Cicatrizes & Hematomas A Menina Vingativa

Roxo escuro: o tom da loucura

-Isso é realmente necessário? Pergunto pela centésima vez ,enquanto caminhamos pela calçada movimentada da cidade. Lojas de roupas, perfumes e tantas coisas mais.

-Você sabe que é, então pare de perguntar.

Reviro os olhos e abro a porta para ela passar.

-Boa tarde em que posso ajudar? Pergunta um homem de meia idade com cabelos grisalhos brilhando por conta do excesso de gel e camisa social branca.

-Queremos um belo corte de cabelo e tintura pra mim, e um corte de cabelo para ele apontando pra mim e sorrindo. Diz Felícia circulando pelo local e se sentando em um sofá de couro preto.

Olho para ela sem entender, ela aponta para a cadeira do cabeleiro e sibila: sente ai e se comporte.

-Vamos começar por você meu jovem. Sento na cadeira um pouco receoso, sem querer imaginar o que esse homem vai fazer no meu cabelo.

-Espere! Felícia vem em nossa direção e diz algo no ouvido do homem,ele sorri e se vira para a mesa e pega seus utensílios e sinaliza com o dedo para que eu gire a cadeira.

-Queremos que seja surpresa.

Depois de uma meia hora, e vários tufos de cabelo,e que viram a cadeira e eu consiga enxergar meu reflexo: um corte de rico, com um topete cheio de gel.

Reviro os olhos e saio da cadeira,seguindo as instruções de Felícia (ela anda meio mandona ultimamente) vou para uma loja de grife do outro lado da rua, e compro algumas peças seguindo  novamente as recomendações dela.

Depois de algumas horas, Felícia entra na loja totalmente irreconhecível: os longos e castanhos cabelos dela,agora são uma simples lembrança, agora estão escuros como os meus e curtos, um pouco acima dos ombros,antes lisos,agora ligeiramente ondulados.

Suas vestimentas também são novas: um vestido justo que vai até  os joelhos roxo escuro, no pé um scarpan preto. Eu seria um mentiroso de não dissesse que ela está linda atraente, porém perigosa logo trago de lembrar que ela ainda é uma menina, não mais inocente e ingênua como imagino que era.

Saimos de lá e fomos até o restaurante do hotel que estamos hospedados, Felícia fez a reserva com nomes falso, segundo ela não daria margem para perguntas.

A partir de hoje eu me chamo Aleixan Bordon, namorado de Natasha apenas Natasha.

Entro no quarto parcialmente iluminado e percebo que só há uma cama, procuro ao redor algum sofá mas não encontro. Como se adivinhasse meus pensamentos Felícia diz- Sim, aluguei um quarto que houvesse apenas uma cama. E não me olhe assim, que eu saiba namorados dormem na mesma cama.

Ela da os ombros e se volta para sua mala.

-Não nós.

-Não nós? Felícia repete a pergunta como se não entendesse.

Aponto para a cama e esclareço-Nós não vamos, você sabe fazer. Gesticulo sem parar como se fosse um adolescente inexperiente.

Felícia solta uma risada e confirma com a cabeça, provavelmente rindo de mim.

-Certo entendi o recado. Ela se vira para o banheiro e concluí antes de entrar. Entender não significa obedecer. E fecha a porta atrás de si.

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Rolo na cama diversas vezes que até perco a conta, o medo do que Felícia planeja contra Evon. Mas o que me aflinge mais do que isso é sonhar com ela, mesmo depois de tanto tempo, ainda sofro com o que aconteceu.

Levanto do emaranhado de lençóis que estou e percebo que o espaço ao meu lado está vazio, olho para o banheiro e vejo ela escorada na pia com um papel e uma caneta.