas sou obrigado a dizer que vocês já deveriam saber. Não conhecer Tony Hawk é como não conhecer Robbie Williams, ou talvez até Tony Blair. Se a gente pensar bem, é pior do que isso. Porque existem montes de políticos, montes de cantores e cetenas de programas de televisão. Provavelmente George Bush é até mais famoso quanto Tony Blair. E Britney Spears ou Kylie são tão famosas quanto Robbie Williams. Mas só existe um skatista, na verdade, e ele se chama Tony Hawk. Está bem, não existe só um. Mas ele é sem dúvida O Cara. Ele é o J.K Rowling dos skatistas, o Bic Mac, o Ipod, o X- Box. Só quem não liga a mínima para skate pode ter uma desculpa aceitável para não conhecer TH.
  

SlamOnde histórias criam vida. Descubra agora