2 - Juntos, podemos montar um megazord e derrubar todo tipo de preconceito

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Haviam se passado dois dias.

A chuva tinha ido embora, porém o sol continuava a se esconder entre as nuvens. A meteorologia previa uma tempestade para o fim de tarde e Leon imaginou que o termostato da Terra estivesse quebrado. Ele se sentia leve, como se tivesse tirado um demônio das suas costas e pudesse, enfim, dançar.

Na escola, notou que Karen cortou seus cabelos lisos um pouco abaixo dos seus ombros. Ela não voltou a falar com ele e a sua avó ignorava-o, olhando torto. Preferiu deixar assim. Forçar uma reconciliação só as distanciaria mais ainda.

A professora Sandra já estava na sala.

— Aos amantes da sociologia e de como eu leciono as aulas, terão que esperar mais algum tempo para estudarmos um pouco mais sobre a sociedade. Precisamos formar a comissão da formatura. Serão necessárias cinco pessoas para formar a comissão.

— Eu sabia que seríamos prejudicados com isso — Leon virou-se para Cida, sussurrando. O cabelo crespo da sua amiga estava erguido para cima, preso num coque imenso, como sempre esteve. Cida apenas revirou seus olhos em resposta.

A professora caminhava entre os alunos, falando.

— E como vivemos em uma democracia, haverá candidatos e haverá votações. Alguém se voluntaria para concorrer? — a professora parou em frente ao quadro negro, pondo-se diante da sala.

Andressa foi a única que levantou a mão, um tanto tímida.

— Só a Andressa? Vocês não querem se formar, pessoal? Vamos lá, aproveitem a oportunidade de se irritarem por pouco coisa. Quando vocês tiverem a minha idade, verão que nada do que vocês estão vivendo se comparará com o que viverão — a professora deu as costas para a sala, escrevendo o nome da aluna no quadro negro. — Acho que conjuguei o verbo "viver" equivocadamente — sussurrou para si.

— Pode por meu nome também, professora — a sala virou a atenção para um dos meninos.

— Me desculpe, mas eu não tenho memória de golfinho. Qual seu nome mesmo?

— Kieran.

— Ah, você é filho daquela moça que queria que você tivesse nascido nos Estados Unidos.

A sala inteira riu, incluindo o Kieran.

— Mais alguém? — ouve silêncio. — Vocês já foram muito mais empenhados.

— Eu quero! — Leon se voluntariou, mesmo sabendo que não ganharia, afinal, só era notado em sua classe quando apresentava algum trabalho, ele gostaria de está por trás da festa de formatura.

Cida deu um beliscão no amigo e Joaquim virou-se para seu lado, atônito. Leon apenas ignorou-os. A professora perguntou mais algumas vezes se algum aluno queria se candidatar e disse que caso não, quem deu seu nome já estaria automaticamente na comissão.

— Vou perguntar mais uma vez: alguém gostaria de se voluntariar para participar da comissão da formatura?

— Eu! — Kael ergueu sua mão, surpreendendo a todos. O menino que não conversava com ninguém, se voluntariou. Seu pulso trazia uma pulseira de couro marrom e ele vestia um fino casaco listrado.

Sandra agradeceu a ajuda dos alunos e convocou-os para uma reunião na sala de reuniões. Ordenou o restante dos alunos a lerem um dos capítulos do livro enquanto ela estivesse fora. A sala de reuniões tinha uma mesa onde estavam cinco alunos do outro terceiro ano, além do professor Henrique, de geografia.

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