O caminho até a escola é meio esquisito. Praticamente não tem uma alma viva sequer. Ouço a voz do vento, o balançar das folhas, mas nenhuma pisada, voz ou até mesmo o barulho do motor de um carro. Todos os dias é assim. Até me sinto bem em andar por aqui. A estrada é feita com pedras de paralelepípedo, juntinhas uma perto da outra, as vezes não tão juntas mas sempre ali. Hoje está sendo um pouco diferente, ouço passos perto de mim, mas olho em volta e não vejo ninguém.
-Será que estou ficando louca?
Pergunto a mim mesma e continuo minha caminhada, não quero chegar atrasada.
Ouço uma voz. Uma voz masculina, a voz do pesadelo. Paro imediatamente, minha respiração fica ofegante, sinto a expiração de alguém em minha nuca, um cheiro forte de sangue invade minhas narinas.-Olá princesa, lembra de mim?
Aquela voz tenebrosa, sem dúvida alguma é ele, o monstro do pesadelo. Meu coração bate forte, minha respiração falha e então me viro para ter certeza.
Mantenho meu olhar para baixo, assim pude ver os cascos no lugar dos pés, vi também a ponta das asas negras e em seguida olhei o rosto. Era o mesmo rosto, só que dessa vez tinha uma grande cicatriz em seu rosto horrendo, ela vinha de sua sobrancelha e parava em sua boca. Um dos chfries estavam pela metade, quebrado, cerrado talvez? Provavelmente.-Você...
-Sim, eu existo e estou aqui para levá-la de volta ao inferno, a Rainha está te esperando.
-Eu não vou a lugar algum, você é só um fruto da minha imaginação.
Fechei os olhos, tentando tirar ele de minha mente, mas sou trazida para o mundo real quando sinto algo pontudo encostar em minha bochecha. Abro os olhos e vejo que ele estava me tocando com uma de suas garras. Meu coração acelera e estou com medo. Muito medo.
-Vamos lá princesa, você vai se divertir muito conosco e... Merda! O que você quer aqui Mizael?
Uma luz forte surge a alguns metros atrás do monstro, não consigo ver o que há naquela luz, mas me sinto protegida.
-Deixa-a em paz Caifás, você não tem o direito de chegar perto dela, vá agora!
A voz da luz parece com vários sinos sendo badalados ao mesmo tempo. Não sei porquê mas, me sinto protegida, mas ao mesmo tempo com muito medo. Quem ou o quê é aquela luz?
Ouço uma voz em minha mente, era como a voz da luz forte atrás do monstro, eles estavam dialogando em uma língua que não conheço, mas entendo perfeitamente.
A voz em minha mente me diz algo meio que já esperado quando se encontra um monstro e uma luz estranha. Dá até para pensar que morri e aquela é a luz a qual devo seguir.-Grite o mais alto que puder e fuja! Agora!
Assim que a voz parou, meus joelhos dobraram um pouco e uma brisa fria passou por mim, meus lábios se separam e gritei. A terra tremeu, o vidro das janelas explodiram e o monstro tapou os ouvidos. Assustada comigo mesma, viro-me na direção contrária ao monstro e corro, corro como se estivesse prestes a ficar em primeiro lugar em uma corrida. Quando dobro a esquina e me aproximo da escola ouço o som de uma explosão. Uma explosão como aquela de filmes de ação. Abaixo-me e tapo os ouvidos.
-Meu Deus!
Grito e sinto duas mãos apertarem meus ombros e me balançarem. Tiro as mãos de meus ouvidos e olho atordoada para a pessoa. É Jéssica, minha melhor amiga. Pelo menos eu achava que era, ela foi uma das pessoas que falaram que eu fui a culpada do acidente com o Gabriel. Me levanto e a encaro, ela está com outras garotas, provavelmente suas novas amigas. Ela ri para mim como se eu fosse uma louca de hospício, será que só eu ouvi?
Talvez ela tenha razão em me olhar dessa forma, eu posso estar realmente louca.

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Amaldiçoada
ПриключенияDianna não sabe que caminho trilhar, luz ou trevas? Como saber qual seguir se ela faz parte dos dois mundos? Nem sempre a na luz vive os bondosos, como nem sempre nas trevas os maldosos. Apenas uma escolha significa o futuro do mundo humano, que ago...