Minutos depois, quando os irmãos de Isadora já haviam
comido, fomos para um terreno próximo à sua casa cercado
por plantas espinhentas.Para entrar era preciso se agachar e Isadora sabia
direitinho o caminho como se ela pudesse enxergar.
Após atravessarmos aquelas plantas espinhentas
chegamos a um jardim de flores.
— É aqui! — falou Isadora.— Nossa, que lindo!
Daguerré ficou encantado com aquele jardim. Era um
dos luares mais lindos que ele já tinha visto. Parecia estar no
céu! Dizia ele.Isadora caminhava por entre as flores citando o nome de
cada uma delas. As flores pareciam responder fazendo
movimentos como se estivessem felizes com a presença da
garotinha.O cheiro do jardim fazia o jovem caminhar em passos
lentos no meio das rosas.Isadora parecia levitar com o aroma trazido pelo vento
suave, sacudindo seu vestido.— Você parece uma fada Isadora! —falou o rapaz!
— Você acha?
As horas pareciam não passar, para quem estivesse
naquele lugar. Era encantador! Só mesmo Isadora tinha
acesso. Era maior que dois campos de futebol e no centro
existia um pé de tamarindo.— Aquele é meu amigo! Ele que faz essas flores
nascerem, tem poderes de realizar os meus pedidos, quando
peço lá do fundo do coração! — falou Isadora apontando para
o pé de tamarindo.— Então porque não pede que lhe faça enxergar?!
Isadora lhe contou que era o único pedido que ele não
podia conceder.A árvore era como um amigo mais velho que
sempre nos momentos de tristezas e quando queria ficar só,
tinha ele como conselheiro.— Como você faz para ouvir a seu amigo?
— Eu ponho o ouvido bem encostado no tronco e escuto
seus conselhos!E assim encontrava respostas para os momentos difíceis
que a pequena tinha. E não eram poucos, pois além de ser a
mantenedora da casa, não tinha tempo para brincar com
outras crianças e seu padrasto sempre lhe roubava suas
poucas moedas.Luiz Daguerré se despediu, chamando-a de fada. Isadora
agradeceu o apelido e se comprometeu de ir para a praça
vestida como se fosse uma.— Vai aumentar as vendas, você vai ver Isadora!
— Vê como se sou deficiente visual!
— Ha,ha! É verdade, mas um dia vou te doar uma coisa
que tenho que você vai poder vê!
— E o quê é?— Minhas córneas! — falou o jovem rapaz sentindo que
a partir dali havia nascido um amizade onde ele estaria
disposto a ajudar a menina do jardim encantado da Várzea.— Se algum dia não suportar os problemas em minha
vida e a tristeza por acaso me visitar, pedirei ao meu amigo
tamarindo que me transforme numa fada! — acrescentou
Isadora crendo que Daguerré estava acreditando em sua
conversa.
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ISADORA a Fada da Matriz
RomanceISADORA a Fada da Matriz, traz a estória de uma garotinha cega, que vendia flores para sustentar sua família. Isadora morava num casebre com seus dois irmãos pequenos, sua mãe e seu padrasto alcoólatra que sempre lhe roubava o dinheiro das vendas...