Lá fora estava frio, mas... mais suportável do que a vergonha que eu havia passado, só conseguia me lembrar de minutos atrás quando o João Pedro me convidou para dançar. Parecia o conto de fadas da Cinderela quando o príncipe a convida para dançar na frente de todos no palácio e todos ficaram admirados... pena que eu saí correndo antes da meia-noite e não deixei meu sapatinho para trás, porque aí, quem sabe meu príncipe também viria atrás de mim.
Ora, o que eu estava pensando? o João Pedro não é o meu príncipe. Onde estava com a cabeça de pensar algo assim, ou melhor, por que estava pensando nisso? nada mais fazia sentido, meu estômago estava embrulhando e minha cabeça girando. Nem consegui perceber o momento que ele apareceu e se aproximou, e me perguntou o motivo de eu ter saído correndo, claro que eu não afirmei estar envergonhada e lhe disse que só estava cansada de dançar, era óbvio que estava mentindo pois mal havia começado a dançar com ele, mas isso não importava. Naquele momento, eu sabia que havia algo ali, o jeito que ele falava, o jeito que me olhava, tinha que haver algo pois era muita magia no ar para ser apenas pó de fada.
Aqueles sorrisos, aqueles olhos que brilhavam quando nos encontrávamos, que lindos eram aqueles olhos castanhos claro, brilhavam tanto quanto as estrelas de uma noite incandescente, e aquela cor que não se sabia definir quando se aproximava, aqueles olhos eram tão grandes que era impossível ver outra coisa a não ser o seu próprio reflexo refletidos neles, aquele cabelo liso cor de mel e o sotaque do interior que me alucinava e fazia girar a minha mente de tão lindo que era, era engraçado e diferente de um jeito bom, nunca tinha ouvido um sotaque desses, nunca havia conhecido um garoto como ele .
Seria errado dizer que descobri naquele momento, que todo esse tempo, que todos esses pensamentos e irritações eram um modo de proteção contra ele? porque sem dúvida alguma eu estava completamente apaixonada por ele, não sabia se era paixão, mas gostei de pensar que sim. Não fazia a menor ideia do que fazer naquele instante, ele estava bem ali na minha frente, e como se lê-se a minha mente perguntou-me se eu tinha algo que gostaria de dizer, e eu imóvel ali, não conseguia pensar direito. Será que digo para ele que estou apaixonada por ele? e se ele se assustar e deixar de ser meu amigo? e se pior, e se ele quiser ser só meu amigo?
Foram tantos " e se " que a única frase que pulou da minha boca, não fazia o menor sentido, e como me arrependo de tê-la dito.
- Gosta de nozes ?
Gosta de nozes? por favor, será que era tão complicado dizer "eu estou apaixonada por você !" assim? talvez sim, ou talvez não. Só tinha certeza de duas coisas naquela noite, primeira : eu estava apaixonada pelo meu vizinho; e segunda : eu não fazia a menor ideia de como dizer isso para ele, eu nunca havia gostado de ninguém antes. Ele fazia as minhas pernas estremecerem e isso não era um sinal bom, ou será que era? de qualquer forma, eu sabia no que estava me metendo ... em uma tremenda confusão ... sem sombra de dúvidas.
E o silêncio reinou ali por 5 longos minutos que não passavam de maneira alguma, minha sorte foi os pais dele terem o chamado para ir embora em seguida, e aquela angustia passou. Eu nunca tinha passado por uma situação como aquela e a única coisa que eu queria era a minha casa, sim, chega de festa e emoções .
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Lembranças de Um Eterno Amor
RomanceRomance. Conta a história do primeiro amor de uma garotinha de 11 anos e as tramoias e armadilhas do início da puberdade emocional. Ficou curioso(a)? Então vem dar uma espiadinha na história ! ;)