O hospital está meio vazio, acho que os pacientes não tem muitos familiares que possam se importar com o bem estar deles.
Estou na recepção, parada na frente do balcão, com o cotovelo apoiado no mesmo. Estou aguardando a recepcionista me entregar um crachá de visitante para que eu possa entrar no leito em que Gabriel está hospitalizado.Terceiro andar, quarto 666. Bato na porta, esperando que ele esteja acordado.
A enfermeira me disse que ele já havia saído do coma, mas que precisava descansar e se estabilizar um pouco. Adentro o quarto tendo em mãos um cravo vermelho, está um pouco morto graças ao calor que está fazendo. Me sento em uma poltrona ao lado de sua maca e fico olhando para o cravo, que já não estava mais meio morto, ele tinha ganhado mais pétalas, uma tonalidade de cor mais pura, e um perfume maravilhoso.
Fico um pouco assustada com aquilo e coloco o cravo em um copo com água que estava na bancada ao lado da maca, bem próxima da cabeceira da maca."Você pode curá-lo!"
Ouço uma voz em minha mente, olho para a porta do quarto mas ela está fechada, e não tem ninguém ali. Olho para Gabriel, que está em um sono profundo, profundo demais.
A máquina que mostra os batimentos cardíacos dele para de apitar, e fica fazendo aquele barulho sem parar.Piiiiiiiiiiiiiiiiiiii(...)
Ele morreu...
Não pode ser!
Isso é mal, não, isso não pode...
Olho novamente para a máquina e planejo gritar. Gritar alto como se eu estivesse sentindo alguma dor. Na verdade eu estava, mas não era uma dor que doía muito como uma dor de cabeça, ou dor de barriga. Mas uma dor inconsolável, uma dor que só Deus poderia curar.
Ao invés do meu corpo, meu coração doía como se estivesse sendo perfurado por várias lâminas quentes.Senti uma brisa entrar no quarto, olho em volta, mas a porta e as janelas estão trancadas.
"Toque no peito dele, você pode salvá-lo!"
Ao ouvir aquela voz em minha mente novamente, sinto meu corpo se mover contra minha vontade, meu braço estica até chegar em cima do peito. Minha mão se abre e pousa no peito de Gabriel, uma luz brilha fraca e Gabriel abre seus olhos.
Não sei se sorrio ou choro. Como fiz isso?
Será que sou algum tipo de mutante como os X-men?
Ele me olha assustado, pega minha mão e a aperta com força, seus olhos começam a ficar marejados. Ele abre a boca para tentar falar, mas não consegue.-Fique calmo Gabe, você está bem, estamos bem!
Meus olhos ficam marejados e algumas lágrimas de felicidade escorrem pela minha bochecha. E cá estou eu chorando de novo.
-E... Eu te a... amo... eu t... eu...
Coloco meu dedo indicador na frente de seus lábios, impedindo-o de falar. Acho que ele não deveria se esforçar tanto.
Um sorriso começa a se formar em meus lábios e olho para a maca. Tem um pequeno espaço, acho que se eu me esforçar e ter o máximo de cuidado para não machucá-lo, poderei me deitar ali com ele. Mas ele não está mais ferido, pelo menos seu rosto e seus braços não tem mais ferimentos. Não sei se a parte de seu corpo coberta por um cobertor de Star Wars está ferida, mas prefiro pensar que sim. Tiro meus calçados e subo na poltrona ao lado da maca. Me apoio ela e assim consigo subir na maca, e com uma certa dificuldade consigo me deitar e colocar minha cabeça deitada em seu peito.-Eu também te amo Gabe!
Fecho meus olhos e sinto a brisa novamente, dessa vez, uma brisa que me deixa agradavelmente bem, e sinto que meu coração está completo. Meu namorado está bem, meus pais estão vivos, e descobri que tenho algum tipo de esquizofrenia.
Dou uma pequena risada, e pego no sono. Ao invés de rodeada por chamas, estou rodeada de flores do campo. Gabe está comigo, e estamos felizes.

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Amaldiçoada
AdventureDianna não sabe que caminho trilhar, luz ou trevas? Como saber qual seguir se ela faz parte dos dois mundos? Nem sempre a na luz vive os bondosos, como nem sempre nas trevas os maldosos. Apenas uma escolha significa o futuro do mundo humano, que ago...