Prólogo

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"Por quê? Mas...Porquê?"

-Mãe! Por que eu não posso ter doze Barbies favoritas?- Perguntou Verônica durante um dia descontraído de férias. Sua mãe Ângela, solteira e jornalista formada, adorava quando sua filha iniciava os questionários infantis, afinal, ela era repórter! Entendia como ninguém o desejo de perguntar coisas estranhas.

-Naquele filme da barbie, são doze princesas bailarinas, e a senhora disse que gosta de todas elas igualmente.- Prosseguiu com sua argumentação a pequena e indignada Verônica de 8 anos. Sua mãe tentava a convencer de doar as bonecas para uma criança necessitada, mas a garota veio dizendo que não doaria suas bonecas favoritas. Olhe só!

-Meu chuchu, a vida é assim. Você só pode ter um marido, uma vida, uma cor favorita e isso também serve para sua bonecas! Nós devemos desapegar das coisas que não nos fazem bem, querida. Você por acaso cuida das bonecas, todas elas? Você ainda brinca com todas? Não, mas pode haver outra criança, que não tem boneca alguma, que ficaria muito feliz em receber um presente de uma garotinha tão legal quanto você.

Verônica ficou em silêncio, apenas observando os olhos inteligentes e azuis de sua mãe.- Tudo bem, então. Mas vamos logo com isso,antes que eu pense em desistir.

Ângela teve um pequeno sobressalto e uma pontada de orgulho inundou seu coração.

Quando se separou do abusivo pai de Verônica, imaginou que seria um enorme sacrifício criar uma criança sozinha, mas tudo correu tão bem que ela chegava a suspeitar. Tinham comprado uma casa num bairro calmo de São Paulo dois meses depois dela ter arrumado um emprego maravilhoso de repórter na globo, matriculou Vê em uma escola particular das boas e até fizeram um dia de compras no shopping.

Mas oque Ângela não imaginou, foi que um concelho que poderia ter sido jogado ao vento por Verônica, foi oque reverberou noite após noite nos ouvidos da garota. "Nós devemos nos desapegar das coisas que não nos fazem bem."

A-não-mais-tão-criança-assim-Verônica começou a doar sapatos velhos, roupas usadas,bonecas ,brinquedos do McDonald's do tempo do onça, poster's de bandas esquecidas, fitas de filmes chatos e até os livros jogados em um canto esperando para serem lidos algum dia pelos netos dela. Não é mais útil? Lixo. Não me faz bem? Ha-ha,Lixo!. Tudo a partir daquele dia.

Mas logo na sua primeira desilusão amorosa,no 5ºano, com um menino chamado Bruno, ela reparou que a sua cultura do desapego não serviria para duas coisas: Amores e dores.

E esse foi um dos piores momentos para ela. Porque ali, chorando no banheiro feminino após o garoto ter dito que não a amava também, ela já sabia que o futuro não seria nada diferente daquilo se ela não tentasse mudar aquela mania.

A mania  de se apaixonar. Era quase como um encantamento mágico inquebrável.

Maldita mania.

Como tentou mudar. Procurou a solução em todas as alternativas possíveis,mas, por fim decidiu só seguir com o curso da vida, e quem sabe, ignorar esse fato que a perseguia. Mas não funcionou tão bem assim.

Ela só sentiu.

E nunca mais parou.

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