Tudo ou nada

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{ Meu coração acelerou imediatamente, pois era minha liberdade que estava em jogo agora}

[...] Bom, pelo menos uma das qualidades de meu pai, (e, ele tem qualidades! São poucas, mais tem) se e que esse ser tão arrogante e ignorante posso chamar de pai.
Por mais que esse homem, o mais cruel e esnobe que seja, ele e meu pai e isso não tem como mudar, infelizmente não.

- Garota, acorde não vou te chamar de novo ja esta na hora de ir a escola.

- Bom dia pra voce tambem, guto

- Da proxima vez que voce me chamar pelo meu nome, eu juro que arranco esse seu cabelo falso, ja te disse que sou seu pai! Agora desce e vai fazer o meu cafe.

Olhei-o com uma expressao de raiva, e logo em seguida a vontade de chorar, pois esse e o meu ponto fraco, meu cabelo!
A uns anos atraz, uns 2 meses apos a morte de minha mãe, foram os meses que meu pai foi mais cruel comigo, me trancando em casa de noite e saindo para curtir, me deixando com fome algumas vezes, e me colocando para fazer os serviços de casa. Esse foi o período mais sofrido de minha vida e como eu era muito nova ainda, eu fiquei muito traumatizada com tudo isso, fazendo com que eu arrancasse uns fios de cabelo na hora da raiva e ficasse com muitas falhas na cabeça, por isso uso aplique.
Rapidamente, ele desceu as escadas e eu me levantei da cama, fui ao banheiro do meu quarto, escovei meus dentes e entrei diretamente na agua fria, deixando qualquer tipo de impureza de meu corpo descer pelo ralo. Sai do banho, vesti minha calça jeans, meus all stars pretos e a blusa da escola. Penteei meus longos cabelos castanhos ( Sendo aplique ou não ele e meu sim! ) peguei minha mochila e desci as escadas dando uma leve bocejada.
- Demorou tanto! Tava fazendo o que?
- Nada que seje de sua conta! Me poupe de suas baboseiras, estou cansada! Cansada de tudo isso, cansada dessa casa, cansada de você, cansada de viver!
- Voce ta muito nervosinha, ne? So de castigo por ter respondido de mal jeito o ''papai'' que voce tanto ama, voce vai ficar em casa e deixar a casa brilhando pro ''papai''.
- Porque voce vai fazer isso? Quer sua casa brilhando? Contrate uma empregada! Voce não e tão rico assim?
- Para que eu contrataria uma empregada se eu tenho voce? Quando eu chegar aqui eu quero essa casa brilhando porque se não voce vai me pagar.
Terminando essas palavras tão ofensivas a mim, ele trancou toda a casa e me deixou la, sobria e com um ar de tristeza no rosto e ofendida, acredite, eu fiquei ofendida pois imagine um pai tratar uma filha como uma empregada.[...] Por mais que a maioria dos adolescentes não gostem de ir a escola, eu gosto! Pelo menos la, eu falo com a galera, minhas amigas, somente elas me entendem! Você  deve estar pensando como sou boba, que poderia ja ter fugido da escola ou algo do tipo, mais acredite, eu ja tentei de tudo mais parece que não tenho mais forças, parece que a vida não faz mais sentido, hoje eu tive a plena certeza que a morte e mais facil que a vida. Não adiantava eu tentar fugir da escola, pois eu, por mais que esteje no ultimo ano colegial ele deixou claro na escola que não poderia sair, somente acompanhada dele. Ele para seu trabalho, para ir me buscar na escola, parece que ele tem prazer de me vigiar 24 horas por dia. E imagine, tem decepção maior do que com 18 anos seu ''papai'' te levar e buscar na escola?? Acho que não!
Então, comecei o trabalho, arrumei a casa inteira, e deixei o quarto dele por ultimo, pois e quando eu estou com mais raiva. Abri o seu guarda- roupas, e comecei a cuspir em suas roupas, abri sua gaveta do canto, e ao abrir escutei um barulho. Repeti o movimento e escutei o barulho novamente. Quando coloquei minhas mãos por baixo vi uma chave reserva que por coinhecidencia era a chave de minha casa! Meu coração acelerou imediatamente, pois era minha liberdade que estava em jogo agora. Ou vai, ou fica.
Não pensei duas vezes e num pulo larguei tudo que estava a minha frente e fui correndo para meu quarto pegando somente minhas peças mais importantes de roupas e alguns objetos pessoais. Enganchei a chave na porta que dava acesso ao imenso quintal e sai correndo com minha mala e uma mochila ate o portão que dava acesso a rua. Dessa vez, coloquei a outra chave e rodei a maçaneta logo abrindo o portão sai pela rua sentindo o cheiro da brisa daquela tarde chuvosa. Logo sai, pela rua sem rumo ate que escuto um barulho, parece uma buzina. Uma carona, talvez? Olho para traz e não acredito no que vejo!

Excluida da SociedadeWhere stories live. Discover now