Dias difíceis

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15 de outubro de 2014.
Mais de um mês tentando lidar com a perca, meus amigos sempre me dizendo que iria passar, e não, não iria passar.
O ódio agora tomava conta de mim , e eu só pensava em vingança, era tudo o que eu mais queria.
Não adiantava fazer terapia, nada ia amenizar a dor que eu estava sentindo.
E mais dias se passavam, e minha personalidade mudava cada vez mais. Mais um dia normal, e tenho que suportar perguntas e mais perguntas da minha psicóloga/psiquiatra, ah, fala serio...
Chego no consultório, já pronta pra usar meu sarcasmo e minha ironia, de que estava tudo bem, quando na verdade, nada estava bem.
- Como está indo às coisas?
Disse minha psicóloga com um tom preocupado e misterioso.
- Ah, nunca fui acostumada a fazer nada sozinha, nem mesmo tomar banho, minha mãe sempre me ajudava, nem que seja pra levar a toalha.
(Digo com um tom de sarcasmo.)
- É pois é, realmente não consigo ver necessidade de você continuar com a terapia, parece mesmo que você superou, ou talvez esteja tentando, ou mesmo se enganando.
- Eu não sei porque comecei fazer terapia, minha mãe morreu, isso já faz meses, não vou ficar parada olhando para o tempo e relembrar todo dia que me levanto, daquela cena que eu presenciei, é hora de seguir, e vou seguir da maneira mais extraordinária de todas, agora eu vou viver!
Me levanto na cadeira e sigo pelas portas onde encontro Richard que olha no fundo dos meus olhos e diz:
- Lauren, vi que hoje era seu horário e vim te ver, como anda as coisas?
- É Richard, é estranho, mas to bem, isso me deu forças pra coisas que eu nunca tive coragem de fazer ou dizer.
- Como assim? Você fez algo?
(Diz Richard com um olhar desconfiado.)
- Ainda não, meu caro amigo, ainda não.
Saio rapidamente e sorrindo.
No caminho vejo um grupo de garotos rindo e me olhando, furiosa digo:
- Qual é a de vocês? Perderam alguma coisa?
Um cara de aparência bruta, e com um olhar sério vem em minha direção, pega no meu braço de forma forte e diz:
- Fala sério mocinha, você pelo menos sabe com quem está falando?
- Não, não sei. E aí vai ficar segurando meu braço assim ou quer logo me dar um soco?
O garoto então ri e logo solta o meu braço e diz:
- Por mais louco que eu sou, eu vejo guerra no seu olhar, e não nega, eu sinto mais do que uma garota mimada, eu sinto ódio em teus olhos.
O garoto me encara por alguns segundos e sai andando dizendo:
- Volta pra casa mocinha, aqui não é lugar pra você não, a não ser que eu tenha certeza do que falei.
Meu coração estava disparado, arrumei meu cabelo e segui rumo a minha casa.
Não consegui tirar aquelas palavras da minha mente, foi intenso e sentia que aquilo era um caminho para seguir. Eram quase meia noite, peguei minha bolsa, botei um moletom e sai.
Segui por aquele caminho denovo, confesso que estava um pouco com medo, mas eu sentia que aquilo podia mudar minha vida e respirei fundo e continuei andando. Começo ouvir vozes, e risos, e vejo a mesma turma de um pouco mais cedo ali, o garoto me olha, levanta e vai até mim e diz:
- Ou você se perdeu ou eu tinha razão.
- Antes de tudo, me diz seu nome.
O garoto dá um trago em seu cigarro e joga no chão, sorri e diz:
- Meu nome é Nate Wilk, e o seu?
- Lauren.
O garoto me olhava de um jeito constrangedor mas não vou negar, era uma coisa de outro mundo.
Ele pega minha mão e me puxa em direção a galera. Todos estavam alterados, cigarros e maços pra todo lado, bebidas jogadas e celulares.
Nate me olha e pergunta:
- O que te fez vir aqui? Aceita um cigarro?
Não consegui negar peguei o cigarro e acendi. Olhei para os olhos dele e disse:
- Minha mãe foi assassinada, pouco mais de um mês, e isso me destruiu, nada que eu fazia adiantava. Depois que você me disse aquilo, eu senti que algo podia mudar.
Nate tira uma arma de dentro do bolso, meus olhos palpitaram e meu coração acelerou.
- Calma moça, apenas a segure.
Colocou a arma em minha mão me olhou por segundos e disse:
- Eu sinto aí dentro de você, que você não é uma pessoa mal, mas eu também sinto que você está esgotada, e que esse "brinquedo" que está em sua mão, seria sua vontade de usá-lo para vingar a morte de sua mãe.
Eu suspirei, e disse:
- Sim, é minha maior vontade, eu posso ficar para mim? Por um tempo? Eu prometo que devolvo.
Nate me olha e balança a cabeça dizendo que sim.

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