Ainda no dia anterior, não se falava em outro assunto na universidade. A dupla de assassinos Gregorvich e Bremmen havia sido vista no prédio da arqueologia. Pouco depois disso, a polícia e até pessoas do exército foram vistas circulando pelo campus. Quando soube do ocorrido, Masha Flammoc teve um mau pressentimento. Não conseguia concentrar-se nas atividades de sua pesquisa pensando em Bremmen e no fato de ter colaborado para o assassinato do Grão Mestre Exul, um de seus queridos professores, anos atrás.
– Droga! – jogou o experimento de lado muito irritada. Era o terceiro que perdia naquela tarde.
– Srta. Flammoc, por que não tira o resto do dia para descansar? Parece que hoje o trabalho não está rendendo. – sugeriu o professor Zatchev, sem olhar para ela diretamente.
– Droga, professor! O que há comigo? – ela tirou os óculos de proteção do rosto.
– Parece distraída, Srta... Por que não me ouve e vai descansar um pouco? Tem trabalhado muito duro nas últimas semanas.
– Ah, tudo bem, professor. Acho que vai ser melhor isto que torrar mais um circuito.
– Descanse e retomaremos o trabalho depois.
Masha irritou-se ao lembrar que os próximos dois dias eram folga de final de semana. Temia não cumprir o prazo. Temia perder a verba para a renovação do projeto de pesquisa caso os resultados não ficassem prontos a tempo.
Masha desceu as escadas, pois não gostava de usar elevadores. A área de estacionamento atrás do prédio da Engenharia Taumatológica ainda estava lotada de carros, mas não era difícil encontrar o seu. Um velho Thonva verde.
Masha abriu o carro e jogou a papelada no banco do passageiro. Sentou-se, ajustou o retrovisor e então gritou ao perceber que havia um homem recostado no banco de trás.
– Shh. Quieta, Masha, sou eu, Halle Bremmen.
– Bremmen? De jeito nenhum! – a pesquisadora não reconheceu suas feições e sua fala estava lenta, sem energia e um tanto distraída.
– Estou usando um disfarce: loção taumatônica. – explicou.
– Bremmen, é você mesmo! – observou-o melhor e constatou – Você está sangrando!
– Eu tô muito ferrado...
– Está mesmo, está cheio de polícia atrás de você! Como pôde matar o Mestre Exul? – ela apertava o couro do encosto do banco com força, seus dedos brancos pelo esforço.
– Você tá maluca? Não matei ninguém. Caímos numa cilada. Fomos incriminados.
– Maluco é você! Como resolveram vir logo aqui na universidade?
– O tonto do Ilya foi descoberto, mas não importa. Temos que dar o fora daqui. – Halle fazia uma careta de dor.
– Nada disso! Você é que vai sair do meu carro.
– Masha, não faz isso. Eu te imploro. – Halle tocou-a nos ombros.
A pesquisadora assustou-se, pois a temperatura da mão de Halle era altíssima. Ela virou-se e colocou a mão na testa dele. Estava ardendo de febre.
– Você está com a maior febre!
– Deve ter sido a mordida do cão infernal.
– Cão infernal?
– Escuta, Masha, não dá para ficar discutindo aqui. Você tem que nos ajudar. Tem muitas vidas dependendo disto.
– Como assim?
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Os Óculos Indesejados de Ilya Gregorvich
Ciencia Ficción🏆 VENCEDOR "THE WATTY 2019" NA CATEGORIA FICÇÃO CIENTÍFICA 🏆 Ilya Gregorvich tem uma mente brilhante para matemática, pulou o ensino médio e foi convidado a ingressar na universidade. Sofre, em segredo, por ter uma doença terminal. Tudo que ele q...